O que têm em comum Fredric Jameson e Francis Fukuyama? Para lá de serem leitores norte-americanos de Hegel, um marxista e um antigo neo-conservador têm em comum a defesa de um serviço militar obrigatório, por razões de cultivo de virtudes cívicas, num caso, e por razões adicionalmente anti-imperialistas, no quadro da provocadora construção de uma utopia viável nos EUA, partindo das forças armadas, no outro.
Desde os meus tempos de militante “marxista heterodoxo” da juventude comunista portuguesa que neste ponto sempre alinhei com a boa “ortodoxia” marxista-leninista: precisamos sempre de forças armadas e mais vale que estas sejam civilizadas pela difusão do conhecimento mínimo da violência entre um povo em armas.
Umas forças armadas exclusivamente profissionais são um corpo mais fechado e melhor calibrado para intervenções externas, que pouco ou nada interessam numa saudável lógica realista defensiva.
Além disso, o serviço militar-cívico obrigatório bem organizado contribuiria para uma socialização entre cidadãos e cidadãs de diferentes proveniências sociais e geográficas, gerando uma certa solidariedade, feita de direitos e de obrigações, valor que nunca pode ser deixado à ordem espontânea. E as missões de defesa podem ter hoje uma dimensão ecologista fundamental, não por acaso a “guerra” faz parte do vocabulário de combate nesta área: sim, o imaginário nacional da limpeza e vigilância de matas, por exemplo, pode ter sempre uma declinação progressista.
Há outros argumentos, mas estes para mim são mais do que suficientes para denunciar um erro: o saudoso deputado João Amaral bem que alertou em 1999. Vários países estão aliás a reverter esta orientação por boas e por más razões, como sempre. Este debate tem de regressar. Convém que seja pela esquerda.
No final dos anos 70 declarei-me "Objector de Consciência", o que teve como resultado que durante vários anos fui impedido de sair do país, e sempre fui Anti-Militarista. Posso perceber o seu argumentário, mas nos seus aspectos positivos um Serviço Cívico Obrigatório teria mais vantagens. E evitava esse defender de forças militares.
ResponderEliminarCultivo de virtudes cívicas via militarismo?
ResponderEliminarQue falta de imaginação...
Pela minha vontade o serviço militar obrigatório não volta.
Por fim de acordo!
ResponderEliminarA esquerda que exige que os cidadãos sejam militares é a esquerda que não podemos ter respeito, discursos abrangentes e críticos para no final percebermos que tudo não passa de um truque de ilusionismo. Quando não se partilham os valores mais elementares não há qualquer possibilidade de comunhão.
ResponderEliminar« Quando não se partilham os valores mais elementares não há qualquer possibilidade de comunhão.»
ResponderEliminarPor isso há guerras, e não de palavras.