O que dizer do concerto de Sérgio Godinho, com Capicua, do passado sábado, na Festa do Avante!? Foi em crescendo, agarrando a multidão e fazendo dela, e com ela, coro. Sentem-se as décadas em cada fibra de Godinho, um orgulho, sente-se a bela passagem de testemunho para Capicua e para tantas outras. Sente-se que foi “o primeiro dia do resto da nossa vida”. Sentiu-se, sentir-se-á para todo o sempre.
O que dizer da apresentação do livro Cinema e Dialética, de Sérgio Dias Branco? Talvez possa parafrasear o Padre António Vieira: compreendem-no os que não sabem e têm muito que compreender os que sabem. Um velho perguntou francamente: explicas-me isso da dialética? E ele explicou tão bem, mas tão bem. Os muitos jovens também ouviram, com toda a atenção. E “quem quer mandar uma mensagem não faz cinema, envia uma carta”: há mais, muito mais, para lá da mensagem na arte em movimento histórico, aprendi.
O que dizer da feira do livro e do disco, da comida deliciosa nos pavilhões de Coimbra e da Madeira, das horas de conversa bem regada, dos encontros fraternos, das pessoas que já não via há décadas e que nem sempre reconheço à primeira, da memorável intervenção de Manuel Loff sobre política de memória de abril, das bancas da cidade internacional, onde não estamos sós, dos doces que esgotaram logo no meu turno em Coimbra, no final da Festa? “Lamento, mas já não temos o delicioso arroz doce”.
O que dizer, o que fazer? Sempre as mesmas questões. Haja esperança nas respostas da ação coletiva, deste coletivo, condição necessária, embora naturalmente não suficiente, para qualquer alternativa digna para este país. E, sim, precisamos de ir escrevendo um romance do comunismo em Portugal, talvez sem tantas mágoas, ao contrário do norte-americano. Afinal de contas, neste país houve uma revolução democrática e nacional.
Não há Festa como esta!
ResponderEliminarQuanto mais achincalharem, menosprezaram e ofenderem os comunistas, mais bela, humana e fraterna será esta festa!
ResponderEliminar