sábado, 29 de janeiro de 2022

"A adesão ao euro foi a decisão mais desastrosa que o país tomou"


Uma importante e densa entrevista ao João Rodrigues para ler no 74 que pode ler aqui

1 comentário:

  1. É mesmo uma "importante e densa entrevista", em que o entrevistado nos conduz numa esclarecedora viagem no tempo, particularmente relevante agora que vamos a votos e há um "acordo de cavalheiros" em perspectiva (https://expresso.pt/eleicoes-legislativas-2022/santos-silva-admite-acordo-de-cavalheiros-entre-ps-e-psd-para-cada-um-deixar-o-outro-governar/) para tornar irrelevante o nosso voto...

    A propósito de viagens no tempo, logo no início da sua "mensagem a propósito da realização das Eleições Legislativas" [ https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2022/01/mensagem-do-presidente-da-republica-a-proposito-da-realizacao-das-eleicoes-legislativas/ ], o presidente Marcelo disse que estas seriam "as primeiras eleições parlamentares realizadas em pandemia e após rejeição, também pela primeira vez, de um Orçamento de Estado em Democracia".
    É de notar que o presidente-comentador asneia imperdoavelmente quando diz que se trata da REJEIÇÃO "PELA PRIMEIRA VEZ" de um Orçamento de Estado em Democracia: na realidade, o chumbo de um OE no Portugal democrático já tinha ocorrido em 1978, quando Portugal - em plena crise, sob resgate do FMI - estava a cumprir um programa de austeridade. Mas, nessa altura - era Eanes o "Presidente de todos os portugueses" -, não houve dissolução do Parlamento: o Governo foi mesmo obrigado a apresentar uma nova proposta de orçamento, a qual foi aprovada por uma maioria de deputados.

    Em boa verdade, vamos agora votar porque - pela primeira vez na democracia portuguesa - um Presidente da República decidiu dissolver a AR a pretexto da rejeição parlamentar de uma proposta de Orçamento do Estado, em vez de obrigar o Governo a apresentar nova proposta orçamental a essa AR (ou a demitir-se de funções se recusasse o cumprimento dessa obrigação). A lógica marcelista é esta: se a assembleia de representantes do povo rejeita uma proposta do Governo, mudem-se os representantes do povo e não a proposta que eles rejeitaram.

    O facto de este "facto político" - tristemente original - ter sido criado pelo presidente-comentador em tempos de pandemia torna a irresponsabilidade presidencial ainda mais chocante.

    A. Correia

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