Cada democrata tem uma obrigação e uma só obrigação nas próximas semanas: tratar as eleições de março como um combate de vida, apoiando um dos partidos fiéis ao melhor da Constituição da República Portuguesa, com uma imensa alegria militante, todo o otimismo da vontade, sem elitismos.
Sendo independente, tomo partido, não alardeio neutralidades, o importante, creio, é mesmo apoiar um dos partidos de esquerda em concreto e sempre pela positiva, com fraternidade de frente popular, digamos. E fazer campanha, na medida das disponibilidades, claro.
E, já agora, evitemos os treinadores de bancada, sempre prontos a dar a linha ou a fazer exigências a partidos em que não militam ou que não apoiam publicamente, como se estivessem num qualquer lugar acima.
Neste blogue, como sabeis, há gente que apoia o BE, o PCP-PEV e o PS. Talvez me atreva a dizer: aqui estamos, prontos para a luta, com respeito pela inteligência das pessoas e com respeito pelas palavras, que procuramos que sejam justas e certeiras. E se não forem, digam, que estamos sempre prontos a tentar melhor.
Isto vai, isto vai.
O treino de bancada é, de um modo geral, alimentado pelo ressabiamemto. A adesão dos adeptos ao treino faz-se, ou porque andaram pelos partidos e não lhes deram a importância de que se achavam merecedores ou, porque são especialmente iluminados e nimguém quis reparar. Alguns, há umas décadas atrás até se julgavam donos da blogosfera. Em todo o caso, os sinais presistem e continuam a ir aos treinos.
ResponderEliminarOra, concordando com o autor do post, os tempos que vivemos dispensam mesmo este tipo de comportamentos.
eu não milito, nem apoiei publicamente (porque não me pediram). Respondendo ao seu apelo, qual o meio que recomenda para cumprir a tal obrigação democrática?
ResponderEliminarExcelente questão, desconhecido. E precisam de pedir? O apoio dá-se das conversas de café à TV. Do local de trabalho às redes por vezes pouco sociais. Por todo o lado, ao mesmo tempo, no fundo.
ResponderEliminar«Deixava que a imaginação lhe divagasse sobre o Partido, a palavra "camarada" tomava cada vez mais para ele uma conotação ao mesmo tempo heróica e ternurenta. Ao passar em frente do Hotel Vitória imaginava o movimento lá dentro, tenso, transpirado, com reuniões, conversas políticas, leituras comentadas de Lenine, preparação de movimentos sociais, invenção meticulosa e científica de palavras de ordem... (...) E via-se numa daquelas reuniões, com o tecto abaixado pelo acúmulo algodoado dos fumos de cigarro, debruçado sobre um mapa de Lisboa, a conspirar. Falaria pouco, seria discreto e humilde, emitiria apenas opiniões graves quando lhe dessem a palavra. Procuraria sempre, cientificamente, abonar-se com uma citação dos clássicos, o camarada do lado, com um boné na cabeça, tocar-lhe-ia, fraterno e confiante, com o punho cerrado no braço. (...) E, se fosse capturado, resistiria heroicamente. Não falo!» (Mário de Carvalho, “Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto”)
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