sábado, 5 de fevereiro de 2022

Antropoceno, capitaloceno e ecossocialismo


Reconhecendo a origem humana destes desequilíbrios, tem vindo a generalizar-se há cerca de duas décadas o conceito de Antropoceno, que pretende transmitir a ideia da escala “geológica” da interferência humana no planeta. Este conceito, proposto originalmente pelo meteorologista holandês Paul Crutzen, é útil na medida em que chama a atenção para o facto de as atividades humanas produzirem desequilíbrios físicos, químicos e biológicos com uma magnitude tal que configuram uma época geológica própria. 

Mais útil ainda, porém, é o conceito de Capitaloceno, proposto mais recentemente pelo historiador e geógrafo Jason Moore, pois assaca responsabilidades de forma bem mais precisa. Os desequilíbrios ambientais que enfrentamos não remontam às origens da espécie humana nem são da responsabilidade difusa e indiferenciada de todos os seres humanos do planeta, como a origem etimológica do termo (de anthropos, humano) poderá sugerir. Pelo contrário, estão associados a um período histórico muito mais específico e recente, sendo consequência de um sistema social e económico que mantém uma relação predatória com a natureza e com os próprios seres humanos. Numa palavra, a crise ambiental multiforme é uma consequência do capitalismo. 

A propósito da realização em Portugal dos V Encontros Internacionais Ecossocialistas no final de janeiro, escrevi um pequeno texto de introdução ao debate sobre emergência climática, Capitaloceno e ecossocialismo. O resto do texto encontra-se aqui.

3 comentários:

  1. Que tal Consumoceno para que se esclareça que a ambição de elevar o nível de vida cria e mobiliza capital para promover a sua satisfação?

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    1. A culpa é de quem consome!!!
      É por isso que nos fartamos de ver investidores capitalistas a se manifestarem violentamente nas ruas contra o desflorestamento, minas de céu aberto, e nuclear entre outros.

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  2. Em nome das alterações climáticas estamos a assistir ao aprofundar das desigualdades porque a classe dominante vai enviesar o que for preciso para passar os custos para os que têm menos e para os que não podem pagar. Não há nem pode haver rodeios no que diz respeito ao controlo dos meios de produção, se queremos uma realidade sustentável temos de garantir a sua base, a democracia. Já se ouve que o planeta não tem recursos para todos, diz-se somos muitos e até que as pessoas têm de se habituar a ter menos, que exactamente o contrário que os detentores do capital defendem para si. A esquerda que alinha nesta dialética é parte da propaganda e portanto parte do problema, no futuro estamos todos mortos como alguém teve a sensatez de dizer, o problema das sociedades é o presente a ameaça à civilidade e à vida é no presente, o futuro não é nem nunca será o problema.

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