quarta-feira, 2 de março de 2022

Leituras relativistas e absolutas

JN, 28/2/2022


Frise-se as opiniões de Mário Soares em 2008. Ao longo da sua vida política, Soares começou por considerar o "Atlântico" como um "lago americano (da América de Foster Dulles e de McCarthy, é bom não esquecer!)" (Portugal Amordaçado, 1972, pag.200) e desde o eclodir da Revolução elogiou o papel da NATO no "mundo ocidental", por a considerar uma "aliança defensiva", com cujos membros Portugal "comunga (e concorda) dos valores políticos e morais de liberdade e da defesa dos Direitos do Homem que são valores ocidentais" (DN, 11/5/1984). A sua opinião em 2008 é, por isso, ainda mais sintomática.

Já Rui Sá, como é sabido, é dirigente comunista e o líder municipal da CDU na Assembleia Municipal do Porto.

4 comentários:

  1. E necessário dizer «não» à invasão, mesmo que o exército ucraniano esteja a dizimar o povo da região de Donbass, como explica bem o realizador Mark Bartalmai, no seu documentário «Ukranian Agony».
    O texto de Rui Sá não se adequa à Ucrânia que completa oito anos de «Maidan» e de bandeiras neonazis nas ruas de «Kiev», bem como gritos de «Queimem os comunistas!» e demais prisões políticas.
    O presidente Zeleski pode ter libertado os presos comuns para lutar contra os russos, mas deixou os presos políticos na cadeia, muitos deles comunistas.
    A cabeça de Rui Sá é demasiadamente ingénua para aquilo que se está a passar. Não se adapta à força das circunstâncias deste tempo, tão cheio de mentiras e, ao mesmo tempo, tão cheio de realidades que não podemos admitir nos tempos futuros: o nazismo e o genocídio de um povo como aquele que existe em Donbass.

    Acredito que Vladimir Putin está fazer o papel do vilão, mas não se esqueçam que este é um vilão que vem para ajustar contas com os neonazis e não com os povos mediterrânicos.

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  2. Protestei contra a guerra do Kosovo, protestei na rua contra a agressão ao Iraque, gostaria de ter estado nas ruas do Porto em protesto contra a invasão da Ucrânia. Há valores que são intemporais, acordos internacionais que não podem ser violados. Estou com o Rui Sá.

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  3. Eu estaria na rua em protesto contra a guerra que o Exército ucraniano fez contra os povos do Donbass durante 8 anos. Também lá estaria para protestar contra o nazismo ucraniano e os comunistas que estão ainda presos pelo regime de Zelesky.
    Estou com aqueles que prezam a informação mais que tudo de modo a estarem bem esclarecidos.

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  4. Os acordos internacionais que não podem ser violados são aqueles que o Ocidente (leia-se a OTAN, a UE e furúnculos anglo-saxónicos e sionistas agregados) entende não violar. Já se da coisa se pode retirar fabuloso saque económico-estratégico (ex-Jugoslávia, Iraque, Kosovo, Iraque outra vez, Afeganistão, Líbia, Síria) a violação desses tais acordos internacionais pelo Ocidente é sem dó nem piedade e quanto mais sanguinariamente melhor.
    E há realmente um valor que é intemporal e supremo: o valor da vida do ser humano que outro "mal" não fez do que tentar viver pacificamente a única vida que tem. Só que, no Ocidente, esse valor é deveras elástico e estica ou contrai-se conforme a latitude de nascimento do ser vivente: se choram e se se manifestam ululantemente a grei e as forças vivas cá do rectângulo por ucranianos de olho azul e cabelinho loiro, já a gente castanha da Líbia, do Iraque, do Afeganistão ou do Iémen, lhes não merece piedade alguma. Para essa gente parda não houve, não há, nem haverá manifestações e marchas, peditórios e donativos, bandeiras nas escolas e nas varandas, gritos de bradar aos céus e lágrimas em cascata. Afinal de contas, a vida de meio milhão de crianças iraquianas é um preço muito razoável (Madeleine Albreight dixit) pela instauração de uma robusta democracia onde todos os iraquianos vivem em abastança de pão e de mel. Hipocrisia de fino quilate? Naaaa... é só o costumeiro estrabismo intelectual da Herrenvolk ocidental.

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