“Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade”, afiançou agora, a propósito da Galp, António Costa, o que nada fez.
Imagino que seja difícil tal exercício de imaginação para os julgam, por exemplo, que a propriedade pública já não conta, para os que não querem na prática incomodar as mais ricas e poderosas. Ainda me lembro de um responsável do PS que abria garrafas de champanhe por cada empresa que privatizava.
Trata-se de uma empresa estratégica para qualquer política industrial, incluindo uma que tenha em linha de conta as questões ambientais, as que não podam estar mais longe das preocupações de quem quer extrair o máximo de valor para o acionista. É claro que outros, com uma imaginação bem mais realista, avisaram a tempo para os custos de tais opções.
Entretanto, os trabalhadores despedidos denunciam no fundo o vazio da retórica europeísta, a que também reduziu a elite à imaginação de um centro anti-laboral: “Ninguém fica para trás? Estamos aqui, somos os primeiros a ficar para trás”.
Tudo vai dar ao mesmo em termos de emoções:
ResponderEliminarAo empresário toca-lhe o destino que o seu talento e os mercados lhe reservem.
Ao trabalhador, tudo que lhe afete o emprego que tem, por todo o tempo num mesmo lugar, para além de poder ser grave drama social, será sempre sobressalto ideológico e problema político quando convenha!
E um qualquer palhaço em missão de comprar votos, exibe impunemente o seu cinismo e segue em frente como se de gente séria se tratasse.
Tenho para mim que António Costa que - convém ter na devida conta - é primeiro-ministro, ao dizer que "Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade” se estava a referir a si próprio e ao seu governo, com destaque para o ministro do Ambiente, que agiu como se fosse o porta-voz da Galp.
ResponderEliminarAgora, António Costa fala em defender os trabalhadores despedidos mas o PS não se mostra disponível para reverter as leis do tempo do troika que penalizam os trabalhadores.
Se isto não é hipocrisia só pode ser cinismo.
Façam o favor de escolher.
Subscrevo.
ResponderEliminarAcima de tudo a passagem onde se faz a ponte entre a falta de estrategi energetica nacional e os problemas de politica ambiental.
Mas e preciso ir mais alem.
Fazer as ligacoes, as pontes, as multiplas interacoes entre os problemas sociais e as desigualdades sociais criados e/ou agudizacos por esta (mais uma) tragedia/pulhice e as consequencias ambientais globais e gravosas que dai adveem.
Neste sec XXI, a questao ambiental e a grande questao aglutinadora capaz de unir o proletariado e certas franjas da pequena burguesia em aliancas progressistas capazes de gerar mudancas significativas na economia politica global e numa evolucao do enquadramento politico-ideologico em que o mundo Ocidental (e Portugal tambem obviamente) se inserem numa direcao mais progressista e decente.
A alternativa sera uma qualquer forma de capitalismo neo-autoritario de cariz marcadamente semi-apocaliptico dada a presente fase de desenvolvimento das capacidades tecnologico-cientificas da Humanidade.
Esse programa de nacionalização das grandes indústrias foi tentado e falhou sempre. A última vez com o Governo Mauroy, que deveria ter olhado para os problemas que ele deu em Portugal. Acho que Chevènement até se zangou com Mário Soares por causa do rumo que o País tomou a partir de 1983... A França depois teve que aplicar a mesma receita...
ResponderEliminarO Estado pode e deve apoiar quem perde o emprego. Não pode é apoiar a manutenção de investimentos que dão prejuízo só para manter o dito emprego... O critério para a sobrevivência de uma empresa ainda é a rentabilidade, em capitalismo ou em socialismo.
Claro, em socialismo maquilharam-se as contas até não se puderem maquilhar mais e a URSS desabou como um castelo de cartas...
E o que é que uma empresa cujo negócio são os combustíveis fósseis pode contribuir para a política ambiental? A Galp, se as coisas correrem bem, é para fechar mais tarde ou mais cedo...
Paz à alma da refinaria de Matosinhos. O povo do concelho e da região há de agradecer a melhoria da qualidade do ambiente pelo fim das operações da Galp...
A retórica de defesa do ambiente de uma certa Esquerda é vazia porque continua a defender a recuperação da grande indústria (nacionalizada, claro está), cujo negócio depende da emissão de CO2... Compreende-se, a sua base eleitoral estava no operariado dessas indústrias...
Faria melhor em ir procurar novos eleitores ao precariado e aos jovens com preocupações ecologistas...