Poiares Maduro, no Telejornal da RTP1 de ontem, chamou a atenção para o facto de Portugal estar estagnado há duas décadas:
O país está praticamente estagnado há 25 anos. Isso significa que temos de fazer alterações estruturais. Há alguma coisa na nossa organização económica e social que não nos permite crescer economicamente e alterar a qualidade de vida dos portugueses. Isso exige transformações profundas. Por outro lado, do ponto de vista conjuntural, fomos o país que teve a maior queda do PIB da UE. Mas esta conjugação dos factos é difícil paa a gestão dos fundos [da bozooka]. Porquê? Porque aquilo que pode ter mais eficácia no imediato, a atenuar os custos económicos e sociais, pode ser também aquilo que não tem maior capacidade transformadora a médio e longo prazo para a nossa economia, que é fundamental para ultrapassar essa estagnação.
Aquilo que mais fascina na burguesia nacional é o seu estado mental de permanente capturado por uma lógica que a prejudica nos seus alicerces e a subjuga aos interesses do centro europeu. Esse estado de miopia ideológica é tal que nem se consegue aperceber que, na divisão internacional do trabalho europeu, foi atribuído aos países do sul a função de vender bicas à beira da praia aos cansados trabalhadores do centro da Europa (vulgo turismo).
Em vez de juntar os pauzinhos do PIB e da queda conjuntural do PIB, será assim tão difícil articular o conjunto da História económica e social dos últimos 40 anos, nomeadamente a cedência que foi feita a um normativo político e institucional marcadamente ideológico, para perceber de onde vem esta estagnação? E para perceber até a queda conjuntural do PIB no último trimestre?
Quais são, na opinião de Poiares Maduro (e da direita), essas razões estruturais que nos atiram para a estagnação? Quais são as soluções estruturais?
Poiares Maduro não o disse. A direita nunca diz nada sobre isso, nem sobre nada... porque sabe que se o disser, perde as eleições. E por isso mesmo, o mesmo Poiares Maduro aceita queimar as barbas da sua credibilidade por um estudo sem credibilidade, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian, e até pela manchete do jornal Expresso que o promoveu quando, manipuladoramente anunciou que apenas 37% dos portugueses "rejeitam um líder político autoritário"...
Por que será que a direita acaba sempre por associar a ditadura com a aplicação de reformas estruturais que acha necessárias, mas que nunca diz quais são?
P.S. - Já tínhamos Fátima Bonifácio num jornal como o Público (quem o viu...) a branquear soluções não democráticas para a sociedade portuguesa. Agora temos JMT - no mesmo jornal! - muito levianamente, a lavar a cara do Estado Novo, usando um "poderoso" indicador do PIB per capita que nada diz (sobretudo em tempo de emigração histórica por pobreza) e alegando - sem explicar nada, se se tratou de causas internas ou efeitos externos (um dia lá iremos) - que Portugal, durante a ditadura, "convergiu com a Europa em PIB per capita de forma mais eficaz do que em parte substancial da democracia"! Daí ao Chile de Pinochet e dos Chicago Boys, é um saltito...
Ao que chegámos em despudor! Como o velho "Estado Novo" atrai tanto estes jovens turcos...
Eu diria antes jovens ignorantes. Ou ceguinhos para evitar a redundância e o pleonasmo. O pior ainda são os fanáticos mais maduros. Evangélicos e por aí adiante.
ResponderEliminarE o jovem académico chamado para salvar Passos Coelho de tacho em tacho lá vai progredindo. Na minha casa é que ele não entra, quando aparece ao lado do outro verboso, faço logo "Desligar".
ResponderEliminarSe Passos Coelho fosse levado à Justiça e fosse obrigado a explicar porque criou uma crise artificial provocando assim vastos danos na população portuguesa os pafistas e privilegiados como Poiares Maduro, João Miguel Tavares, Manuel Carvalho, Helena Garrido, etc. talvez não seriam tão levianos no que diz respeito às “reformas estruturais”, e nós sabemos bem o que os pafistas pretendem com “reformas estruturais”. Quem é que ainda se deixa enganar com as “reformas estruturais” neoliberais?
ResponderEliminarLamentavelmente são muito poucos os que admitem a necessidade de levar à Justiça o Governo PAF, os responsáveis da Comissão Europeia, do FMI e do Banco Central Europeu por crimes económicos contra a humanidade.
Se acham que esta situação euro-liberal-austeritária-anti-democrática é sustentável estão enganados, não é sustentável. Por muito que os propagandistas da manipulação social digam o contrário é do interesse da maioria alterar a situação o mais rapidamente possível.
É óbvio que a austeridade não é resultado da fúria do “Deus Mercado” mas resultado da vontade das “elites” europeias.
Neoliberalismo é um violento ataque a tudo de bom que a sociedade conseguiu construir, e a partir de 2008 os neoliberais deixaram de esconder as suas sórdidas ambições.
Nós precisamos de facto de reformas estruturais, por alguma razão “reformas estruturais” passou tão bem junto da população mas as reformas estruturais que precisamos são as que tornam o trabalho o garante da dignidade, um trabalhador com o poder de decidir o seu destino.