Neste mesmo dia, há 10 anos, entravam em vigor - pela mão do Governo de passos Coelho/Paulo Portas e Pedro Mota Soares como ministro da Solidariedade - as alterações legais que reduziram significativamemte a protecção aos trabalhadores no desemprego. Essa foi uma das formas de reduzir os salários médios, ao forçar os desempregados a aceitar piores condições salariais nos empregos que surgissem. O grosso destas alterações legais, por incrível que pareça, ainda se encontram em vigor. Por incrível que possa parecer também, o Partido Socialista presentemente no poder tem por objectivo melhorar o peso dos salários no PIB (de 45 para 48% do PIB).
Público, 2/7/2012 |
E um velho senhor que sempre trabalhou a desigualdade na distribuição do rendimento, dava uma entrevista e criticava a austeridade que nessa altura imperava e reinava militantemente por parte do PSD e do CDS no poder. E dizia coisas que hoje até deve provocar arrepios na coluna de uma direita que se mostra jovem, mas que defende o mesmo de sempre: uma baixa de impostos, que, na prática, resulta numa baixa de impostos para quem mais tem e que mais devia pagar.
Anthony Atkinson criticava igualmente a estratégia alemã de expansão do emprego - que viria a marcar toda a Europa - criando muito emprego mal pago, desprotegendo o desemprego, fragilizando a contratação colectiva, privatizando um número considerável de sectores, tudo redundando num aumento da pobreza. E tudo deliberadamente decidido!
Actual, não é? Foi há dez anos.
Não foi o PS que negociou o memorando com a Troika?
ResponderEliminarNão foi o PS que pediu 78MM de € ?
Não foi o PS que pôs a tesouraria negativa em todos os ministérios? Câmaras e Juntas Freguesia. Hospitais?
Etc. Etc...
Caro opjj,
ResponderEliminarFoi o Governo PS quem pediu a "ajuda" à troica, daquelas ajudas em que a dívida pública externa aumentou drasticamente.
Mas em Portugal, foi a direita quem desdiabolizou a sua vinda, quem chantageou mesmo com o que poderia acontecer se não viesse e até quem mais influenciou o conteúdo do Memorando.
Já não se lembrou do negociador do PSD, Eduardo Catroga, vir cá para fora anunciar que fora o PSD quem mais dera contributos para o texto do memorando? Isto foi num contexto em que "toda a gente" estava muito impressionada como é que alguém conseguira fazer um programa de governo em tão pouco tempo, calendarizado e tudo. E Catroga não se fez rogado: fora o PSD!
E Passos Coelho e Paulo Portas seguiram em frente e defenderam que tinham mesmo de "ir além da troica". Depois, com os maus resultados do programa, com os efeitos dramáticos que "a austeridade" criou, é que arrepiaram caminho e vieram defender que fora o PS que tudo negociara e impusera um programa austero que o PSD/CDS fora forçado a executar.
Já não se lembra?