quinta-feira, 4 de março de 2021

Um preço social muito grande


«Já há muito tempo que nós sentimos a necessidade de reabertura das escolas. Claro que não viemos antes a público defender a nossa posição porque compreendemos que durante um período essa abertura seria impossível, ou difícil, devido à situação vivida no país. Mas neste momento o encerramento das escolas está a ser demasiado prolongado. As crianças não são os grandes transmissores da infeção na comunidade».

Das declarações de Inês Azevedo, presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), ao Jornal da Noite, ontem na SIC. Esta associação, juntamente com a direção do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos (CEP-OM) e a Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente (CNSMCA), subscreveram uma Carta Aberta em que assinalam a urgência de reabertura faseada das escolas e «a integração das crianças em atividades adequadas às suas reais necessidades», alertando para o impacto que «a doença covid-19 tem sobre estas ao nível do desenvolvimento, da aprendizagem, dos comportamentos, das rotinas e no relacionamento familiar e social».

Estas organizações lembram ainda que «desde o início se verificou que as crianças eram pouco afetadas, apresentando em regra doença ligeira, com casos muito esporádicos de doença grave, e cedo se percebeu que, em contraste com outras doenças virais mais conhecidas, contribuíam pouco para a disseminação da doença (...), não se tendo verificado surtos relevantes com origem nos estabelecimentos de ensino», em resultado da eficácia dos planos definidos para o início do ano letivo e da «boa adesão de profissionais escolares e de alunos» aos mesmos.

Considerações em linha, aliás, com as da presidente da Associação Portuguesa de Epidemiologia (APE), Elisabete Ramos, que afirmou recentemente que «os benefícios de reabrir as escolas são muito maiores do que o risco», alertando para o facto de este confinamento estar a deixar «consequências graves a vários níveis e está também a contribuir para agravar as desigualdades sociais», defendendo por isso que «fechar escolas é sempre a última medida», uma vez que o seu «preço social é muito grande».

12 comentários:

  1. A Europa... esse farol de bom senso, competencia e boa gestao prudente neste tema do COVID...
    Mostre-me um mapa do que se esta a fazer nos EUA e Brasil e ficarei deveras deslumbrado.

    ResponderEliminar
  2. Se reparar bem, o que aqui está em causa não é «a Europa», são países, são Estados europeus.

    ResponderEliminar
  3. Nuno Serra,
    Se isso o faz feliz, tem autorizacao para substituir ou ler "Os Paises Europeus" em vez de "A Europa no meu comentario de 4 de março de 2021 às 15:51...
    Nao se esqueca e de me mostrar tambem um mapa dos EUA e Brasil para nao me deixar aqui neste insatifatorio estado meio-gravido de meio-deslumbramento.
    Deslumbre-me na totalidade sff...

    ResponderEliminar
  4. O mapa é esclarecedor, mas não entendo as criticas que fazem ao seu trabalho que demonstra o preço social que se está a pagar pelo fecho das escolas. Pior, será ver em que estado ruinoso está a saúde de muitos professores - alguns têm de se sacrificar a reuniões sem fim à vista.
    Acredito que muitos daqueles que vêm aqui criticar negativamente o seu trabalho, fazem parte desse mundo egoísta que não entende, nem quer entender o trabalho dos professores nas escolas.

    JN

    ResponderEliminar
  5. Ainda as escolas. Define 'criança', para a afirmação do 'nao são os grandes transmissores', e depois discutimos.
    A França vai confinar. A Itália idem. O Nuno Serra está com pressa de quarta onda. Lá chegaremos ou não fôssemos 'bons europeus'. Tanto entusiasmo pela Europa que tem quando acha conveniente.

    ResponderEliminar
  6. Este é um daqueles momentos em que de pouco vale ouvirmos a cacofonia de opiniões e é preferível confiar nas autoridades de saúde. É necessário abrir as escolas? Claro, mas é preciso primeiro ter a certeza de que a situação está sob controle, porque a sua abertura vai ocasionar com certeza circulação adicional e uma vez saídas de casa, é difícil convencer as pessoas a lá regressarem...

    Como vimos em Janeiro, só a arma do medo (leia-se uma explosão de casos em UCIs) é que convence quem quer que seja...

    ResponderEliminar
  7. Dizer que há razões para abrir escolas é constatar o óbvio.
    O problema é que esse raciocínio aplica-se a todos os sectores de atividade.
    O que me incomoda um bocado é quando se inventam razões que não existem para justificar a abertura das escolas.
    Não acredito que abrir estabelecimentos que, nas grandes cidades têm em simultâneo cento e tal adultos de meia idade e várias centenas de alunos é menos perigoso do que abrir o comércio de rua, ou servir bicas à porta num café.
    Utilizar o número de infetados conhecidos em escolas não é sério, a menos que tenha estudos para as outras atividades e considere as estatísticas do ministério de educação fiáveis (seria a primeira vez que tal acontecia).

    ResponderEliminar
  8. O problema também está em motivos para tanta cautela em relação à abertura de escolas e outros estabelecimentos.
    Disseram às pessoas para estar em casa e o que mais se vê nas ruas da cidade de Lisboa, é gente na rua, de bicicleta, a passear o cão. Na televisão, vemos jogadores de futebol a festejar golos marcados com abraços e beijos.
    A comunicação social culpa os professores e as «criancinhas» pelo aumento e diminuição de casos do Covid, mas pouco diz dos exemplos dados pelo futebol, ou recente exemplo do funeral do ex-guarda-redes de andebol, Quintana, transmitido em direto e que foi contra as normas de saúde.
    Aquilo que se faz, através destes textos, é discutir a ideia que as escolas são decisivas para o estudo da transmissão de casos de Covid. Para mim, a discussão é válida, porque todos os dias as televisões e a imprensa dão imagens e provas de contradição.
    Alguém os vê a castigar o futebol, do mesmo modo como castigam e perseguem as escolas e os professores? Serão capazes de encerrar os estádios de futebol, como se fez em Março e Abril do ano passado?

    ResponderEliminar
  9. "Whataboutism" a 5 de Marco de 2021 as 15h09

    ResponderEliminar
  10. «A Europa... esse farol de bom senso, competencia e boa gestao prudente neste tema do COVID...
    Mostre-me um mapa do que se esta a fazer nos EUA e Brasil e ficarei deveras deslumbrado.»

    Isto é mais "Whataboutism", Lowlander.

    ResponderEliminar
  11. Como explica o autor o que se passa em Bollate, Milão?
    É um surto irrelevante? Inconveniente para a narrativa que promove, com certeza.
    Foram só 59 irrelevantes que ficaram doentes. É só uma parte da subida irrelevante de mais de 30%, numa semana, de casos detectados em escolas na região. Numa das regiões que mais infecções já tinham sofrido. Caso o Nuno Serra seja adepto da imunidade da manada. Em Portugal o governo sequer publica os números detalhados de casos em escolas, ou são irrelevantes?

    ResponderEliminar
  12. Mas porquê os casos nas escolas, anónimo (que escreveu o comentário de 8 de março de 2021 às 01:52)? Porquê a mesma narrativa apresentada pelos telejornais de todos os canais da televisão? Porquê esta ideia que as escolas estão por detrás dos contágios?
    Porque não usa a lógica e começa a ver onde existem contradições nas reportagens transmitidas na televisão? Onde estão os ajuntamentos? Onde não se praticam os distanciamentos e onde não se cumprem as normas de saúde?

    ResponderEliminar