sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
Desventuras das iniciativas liberais em educação
«No início dos anos 90, a Suécia adotou um sistema de «cheques-ensino» (vouchers), permitindo que escolas privadas passassem a ser financiadas pelo Estado, recebendo para o efeito um montante por aluno baseado no valor médio dos custos operacionais das escolas. A medida levou ao surgimento de «escolas independentes» (friskolor), tendo os pais passado a poder escolher as escolas dos filhos, fomentando a competição entre elas, no pressuposto de que a concorrência melhoraria o sistema educativo no seu todo.
(...) Recentemente, porém, e recusando a ideia de que se trata de casos meramente pontuais, a ministra da Educação sueca, Lotta Edholm, declarou ao The Guardian que as friskolor foram um «fracasso generalizado», assinalando a redução dos padrões de qualidade e a inflação das notas dos alunos. Em junho de 2023, um relatório do maior sindicato de professores da Suécia tinha já alertado para as consequências de o sistema educativo sueco se ter tornado num dos mais mercantilizados do mundo, gerando piores resultados, incrementando a segregação e granjeando a insatisfação dos próprios alunos. Propondo uma reforma do modelo, a ministra Lotta Edholm assegurou que passará a «deixar de ser possível obter lucros à custa da qualidade da educação».
(...) Na campanha eleitoral que se avizinha, e de forma mais ou menos dissimulada, assistiremos uma vez mais ao regresso do canto de sereia da direita em torno da «liberdade de escolha», com o argumento de que é indiferente se a provisão é assegurada pelo público ou pelo privado. Os sinais são claros, com a nova/velha AD a prometer o reforço dos Contratos de Associação, a IL a prometer escolas em competição pelas preferências das famílias e o Chega a ir, evidentemente, pelos mesmos caminhos».
O resto do artigo pode ser lido no Setenta e Quatro.
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