Deputado Paulo Moniz na CPI |
Há uma certa espécie de tom McCartista na forma como a direita e a extrema-direita interrogam na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da TAP.
Por duas vezes, o presidente da CPI, o ex-secretário de Estado da Saúde do Governo PS António Sales, chamou hoje a atenção do ex-secretário de Estado do Governo PS Hugo Mendes para que mantivesse a "urbanidade" nas referências à CPI. Na sua intervenção inicial, Hugo Mendes criticou a forma como - na sua opinião - deputados da CPI tinham manipulado, truncado, adulterado a informação, para insinuar o que não se passara na realidade. Mas o mesmo presidente da CPI nada fez quando o deputado Paulo Moniz do PSD - parecendo querer ultrapassar a extrema-direita - se lembrou de fazer perguntas que cairiam bem em qualquer sessão da comissão de investigação de actividades anti-americanas, do Senado dos Estados Unidos, nos anos 50.
"Quando foi a última vez que falou com o dr. Pedro Nuno Santos e se porventura foi ontem?", foi a primeira pergunta de Paulo Moniz, colocando a voz em ar de farsa policial requentada (aconselha-se o visionamento da sessão, 3h56m). "Falou hoje com Pedro Nuno Santos?". Ou ainda com maior desplante: "Essa mensagem que recebeu agora no telemóvel era do dr. Pedro Nuno Santos?". E, claro está, achou ainda por bem imitar o chefe da extrema-direita nas sessões com Frederico Pinheiro e João Galamba, ao requerer que a CPI fosse buscar o telemóvel (partido) que Hugo Mendes disse já ter entregue a quem de direito.
Chegou a um ponto - sem que o presidente da CPI se revelasse - que Hugo Mendes, depois de responder a diversas perguntas do mesmo género, se virou para aquele deputado e perguntou-lhe algo como:
- Mas eu estou proibido de falar com o dr. Pedro Nuno Santos?
- Está - pareceu ouvir-se ao deputado (não foi nítido).
- Estou? - retorquiu Hugo Mendes visivelmente zangado - Em que texto legal é que isso vem?
Aí o presidente interveio, para salvar a sessão que ameaçava descarrilar. Mas Hugo Mendes tem razão: a CPI não é um tribunal inquisitorial, ainda que a direita e a extrema-direita queiram, de facto, aproveitá-la para queimar umas bruxas na praça pública. Nota-se um à-vontade, uma perda de vergonha, uma certa arrogância despudorada que raia à intimidação. E que tanto mais cresce quanto menos se lhe faça frente. E não se pode deixar.
Não só a direita e a extrema direita.
ResponderEliminarO deputado do Bloco usa o mesmo estilo, faz cara de mau e foca-se sobre o mesmo tipo de questões.
Não quer ficar atrás na demagogia mediática.
Mas a direita quer saber o que se passa e passou com a TAP? Quer é fazer chicana política `a qual também o PS se presta para melhor a entregarem pelo mínimo possível
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