sábado, 18 de dezembro de 2021
Querido INE
Há coisas simples, na verdade elementares, mas que são importantes e fazem a diferença. Custa perceber, aliás, que não existam ainda, sendo a sua ausência particularmente notória em momentos como o atual, de divulgação dos primeiros resultados dos Censos 2021.
É que quando se quer comparar alguns dados já disponíveis com os momentos censitários anteriores, a tarefa não é fácil. É verdade que em alguns casos já se incorporou a informação de 2011 nas tabelas de 2021. Mas para os censos de 2001 e 1991 é preciso andar à procura dos respetivos ficheiros excel na página do INE. E querendo recuar mais (1981 e 1970, por exemplo) só já se encontram páginas digitalizadas das publicações propriamente ditas. Não se está a falar de dados muito específicos, trata-de de informação elementar (população residente, famílias, alojamentos, etc.).
Depois há outro problema. Nem sempre os critérios de arrumação da informação são os mesmos (por razões que se percebam). Querendo por exemplo comparar os valores dos escalões das rendas nos três últimos exercícios censitários (2021, 2011 e 2001), surgem agregações diferentes, que limitam essa comparação e a respetiva análise.
Por isso valia mesmo a pena - e oxalá esteja a ser feito - construir tabelas com séries longas, começando pelos principais indicadores dos censos. Aliás, à semelhença do que o próprio INE já faz para muita da informação não censitária. É que quem trabalha com estas coisas lembra-se com frequência do passado. Por não ter tomado a iniciativa em devido tempo, o INE assistiu à construção de séries estatísticas pela Pordata (num primeiro passo com «A situação social em Portugal, 1960-1995» de António Barreto). E não havia necessidade.
Adenda: Para que esta sugestão não pareça um queixume, assinale-se a qualidade do atendimento e resposta do INE a dúvidas e pedidos de informação por email. Resposta rápida, cuidada e detalhada, como convém a um bom serviço público.
Eu próprio passei dias com um teclado numérico a passar os dados todos da população residente para folhas de Excel, até ao nível da freguesia/lugar. Não estava feito em 2009 e pelos vistos continua sem estar... Em 2009 nem sequer digitalizado estava. Enfim, é o estado permanente de opereta que temos em tantos aspetos.
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