domingo, 13 de junho de 2021
Isto
«Chamar a Palma e a Tavares “fascistas” é um erro que, aliás, nunca cometi. Eles são outra coisa. Em 2021, são radicais de direita de uma actual geração, cujas intervenções públicas vivem da defesa de governos “fortes” da TINA, a que chamam “anti-socialistas”, ligados aos interesses económicos, ou da nostalgia de momentos autoritários de forte conteúdo inconstitucional, como aconteceu no Governo troika-Passos-Portas, e tendo como alvo as classes médias “baixas”, aquelas que saíram da pobreza através do Estado, em Portugal como em toda a Europa – daí a sanha contra os funcionários públicos, assente numa concepção neoliberal da economia, na negação de direitos aos trabalhadores. São tradicionalistas quando lhes convém, radicalizados em política, todos despachados em matérias de alguns costumes, mas não quanto aos direitos sociais. Não são genuínos conservadores, acham socialista a doutrina social da Igreja, e o actual Papa um comunista disfarçado, não têm uma mínima empatia com os mais fracos, os excluídos, usam grandes palavras como liberdade para justificar sociedades desiguais e moralmente inaceitáveis por gente que preza a dignidade humana. Se estivessem nos anos 20-30 do século XX, seriam propagandistas do Integralismo Lusitano, mas não camisas azuis do Nacional Sindicalismo, porque isso metia muita rua e podia dar pancada.»
José Pacheco Pereira, Estudem, que vos faz falta (um texto imperdível, sobre mel velho, novas-velhas direitas e filhos da PAF, a ler na íntegra).
Como sempre, o progressismo formado no conforto de um regime não-democrático que por isso o dispensava de dar conteúdo operativo aos conceitos que proclamava, mante o culto de chavões que, então como agora, dão abrigo a todas as leviandades.
ResponderEliminarE assim, um regime onde impera um interminável desleixo legislativo, uma atávica complacência pela incompetência e a irresponsabilidade, uma plena conformação com a mediocridade e a demagogia que envenenam a economia e a política, todos acodem a proclamações da liberdade sem liberalismo e a brados de direitos sociais sem responsabilidades cívicas.
E dizem ser Abril no seu melhor!