O Portal da Transparência do SNS transformou-se, com o atual governo, num portal da opacidade. Dificultando, por exemplo, o acompanhamento da evolução de diversos indicadores, como sucede no caso dos serviços de urgência, (cujos mapas a ministra tentou, num momento inicial, ocultar), em que a informação diária se volatiliza, como o Expresso, aliás, oportunamente assinalou (ao deparar-se com a dificuldade de demonstrar que as urgências obstétricas fechadas aumentaram, em 40%, face a 2023).
Nas comparações que vão sendo possíveis, apesar da volatilidade da informação (que deixou de ser sistematizada pelo ministério de Ana Paula Martins), o acréscimo de encerramentos confirma-se, contrariando a ideia de que a situação atual foi meramente herdada do anterior governo, por mais que as dificuldades já existissem. De facto, quando se compara a situação das urgências de ginecologia e obstetrícia na Região de Lisboa e Vale do Tejo, no período de 8 a 14 de agosto, em 2023 e 2024, o aumento dos encerramentos torna-se incomparavelmente maior e mais crítico.
De facto, se em 2023, no conjunto de dias considerado (8 a 14 de agosto), se verificaram apenas 9 encerramentos de urgências por unidade/dia, em 2024, no mesmo período, estão previstos 38 encerramentos, valor que quase quadriplica o do ano anterior. Com a agravante de se prever que nenhuma das três urgências de ginecologia e obstetrícia localizadas na margem sul da Grande Lisboa esteja a funcionar entre 10 a 14 de agosto, ao contrário do que sucedeu em 2023, quando neste período estiveram sempre, pelo menos, duas urgências abertas 24 horas por dia.
Esta situação não reflete apenas o engodo eleitoral da AD, que prometeu resolver problemas num estalar de dedos, criando falsas expetativas. É também a instabilidade induzida pela minoria de direita, que interrompeu de forma abrupta a reorganização dos cuidados em curso, fazendo cair o diretor executivo do SNS e desconsiderando, de forma ofensiva, as gestões hospitalares. É o resultado de um governo que não planeou o verão e que abandonou o acompanhamento de proximidade que era feito. Tudo em nome de um plano que foi apresentado como sendo de emergência, mas que é - no seu propósito central - de degradação e privatização. É essa, na verdade, a desejada transformação.
«Tudo em nome de um plano que foi apresentado como sendo de emergência, mas que é - no seu propósito central - de degradação e privatização. É essa, na verdade, a desejada transformação.»
ResponderEliminarSem dúvida, mas não esqueçamos os cúmplices dos privatizadores: a máfia médica, que mama feliz e contente desejosa no público + privado. E que quer mamar ainda mais no privado, para deixar o público de vez.
Nenhum governo tem a coragem de dizer-lhes que não pode ser; que a sua ganância é uma vergonha. Que tiraram o curso em Portugal e que o exercem em Portugal, onde o salário médio mal chega a mil euros.
Nenhum governo xuxa ou laranja tem coragem - ou vontade - de enfrentar esta corporação de mercenários nem os mamões privados da saúde. Isto assim só vai piorar. Só pode piorar.
Totalmente de acordo com o comentário anterior.
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