A habitação está no epicentro da crise económica e social contemporânea. À subida dos preços das casas e das rendas a que vínhamos assistindo associa-se, agora, a quebra do rendimento real das famílias, com a escalada da inflação e do custo dos empréstimos bancários, resultante do aumento da taxa de juro pelo Banco Central Europeu (BCE). Sendo certo que a deterioração desta situação resulta, em parte, do contexto da guerra da Ucrânia e das medidas sancionatórias que se lhe seguiram, as principais causas do problema habitacional encontram-se no modelo económico prosseguido no quadro da União Económica e Monetária (UEM), que vem promovendo a financeirização e o rentismo da economia nacional.
Deixo um dos dados do artigo que melhor ilustra, creio, a natureza liberal da política seguida pelos governos: o investimento total previsto no quadro do Programa Nacional da Habitação para os cinco anos compreendidos entre 2022 e 2026 é de cerca de 2,8 mil milhões de euros, um valor aquém da despesa pública devotada ao Regime Fiscal para o Residente não Habitual nos últimos cinco anos, de 3,5 mil milhões de euros.
Resumindo, num país em que a população diminui e em que sobram casas vamos construir ainda mais, desta vez subsidiadas pelo Estado.
ResponderEliminarÉ uma ideia linda, peregrina também, mas resolvida à partida porque não há dinheiro para a despesa.
Quanto aos vistos gold, nómadas digitais e por aí, que eu saiba Portugal ainda não é Lisboa (enfim, o Porto também é afectado). É olhar para o interior abandonado do país; se calhar até dava jeito que lá montassem tenda, mas para lá é que ninguém quer ir.
O anónimo das 20:10 é só mais um metafísico do dinheiro para tornar metafísica a produção de casas.
ResponderEliminarCaríssimo anónimo: é a produção que "faz" o dinheiro e não o contrário.
Mas para quem tem tanto gosto em tornar a construção de casas uma miragem, só pode estar a condenar a própria população a se tornar uma miragem...
Por este andar, ainda iremos ouvir estes iluminados dizer que "não há dinheiro para haver pessoas".