terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Ser liberal é isto


Um Estado soberano está impedido de adoptar todas as medidas que achar necessárias para melhorar a vida dos seus cidadãos porque, segundo os primados liberais dominantes na União Europeia, isso não é possível. Porquê? Porque nalguns casos é considerado uma "ajuda do Estado", que, supostamente, deturpa a concorrência empresarial... com os privados e a concorrência entre Estados.

E quem é que decide sobre isso?

"Bruxelas" é a designação simplista, com poucas letras para caber num título, mas que designa o poder não eleito de um conjunto de serviços da Comissão Europeia, repletos de burocratas que já nem sabem por que razão actuam impregnados de uma lógica liberal irracional, mas que se sentem emanados de um poder divino desproporcionado, capaz de intervir como querem, sem margem de apelo - qual troica cega - junto de Estados soberanos e sobre a vontade de povos de países inteiros.

Ser liberal também é isto. Mas se perguntarem a qualquer um deles, dir-vos-ão que não é isso. Mas acrescentarão logo que o Estado é que não deve deter este tipo de serviços. Porque - no seu entendimento - não é vocação dos Estados poder servir os seus cidadãos por igual. Esquecem-se que a lógica da intervenção da Comissão Europeia é essa mesmo: dificultar os Estados ou as entidades públicas para que se sintam compelidas a vender os seus instrumentos políticos a privados que - qual mister Smith neste Matrix - transformarão uma lógica colectiva de serviço público em instrumentos da lógica privada, marcada pela maximização do lucro de alguns - neste caso, os concorrentes das linhas férreas ou os interessados em detê-las - às custas do bem das populações que, mais tarde ou mais cedo, pagarão preços mais caros ou com ausência de serviços entretanto desactivados por não serem lucrativos.

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