"O conservador Joseph Schumpeter citava o revolucionário Karl Marx para explicar que a inovação é um factor indissociável do desenvolvimento do capitalismo – e que ela não acontece por acaso. A competição obriga as empresas a inovar em permanência.
O facto de investirem menos em inovação do que seria desejável é um problema para as próprias empresas, mas não só. Para o conjunto da economia, menos inovação significa menos eficiência, menos qualidade, menos diversidade de produtos e menos satisfação de necessidades. Por outro lado, não é certo que toda a inovação resulte em benefícios para a sociedade como um todo – como acontece, por exemplo, quando novos produtos ou processos produtivos põem em causa a saúde pública ou o ambiente.
São estes vários aspectos da inovação – a sua natureza cumulativa, interactiva e sistémica, a incerteza que envolve todo o processo, os impactos que tem no conjunto da sociedade, os potenciais problemas que pode gerar – que justificam a intervenção do Estado neste domínio.
As políticas de inovação podem assumir várias formas: subsídios, incentivos fiscais e garantias públicas aos investidores privados; desenvolvimento de actividades de investigação científica e tecnológica em universidades, institutos politécnicos, laboratórios do Estado e empresas públicas; financiamento ou participação em fundos de capital de risco; apoio a centros tecnológicos especializados; promoção de redes colaborativas entre vários tipos de actores; apoio a incubadoras de novas empresas tecnológicas; divulgação de boas práticas e de casos exemplares; formação de competências transversais e especializadas; compras públicas orientadas para a inovação; realização de estudos de prospectiva tecnológica; regulação de produtos e processos inovadores; entre outros.
A política de inovação é, pois, muito mais do que uma palavra na designação de um Ministério. Na verdade, exige quase sempre a articulação estreita entre várias tutelas. Se alguma vez teremos em Portugal uma política de inovação que vá para além da semântica, é algo que ainda estamos para ver."
O resto do meu texto pode ser lido no Público de hoje, em papel ou online.
ResponderEliminar"Se alguma vez teremos em Portugal uma política de inovação que vá para além da semântica, é algo que ainda estamos para ver."
O que é preciso uma nova estratégia (ESTRATÉGIA DE INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO PARA UMA ESPECIALIZAÇÃO INTELIGENTE EI&I 2014-2020; https://portugal2020.pt/wp-content/uploads/enei_versao_final_0.pdf), de preferência que ultrapasse as 116 páginas.
Cá está ela, a nova Estratégia Nacional para uma Especialização Inteligente 2030 (ENEI 2030; https://portugal2030.pt/wp-content/uploads/2022/06/20220623_ENEI_VF_Pub.pdf), com 121 páginas. Uma estratégia para 2030 (o ano mágico para as estratégias atuais).
Não chega?!
Já li o texto no Público impresso e gostei. Naturalmente.
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