terça-feira, 19 de abril de 2022
Informação racionada
O Público continua a dar-nos jornalixo. Ontem, na primeira página e com desenvolvimento na seguinte, o Público diz: “Em Mariupol, resiste-se no último reduto”.
Refere-se ao cerco russo à zona industrial de Mariupol, mais precisamente o complexo metalúrgico Azovstal onde se encontram os últimos militares que combatiam do lado da Ucrânia. Para além da referência à existência de um grande número de túneis subterrâneos, a notícia não dá aos leitores nada de substantivo sobre os trágicos eventos neste local. O Público deve saber muito mais do que isso mas, de acordo com a sua linha editorial, entende que não deve dizer mais nada aos seus leitores. Está totalmente alinhado com a propaganda de Kiev a ponto de ter publicado um artigo de branqueamento do famoso batalhão Azov, bem conhecido pela sua selvajaria, ideologia neonazi e com actividade à margem do Estado, ou mesmo contra o Estado. Voltarei a este assunto noutro post.
Depois de alguma inércia, comecei a procurar fontes de informação alternativas e esforço-me por manter um juízo crítico sobre o que leio. Obviamente, posso errar. No mínimo, a informação oficial transmitida pelos contendores tem de ser confrontada com outras fontes. Neste aspecto, precisamente porque tem menos recursos militares, a Ucrânia desenvolveu uma máquina de propaganda extremamente eficaz. A propaganda russa existe mas é indigente. Aliás, Zelenskii chegou a presidente pela sua popularidade nos media.
O que o Público não diz nesta notícia sobre os resistentes de Mariupol é que há militares de forças especiais de vários países da NATO que também se encontram refugiados na Azovstal.
Não diz que foram feitas várias tentativas para os resgatar e que vários helicópteros foram abatidos. Não diz que a NATO está envolvida nesta guerra não apenas através do envio de material bélico mas também com operacionais no terreno (já antes da invasão) e opera nesta região um sistema de informações em tempo real para apoio ao exército ucraniano. Por ter deixado os seus militares cair nesta situação dramática - fugiram para Mariupol julgando que seriam resgatados -, o chefe dos serviços secretos militares da França foi demitido.
O apelo à rendição, feito pelos russos, e a ameaça de Zelenskii de suspender negociações se o batalhão AZOV e demais combatentes (estrangeiros) forem mortos, talvez deva ser entendido à luz desta informação.
A julgar pelo que dizem os militares que acompanham a guerra, nacionais e estrangeiros, isto poderá ter fundamento. De facto, a realidade não é a preto e branco e o Estado português ainda não decidiu entrar nesta guerra. Pelo menos até isso acontecer, a informação a que temos direito não deve, não pode, ser racionada.
A hipocresia dos media e politicos Portugueses e de uma egnorancia e estupidez enorme,mas no fim;porque tudo tem fim;nos vamos dizer :I told you so..sr Bateira nao leve a serio o que FAKE NEWS publicam.
ResponderEliminarPorque é que insistem em se deixar enrolar nesta guerra e destruir a credibilidade deste Blog que tanto aprecio na parte de economia política? Custa-vos muito usar a razão?
ResponderEliminarQuerem que dê credibilidade a um site (mpr21) que defende a não vacinação contra o Covid e acha que a pandemia de SARS‑CoV‑2 é uam "manobra da reação"??
O sr Bateira também acredita ainda no camarada Lysenko?
Caro Jorge, se a sua fonte de informação é um site negacionista e conspiracionista no que se refere à pandemia, está muito bem informado. Não creio é que seja sobre a realidade. A realidade é muito simples: um país invadiu outro provocando uma infinidade de mortes e destruição. Querer relativizar a partir de um contexto histórico, cultural ou da nossa ideologia política, que legitimamente escolhemos, não altera em nada a realidade dos factos. Ponto. Porque se o Jorge aceita que sejam os russos a tomar decisões sobre os ucranianos, está a legitimar o facto de os israelitas tomarem unilateralmente decisões sobre os palestinianos. Russos e israelitas estão errados. O direito à autodeterminação dos povos não é relativizável, caro Jorge. De outra forma, não tarda, estamos a relativizar o que fez Hitler ou Estaline. Brincar com ideias é tão perigoso como brincar com o fogo. Cumprimentos.
ResponderEliminar"...Não diz que a NATO está envolvida nesta guerra...". Se a NATO, repito, a NATO estivesse envolvida nesta guerra(sic), esta "guerra" ou já teria acabado -com a óbvia derrota russa(1)- ou já todos nós teríamos acabado.
ResponderEliminarHaverá na cadeia de comando nuclear russa alguém brevemente a caminhio da Sibéria?. Aí sim, alto e parou o baile.
(1)- Nos regimes civis longos os militares ao fim de algum tempo enganam os políticos em proveito próprio. Situação clássica. Exemplo recente: os EUA gastaram biliões num exército afegão, invencível, que nem uma tarde durou.
Sites alternativos não têm credibilidade, já o New York Times e outros jornais de “referência” que difundem as mentiras oficiais, como as armas de destruição maciça, têm cá uma credibilidade…
ResponderEliminarJá não estamos no tempo em que ficávamos especados a olhar para a TV à espera das notícias, é naturalíssimo que cada vez mais pessoas tentem encontrar outras fontes de informação e opinião pois é óbvio que a comunicação social convencional é o maior distribuidor de “fake news”.
As vítimas de guerra ucranianas não começaram a ser vítimas a partir de Fevereiro de 2022.
Putin tem inevitavelmente responsabilidade pela invasão da Ucrânia e pelas vítimas da guerra, mas aqueles que de forma vil andaram a criar as condições para que houvesse uma reação russa são também responsáveis pela carnificina e destruição, e quem andou a fazer isto desde 2004 foram os EUA e NATO, estes são os mesmos que querem que a guerra se prolongue o máximo possível para debilitar quem tem o poder na Rússia, até com nazis eles se aliam!
Se dúvidas houvesse de que o neonazismo foi completamente reabilitado na democratíssima EU, aí temos a prova do algodão: os psicopatas do Batalhão Azov entronizados como o último baluarte da libérrima Europa contra as hordas russo-asiáticas.
ResponderEliminarA canalhice ainda vai mais fundo: segundo a nossa querida comunicação social, há pelo menos um milhar de civis que procuraram acolher-se nos túneis da Azovstal debaixo da asa muito meiga e protectora dos mesmos neonazis que os massacraram impunemente ao longo de oito anos. Que nojo, que imenso nojo.
Entretanto, a nossa querida opinião pública (a qual eu, dadas as mais do que evidentes provas da sua completa e irreversível lobotomização, prefiro chamar de, "pardon my French", "opinião púbica") vai acendendo círios e encomendando ao Sagrado Coração de Maria um criminoso de guerra que faz as vezes de Presidente da Ucrânia e que insiste em mandar para uma morte certa e horrível (porque assim lho ordenam os seus bonecreiros da OTAN/UE) os pais, os filhos e os irmãos de um povo que cometeu a fatal imprudência de escutar os cantos de sereia dos psicopatas da OTAN e da UE.
Finalizando, e num derradeiro ponto de chamada de atenção para aqueles videirinhos cujo mais hábil truque de retórica é o de colocarem o início do contexto da discussão onde mais jeito lhes dá, esta guerra não começou com o lançamento da Operação Militar Especial Russa; ela começou com o golpe de Estado sanguinário de Maidan que mergulhou a Ucrânia numa guerra civil que ceifou a vida a 14.000 crianças, mulheres e homens do Donbass.
PS- Fontes alternativas? Ora façam lá o favor de conferir, se assim vos aprouver, o que mostram e dizem gente como Graham Philipp (Britânico), Patrick Lancaster (cidadão dos EUA), Anne-Laure Bonnell (Francesa), Mark Bartalmai (Alemão) e o agora desaparecido em parte incerta (provavelmente raptado em Karkhiv pelos esbirros dessa guarda pretoriana da Democracia Ocidental que é o Batalhão Azov) Gonzalo Lira (Chileno).
É de todo conveniente cotejar o jornalismo independente dos anteriormente referidos com a opinião claramente militante de sites como o "Duran", o "Intelslava Z", o "Reminiscence of the future", o "Dombass Insider", o "Strategic Culture", o "Vieyard of the Saker" ou o "Moon of Alabama". Neles, ao contrário do que acontece nas fábulas de gente como Cândida Pinto, José Milhazes ou o sem fim de comentadeiros que se vão revezando no cantinho da baboseira acéfala que são os nossos "media" , podemos ler e ver informação recolhida por gente que anda no terreno ente balas sibilantes e estilhaços que voam aleatoriamente e que sabe intimamente do que fala.
Mas não confiem na minha palavra: utilizem a vossa inteligência, vejam com os vossos olhos e tirem as vossas próprias conclusões.
Caro Jorge,
ResponderEliminar«No mínimo, a informação oficial transmitida pelos contendores tem de ser confrontada com outras fontes.»
Nem mais. E para ajudar ao exercício, deixo aqui um relato por antigo insider da NATO (via @johnpilger). É leitura que aconselho VIVAMENTE a quantos acham que dizer que a NATO tem alguma coisa a ver com as causas deste conflito é "fake news"...
https://www.sott.net/article/466340-Retired-Swiss-Military-Intelligence-Officer-Is-it-Possible-to-Actually-Know-What-Has-Been-And-is-Going-on-in-Ukraine
Apenas um excerto:
«These militias had been operating in the Donbass since 2014, with Western support. Even if one can argue about the term "Nazi," the fact remains that these militias are violent, convey a nauseating ideology and are virulently anti-Semitic...[and] are composed of fanatical and brutal individuals. The best known of these is the Azov Regiment, whose emblem is reminiscent of the 2nd SS Das Reich Panzer Division, which is revered in the Ukraine for liberating Kharkov from the Soviets in 1943, before carrying out the 1944 Oradour-sur-Glane massacre in France.
The characterization of the Ukrainian paramilitaries as "Nazis" or "neo-Nazis" is considered Russian propaganda. But that's not the view of the Times of Israel, or the West Point Academy's Center for Counterterrorism. In 2014, Newsweek magazine seemed to associate them more with... the Islamic State. Take your pick!»
Em tempos de guerra , a primeira baixa é sempre a verdade...
ResponderEliminarTalvez um excerto mais elucidativo seja este, retirado da conclusão:
ResponderEliminar«The European Union was unable to promote the implementation of the Minsk agreements — on the contrary, it did not react when Ukraine was bombing its own population in the Donbass. Had it done so, Vladimir Putin would not have needed to react. Absent from the diplomatic phase, the EU distinguished itself by fueling the conflict. On February 27, the Ukrainian government agreed to enter into negotiations with Russia. But a few hours later, the European Union voted a budget of 450 million euros to supply arms to the Ukraine, adding fuel to the fire. From then on, the Ukrainians felt that they did not need to reach an agreement. The resistance of the Azov militia in Mariupol even led to a boost of 500 million euros for weapons.» (ênfase no original)
Fico à espera -- mas sentado, claro está -- que algum jornalista do mainstream tenha a coragem de dar este contexto... (em vez das sistemáticas mentiras por omissão do Milhazes e do Rogeiro...)
Sugiro este artigo no site da Monthly Review, de um Coronel (na reserva) do serviço de informações suiço: https://mronline.org/2022/04/10/the-military-situation-in-the-ukraine/
ResponderEliminarBom dia.
ResponderEliminarNo texto diz: 'Por ter deixado os seus militares cair nesta situação dramática - fugiram para Mariupol julgando que seriam resgatados -, o chefe dos serviços secretos militares da França foi demitido.'
No entanto, a ligação colocada para sustentar essa afirmação não diz isso em parte alguma.
Não se terá enganado na ligação?
As outras ligações encaminham para fontes não conhecidas.
Como consegue saber que são fontes fidedignas?
Obrigado.
Se o litígio era por causa da região fronteiriça entre a Federação Russa e a Ucrânia, a Este, como se explica a destruição, pelas tropas da Federação Russa, a Norte?.
ResponderEliminarComo se explica a tentativa de invasão de Kiev?. Viviam lá muitos russos?. Oprimidos?.
E a invasão a Sul destruíndo(!) e claramente ocupando cidades indicutivelmente ucranianas e que nunca estiveram em litígio?.
Ps- É infatil tentar justificar uma acção militar violenta, russa, porque os EUA também as praticam. Se criticam os EUA ao menos critiquem também os russos. "Mãmã o mano também meteu o dedo na musse".
Cito Carl Jung: "Pensar é difícil, é por isso que a maioria das pessoas prefere julgar".
ResponderEliminar