No ano passado não fui à Festa. Aliás, fui contra sua realização quando foi anunciada, mas nada como uma campanha anti-comunista com escala inusitada, juntamente com a responsabilidade organizacional comunista, para me fazer mudar de posição.
Este ano volto à Festa. Tendo deixado de ser militante comunista há quase duas décadas por razões que agora não vêm ao caso, mas tendo voltado a ser apoiante da CDU há meia dúzia de anos, por razões soberanistas, vou este ano à Festa por razões que não mudam assim tanto: amigos e convívio fraterno, livros e música (atenção, por exemplo, ao concerto de A garota não no Auditório 1º de Maio, hoje, às 21h00m), debates já pensar no que se vai comer.
Entretanto, esta é a Festa do Avante, o jornal que tem o recorde mundial na clandestinidade, um dos factos a assinalar no ano em que faz noventa anos, nos cem do Partido que o produz. Um jornal que compro regularmente por duas razões. Em primeiro lugar, porque tem a melhor cobertura das lutas laborais por este país afora. Em segundo lugar, para conhecer a opinião comunista, já que, como sublinha Vasco Cardoso, a “regra de ouro” de jornais como o Público não é a tanto a suspensão dos seus colunistas político-partidários durante a campanha eleitoral quanto o facto de a opinião comunista não ter aí lugar há muito tempo, um padrão que se repete na comunicação social para milhões.
Independentemente do posicionamento político, a verdade é que continua a não haver Festa como esta.
É verdade, João, não há festa como esta.
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