quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Obfuscate


No Financial Times, Peter Wise noticia os desenvolvimentos políticos mais recentes no rectângulo, dando a palavra ao extremo-centro, a António Costa Pinto, que repete, em inglês, as ofuscações do Público, e a Francisco Seixas da Costa: “they are asking the impossible and I can’t see the PS giving way”. Eles, o PCP e o BE, estão a pedir o impossível e tal.

Pinto e Costa lembrar-se-ão desta: sejamos realistas, exijamos o impossível. E, neste caso, nem sequer estamos a falar de alterações de fundo das relações de produção económica e de reprodução social, mas antes de reformas que redistribuam modestamente poder e recursos de cima para baixo. O problema é o precedente: impossível, portanto.

A questão pode não ser oportuna, mas tem de ser colocada vezes sem conta: o que dizer de um sistema de poder, inscrito na escala europeia, que bloqueia modestas propostas de recorte nacional-popular, das relações laborais a um impulso orçamental digno desse nome? Sim, numa economia monetária de produção, quem tem a soberania monetária tem muito poder. O porta-voz do BCE em Portugal, Mário Centeno, já disse: nas relações laborais, ainda mais desequilibradas pela troika, a esquerda não toca.

1 comentário:

  1. “O que dizer de um sistema de poder, inscrito na escala europeia, que bloqueia modestas propostas de recorte nacional-popular, das relações laborais a um impulso orçamental digno desse nome?”

    Cruel, opressivo, distópico...

    Mas não foi prometido que este sistema seria cruel, opressivo e distópico, foi prometido que seria democrático e progressista.
    Há quem ainda mantenha a ilusão sobre a natureza do sistema…

    Os vilões são os que exigem ter democracia, equidade, paz e progresso.
    Os sensatos e sérios são os que conspiram contra a democracia, defendem austeridade que cria desigualdade e que defendem intervenções militares “humanitárias”.

    A chantagem sobre todos aqueles que criticam o Partido “Socialista” por nem propostas tipicamente social democrata aceitar vai continuar.
    António Costa e Mário Centeno servem o Deus Neoliberal e vão continuar a sacrificar os muitos, o Deus Neoliberal é insaciável e assim exige.
    Governar contra o bem-estar generalizado não é coisa de líder, é coisa de político falhado.

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