Esta semana ficámos a saber, através do Público, de um estudo que ilustra uma dimensão da economia política do individualismo possessivo – causadora de poluição, morte e pressão negativa na nossa balança corrente –, que tem dominado este país:
“A rede ferroviária portuguesa diminuiu 18% entre 1995 e 2018 – o terceiro maior declínio entre um grupo de países que inclui a União Europeia a 27, o Reino Unido, Noruega e a Suíça (...) No mesmo período, a rede rodoviária em Portugal cresceu 2378 km no mesmo período, ou seja, 346% – estamos também em terceiro lugar, mas entre os países em que o número de estradas mais aumentou.”
Infelizmente, o estudo não cobriu o período do cavaquismo, quando esta arte de desgovernar começou. Tem a palavra o jornalista Carlos Cipriano, que escreve, e bem, sobre ferrovia há décadas:
“Em 1988 o governo de Cavaco Silva apresentou o Plano de Modernização e Reconversão dos Caminhos de Ferro (1988-1994) que passava por encerrar linhas e modernizar outras. Modernização quase não houve, mas as linhas foram encerradas: de 3608 quilómetros de rede ferroviária no início do período, chegou-se ao fim com 2850 quilómetros. Enquanto isso, o número de quilómetros de auto-estradas em Portugal duplicava de uns modestos 314 quilómetros em 1988 para 687 em 1995.”
Recordo-me do encerramento da estação ferroviária de Viseu, uma cidade familiar, entre 1988 e 1990, tornando-a na maior cidade europeia sem ligação ferroviária: primeiro foi a linha do Dão (entre Santa Comba Dão e Viseu) a ser encerrada e depois foi a linha do Vouga, na parte entre Sernada e Viseu.
Sim, a desvalorização do que é público começou no cavaquismo. Têm sido décadas de míopes iniciativas liberais até dizer chega.
E a linha da Beira Alta já não é em novembro que reabre.
ADORO ANDAR DE COMBÓIO Ver https://www.youtube.com/watch?v=ADWmxGhKagg
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