terça-feira, 9 de abril de 2024
O Partido das Surpresas Desagradáveis nunca desilude
É um padrão, que não falha. Sempre que a direita chega ao poder rasga os compromissos com os seus eleitores - que apenas serviram para captar votos - começando por culpar os governos do PS pela impossibilidade de os assumir e dedicando-se, logo de seguida e em regra, a fazer o contrário do prometido.
Em 2002, Durão Barroso recorre à tese da tanga («os senhores deixaram Portugal de tanga»). Invocando a derrapagem das contas públicas, afirma a necessidade de «tomar medidas de contenção na despesa», o que o impede de concretizar a prometida redução dos encargos fiscais das famílias, caso recebesse o voto dos portugueses.
Em 2011, Passos Coelho tira da cartola a fraude da bancarrota, ignorando a crise financeira internacional, provocada pelos desmandos da banca e pelas políticas da UE e BCE, e o seu impacto na generalidade dos países. A coberto da troika, e indo além dela, leva a cabo a agenda austeritária pretendida, ao arrepio do que prometera em campanha.
Em 2024, e depois de acenar com o melhor de todos os mundos, com base numa previsão de crescimento fantasiosa e acusando em campanha o PS de ter falta de ambição, a nova/velha AD já se prepara para recuar no que não lhe interessa, como no caso da valorização da função pública. Entre outros, e na mesma lógica de baixar expetativas, o porta-voz do governo na SIC, por exemplo, já veio alertar para a «perceção errada que se está a criar à volta do excedente orçamental».
O PSD, Partido das Surpresas Desagradáveis, nunca desilude. Apenas engana, repetida e reiteradamente, muitos dos que nele votam, convencidos que as suas promessas eleitorais são para levar a sério.
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