Léxíco ideológico da comunicação social dominante: quando a notícia é sobre questões genéricas do Trabalho, benéficas, favoráveis ou positivas, os trabalhadores são tratados como "colaboradores"; quando os trabalhadores reivindicam, protestam, manifestam-se ou fazem greve são tratados como... "trabalhadores".
Assim, quando tudo parece estar calmo, reina a "paz social", a repartição desigual do rendimento e a luta de classes parecem não existir, os trabalhadores são vistos como "colaboradores" do mesmo projecto empresarial. Muitos deles até nem são assalariados - são empresários em nome individual (muitos deles despedidos dessa mesma empresa), que trabalham por conta própria, em benefício da empresa. São empresas individuais que colaboram com outras empresas colectivas.
Mas quando os trabalhadores quebram essa "paz social" e exigem uma mais justa repartição do rendimento que essa "paz social" não lhes proporcionava, então os "colaboradores" passam a ter um ar zangado, gritam, ameaçam, estão dispostos a todo o tipo de actos criminosos, tornam-se "profissionais dos distúrbios", quase vivendo uma antecâmara de destruidores da propriedade. E, por isso, nunca podem ser vistos como "colaboradores". Passam então a ser actores da violência social. Tornam-se então, novamente, ... "trabalhadores". Mas "trabalhadores", pejorativamente tratados, como que vistos pelos olhos de quem está a recebê-los... para negociar.
Amigos jornalistas: "colaborador" é um termo não previsto no Código do Trabalho. "Colaboradores" eram os cidadãos franceses que aceitavam a subordinação e o papel dos nazis ocupantes durante a 2ª Guerra Mundial. Não sejam protagonistas de um dos lados da luta de classes que não é o vosso. Citem os documentos, não sigam as modas, usem o Código do Trabalho.
Não sejam colaboradores.
Assino por baixo.
ResponderEliminarExcelente!
Subscrevo e aplaudo!
ResponderEliminarConcordo totalmente. E não tenho qualquer esperança de que os jornalistas deixem de ser colaboradores dos plutocratas.
ResponderEliminarMuito bem!
ResponderEliminarOs jornaleiros e os comentários vão continuar a ser colaboradeiros, estarão sempre na linha da frente,jornalistas e comentadores só se encontram com lupa.
ResponderEliminarAntigamente as empresas. tinham o departamento do pessoal ou das pessoas onde se tratavam os assuntos dos empregados ou trabalhadores.
ResponderEliminarAgora têm o departamento dos recursos humanos para tratar dos assuntos dos colaboradores. E quem tentar contrariar esta designação é imediatamente rotulado como "comuna" e desestabilizador da organização.
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid031sSSgP9sWJqQF8euLLtSmSEexvkHX57nsseA6oE52Uc7GkEpT4aRo2v5kRhRLnA5l&id=1631256145
ResponderEliminarExatamente, um colaborador não é um trabalhador por conta de outrem.
ResponderEliminarHá uma certa comichão em tratar por trabalhador aquele que tem um contrato de trabalho com ou sem termo, com um horário de trabalho e estando sobre as ordens de uma entidade patronal.
Evidentemente que o trabalhador tem o dever de colaboração: não pode dar a mercadoria ou estragar as ferramentas a seu cargo.
Também temos o 'meu funcionário' quando o encarregado da obra aponta para um servente, como se ele fosse um funcionário público, este que também é considerado como trabalhador.
Num supermercado conhecido a empregada da caixa (empregada, não está mal de todo, existe a categoria de empregado de mesa) tinha uma identificação 'Maria...,Colaboradora de Loja'. E eu pensei tratar-se de uma empregada colocada por uma agência de trabalho temporário, a fazer uma folga ou férias. Mas não, era mesmo trabalhadora do supermercado e o seu contrato, recibo de vencimento e quadro de pessoal existia como 'Colaboradora de Loja'. E eu a tentar explicar que Colaborador é o vigilante, o que trata da manutenção do espaço.