quinta-feira, 9 de junho de 2022

Force, task, player

“Há um grande entusiasmo ao nível da task force. Aliás, na reunião, alguns dos players que estavam na sala disseram que era a primeira vez que se sentavam todos uns com os outros”. O Ministro da Economia e do Mar é a novilíngua do “business” em todo o seu esplendor, com uma vaga e distópica conversa sobre economia do mar, com muita extração e financeirização à mistura, tóxica mistura: “quero fazer de Lisboa uma praça financeira para a economia do mar”. 

Toda a conversa sobre “start-ups” esconde mal a complacência em relação aos grandes grupos económicos e aos seus lucros caídos do céu: “preocupações com pessoas e empresas são máximas nesta altura”, o que não é lá muito concreto em termos de política económica nas periclitantes circunstâncias que são as nossas. A verdade é que o país não tem instrumentos decentes de política e na sua ausência floresce esta conversa.

Entretanto, no capitalismo português realmente existente, os patrões do turismo querem via verde para importar força de trabalho vulnerável e descartável. Fazem de tudo para não aumentar salários e melhorar as condições de trabalho dos que cá estão, a mesma tendência de sempre num sector que não gera aumentos de produtividade. São wild players…


1 comentário:

  1. Falando em Turismo. No passado mês de Maio, o Turismo de Portugal anuncia que foi criado o site de Turismo Médico em Portugal:

    https://www.turismodeportugal.pt/pt/Noticias/Paginas/health-cluster-portugal-portal-turismo-medico.aspx
    https://medicaltourisminportugal.com/about-us/

    O governo português via Ministério da Saúde anda preocupado em fazer turismo médico privado, enquanto não existem recursos suficientes nos centros de saúde e nos hospitais públicos e as listas de espera são bem conhecidas. Há muitos anos que a Health Cluster Portugal anda a pressionar o Ministério da Saúde, através de muitas task forces, steering groups e kick-offs, sendo dominada por interesses do setor privado da saúde (vejam os órgãos sociais) é ao mesmo tempo devidamente financiada pelos contribuintes, programas comunitários e com o consenso dos presidentes de conselho de administração dos centros hospitalares EPE que compõem esta associação.

    Mais uma vez, os grupos económicos em Portugal, agora na saúde e como sempre no Turismo, crescem à conta da transferência pública para os bolsos privados, permitindo-lhes seguir os seus projetos e a estratégia privada de esvaziamento do setor público, neste caso na destruição do SNS, com a devida conivência dos sucessivos governos de Direita, incluíndo os do PS. Assim, o privado consegue que o Estado/contribuinte ande a financiar o desaparecimento do SNS e o aumento das desigualdades. Estado Sim, mas só para os nossos interesses.

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