Quando se tentam recuperar as declarações da ministra da Juventude e Modernização numa entrevista à SIC Notícias a 1 de agosto, na qual Margarida Balseiro Lopes reconhece que os apoios aos jovens (os que podem) na compra de habitação poderiam fazer subir o preço das casas, constata-se que o título da notícia foi entretanto alterado (tal como o texto da ligação para a mesma, como se pode comprovar aqui).
De facto, onde antes se lia «Governo admite que apoio à Habitação Jovem tenha "efeito marginal" e faça subir ainda mais o preço das casas», passou a ler-se «Compra de casa: apoios a jovens "não são bala de prata" mas "um primeiro sinal", diz ministra».
O que terá levado à alteração do título (sem notificação, à data de hoje, das razões dessa alteração)? A franqueza inoportuna, para o governo, da ministra Balseiro Lopes? Um critério jornalístico que atribui maior relevância à noção (óbvia) de que não há uma medida única para resolver a crise? Não sabemos. O que sabemos é que se registou, no segundo trimestre do ano, a maior subida trimestral do preço das casas desde que há dados disponíveis (2009).
Tal não traduzirá apenas, seguramente, o «efeito marginal» das medidas orientadas para os jovens. Mas pode muito bem refletir o início do efeito cumulativo de vários «efeitos marginais», associados à inversão das políticas para o setor, por um governo que aposta no mercado para superar a crise, promovendo lógicas de desregulação e de subsidiação, com previsíveis efeitos contraproducentes.
E ainda não regulamentaram o crédito à habitação jovem, nova edição do crédito bonificado, que apesar de tudo sempre ajudaria alguma coisa. Será que alguma vez vão, ou será tudo fogo de vista com a ambição final de subir ainda mais os preços?
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