segunda-feira, 29 de março de 2021

Ligações


A moeda também é um símbolo da soberania do Estado, servindo para sublinhar uma cadeia do tempo, feita de renovadas memórias de um passado que é portador, também pela mudança, de futuro. A nova nota de cinquenta libras expressa valores, homenageando Alan Turing, um dos pais da computação, perseguido e punido pelo Estado britânico pela sua homossexualidade. E nunca se esqueçam da informação que consta de cada dólar: “confiança” e “esta nota tem curso legal para dívidas públicas e privadas”. A soberania monetária é uma condição necessária, mas não suficiente, claro, para a confiança no poder de Estado.

Não por acaso, a inscrição nas notas de heróis nacionais parece ser uma declinação simbólica da necessária ligação entre Tesouro e Banco Central, fazendo com que a política monetária esteja articulada com a política orçamental. Isto permite enfrentar as forças da incerteza, quebrando tabus neoliberais. Há um povo num território para cuidar. A fronteira política é aí mais relevante para o que se passa no processo processo de provisão a que se chama economia, ou seja, a democracia pode ser mais relevante. Isto está tudo ligado: olhem para a miséria simbólica das notas de euro...

2 comentários:

  1. Vai ser um drama quando os meios de pagamento digitais eliminarem de vez notas e moedas e ficarmos sem "declinação simbólica da necessária ligação entre Tesouro e Banco Central".

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  2. Os servos prediletos dos senhores neofeudais, como o anónimo da 01:14, lá vão sonhando com o fim da economia monetária e de mercado. Dizem-me liberais, fazem-se passar por modernos mas é um regresso ao passado que desejam com todas as trocas controladas por uma aristocracia da finança.

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