sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Ainda o regresso da fada da confiança

No seguimento do último texto de Ricardo Paes Mamede, volto a insistir num ponto complementar, que também ajuda a desmontar a conversa intelectualmente fraudulenta de Fernando Medina. As agências de notação e a fada da credibilidade são basicamente irrelevantes na determinação das taxas de juro, preços políticos como há poucos. Só a acção ou a inacção do Banco Central conta em primeira e última instâncias.


Se é verdade que um gráfico vale por mil palavras, repetem-se algumas já com uns meses:

Em plena crise das dívidas soberanas, na véspera da intervenção da Troika (BCE, Comissão Europeia, Fundo Monetário internacional [FMI]), uma crise, relembre-se, que não foi de dívida soberana, porque o Estado português não controlava a moeda em que a dívida estava denominada, a taxa de juro das obrigações do tesouro nacional a dez anos chegou a 16%, com a dívida pública a ultrapassar os 120% do PIB.

Quase dez anos depois, a dívida ultrapassa de novo os 120% mas agora a taxa de juro das obrigações do tesouro nacional a dez anos fica-se por uns residuais 0,25% e assim permanecerá enquanto o BCE quiser.

Retrospectivamente, toda a austeridade imposta a partir de 2010, com centenas de milhares de postos de trabalho destruídos e com centenas de milhares de portugueses compelidos a emigrar, foi um evitável desperdício, feito em nome da consolidação de um modelo neoliberal. Tal facto deverá permanecer na memória colectiva como um momento revelador do preço que o país pagou naquele momento por ter abdicado da sua soberania monetária no final do milénio.

1 comentário:

  1. E para que os crimes económicos das "elites" fiquem melhor na memória colectiva, nos livros de história e economia era levar as "elites" que praticaram esses crimes à Justiça!

    De facto, o povo pagou, paga e vai continuar a pagar pela ganância e crimes das "elites", ou pode ser que a guerra nuclear aconteça (como alguns parecem querer que aconteça) e o sofrimento do povo acaba de vez...

    A maioria da população vai continuar a sofrer com a psicopatia das "elites", não é a primeira vez que isto acontece, era muito boa ideia que o povo se fartasse de ser esmagado pelas "elites", saísse da apatia em que se encontra e resolvesse mudar o actual decrépito estado das coisas.

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