segunda-feira, 7 de junho de 2021

Tomar partido pelo jornalismo


A 1 de Junho último, quatro Conselhos de Redacção de órgãos de comunicação social do Global Media Group tomaram posição contra o que consideram ser uma ingerência inaceitável do presidente do Conselho de Administração do Grupo, Marco Galinha, no trabalho editorial e nas competências das respectivas direcções editoriais. Demitem-se da administração do Grupo duas directoras destes meios. As redacções do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias, da TSF e d’O Jogo, com que se solidarizaram os jornalistas do Dinheiro Vivo, apontam vários problemas: falta de jornalistas; contagem de presenças nas redacções, limitando a mobilidade do trabalho no exterior; interferências na definição dos colunistas (a administração vai deixar de pagar às «pessoas politicamente expostas»); e colocação de Marco Galinha como administrador das redes sociais, o que não passou pelas direcções editoriais e é uma entrada ilegítima em espaços que são extensões do trabalho editorial (...) [As] recomposições da propriedade da Global Media, da Lusa e da VASP eram já preocupantes para a diversidade e o pluralismo dos media, e portanto para o jornalismo, muito antes dos episódios mais recentes. E só tendo em conta este contexto é que se consegue realmente entendê-los (...) Os media são crescentemente, e não apenas por contágio das redes sociais mas em aproveitamento oportunístico das mesmas, espaços de visões reducionistas do mundo.

Sandra Monteiro, O jornalismo no novo negócio dos "media", Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Junho de 2021.

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