A 7 de Outubro de 2001, os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram um imenso ataque ao Afeganistão sob o lema "vão pagar" pelo que fizeram. O ataque, como explicou o famigerado secretário de estado da Defesa dos Estados Unidos Donald Rumsfelt, era apenas a primeira fase que era suposto durar semanas... Encostados à parede pela imensa novidade que tinha sido um atentado terrorista em pleno coração dos Estados Unidos, a 11 de Setembro, os "aliados" - designação repescada da guerra ao nazismo - alinharam numa estratégia que tinha tudo para correr mal, ser ineficaz e contraproducente, ao deitar gasolina na fogueira dos conflitos no Oriente. Toda a Europa reagiu em uníssono. E pagou o preço.
Mesmo os nossos socialistas - que deveriam ter uma enorme precaução - solidarizaram-se com os ataques. Guterres, hoje secretário-geral da ONU, aparece muito pungido com as mortes provocadas por mais duas bombas em Cabul. Em 2001, apesar de sublinhar que não se tratava de uma "guerra de civilizações", mas sim ao terrorismo, Guterres não deixou, contudo, de alinhar numa estratégia que - era evidente - pouco iria ganhar ao "terrorismo" e que iria, sobretudo, provocar fortes reacções e solidariedades com os países invadidos e atacados.
Os ataques ao Afeganistão pelas forças que são a espinha dorsal da NATO, mas sobretudo a invasão do Iraque em 2003 estiveram, na verdade, na base de uma escalada de operações terroristas nos países ocidentais observada pela Europol. E sem fim à vista. O democrata Biden respondeu ao deflagrar das duas bombas em Cabul ("vamos perseguir-vos e fazer-vos pagar") tal
como republicano Bush reagira aos ataques em solo dos Estados Unidos ("vão pagar"), o
que indicia que algo muito mais poderoso marca a política naquele país. O terrorismo passou a ser um dos elementos necessários para justificar
políticas predatórias imperiais, com o devido apoio ou suporte popular,
gerado pela eterno estado de emergência justificado pelo fenómeno do terrorismo. O terrorismo gera terrorismo. E à pala do seu combate, invade-se e toma-se. E muito haveria a dizer sobre a própria criação e financiamento de organizações terroristas.
A triste retirada do Afeganistão 20 anos depois deveria dar que pensar aos povos dos países invasores para que, de futuro, impeçam novos ataques. Mas tudo leva a crer que pouco se aprendeu.
Do mesmo modo, muito da nossa comunicação social deveria aprender com o passado. Em 2001, a comunicação social embarcou na invasão (veja-se como exemplo o editorial do jornal Público, a cuja direcção editorial pertencia na altura o actual director Manuel Carvalho). Passados 20 anos, poucas lições se estão a retirar dos novos factos. E no entanto, tanto haveria para dizer. Talvez um pedido de desculpas, não é...?
Caro Joao Ramos de Almeida,
ResponderEliminarSo se os "merdia" andassem nesta vida de boa fe.
Nao e preciso andar tao longe: quantos "fazedores de opiniao" previram o colapso da "Geringonca"? Quantos admitiram o erro? Quantos sao escrutinados?
Sei que nao sera la muito popular entre fauna da direitola triunfante no panorama informativo, mas o sector dos "merdia" necessita urgentemente de regulacao - Estatal - dos seus conteudos.
E antes que comece por ai as tretas do costume sobre "liberdade de expressao" "ditaduras" ou "censura" - NAO estou a falar de tretas comezinhas como o lapis azul - estou a falar de estrutura de propriedade dos orgaos de informacao, estou a falar de responsabilizacao criminal pela veiculacao de informacao falsa, estou a falar de responsabilidade juridica presente noutras democracias, responsalbildade legal por parte dos "merdia" pela uma transmissao equilibrada, justa e equidistante dos diversos pontos de vista presentes na sociedade em que operam nos artigos de opiniao e noticias que publicam.