Está à vista o fiasco do presidente dos ricos franceses, o das reformas fiscal e laboral regressivas, um dos heróis dos europeístas de demasiados partidos, o que tira aos pobres para dar ao ricos. O orgulho científico-técnico da nação francesa foi ferido por causa do fiasco das vacinas, da incapacidade de produção, devido ao abandono pelo Instituto Pasteur do desenvolvimento atempado de uma vacina francesa, à incapacidade de distribuição, devido à entrega dessa missão à incompetente Comissão Europeia. Os ideais iluministas são feridos por um presidente que lança dúvidas infundadas sobre as vacinas dos outros por puro despeito. Temos alertado para o risco: Macron 2017 = Le Pen 2022. É esta a referência de António Costa?
Macron é um euro-liberal que dá lições de “direitos humanos”, deixando pelas ruas e rotundas do país centenas de cidadãos feridos, estropiados, pela repressão policial aos valorosos coletes amarelos. Dá lições e vende armas à Arábia Saudita, um aumento de 50% em 2019 face a 2018. O regime saudita é no Iémen responsável pelo que é provavelmente o maior desastre humanitário do sistema internacional; uma monarquia absolutista, exportadora de petróleo e de fundamentalismo islâmico, que tem no bolso escroques como o italiano Renzi. Este diz que “a Arábia Saudita é o novo renascimento”, declarando a sua inveja pelos baixos custos laborais do país, ao mesmo tempo que faz cair o governo de Conte, o que teve algumas veleidades progressistas na resposta à crise. O colapso moral do neoliberalismo progressista é total, como o da sua variante reaccionária, de resto.
Como sempre, a única esperança está no soberanismo, espera-se que mais consequente, de Jean-Luc Mélenchon a Arnaud Montebourg. Pode ser que ainda haja tempo para evitar a versão gaulesa da ruína romana, prestes de novo a ser varrida pelos bárbaros da Goldman Sachs, os austeritários que os europeístas tanto veneram por terem salvo o euro: tudo indica que Mario Draghi vai ser Primeiro-Ministro, sem passar pela maçada das eleições. Quer acabar o serviço que começou no Tesouro italiano do início dos anos noventa em diante, tendo sido um dos que pensou no vínculo externo a ser forjado pelo euro para destruir na prática a constituição anti-fascista italiana, a que estava fundada nos valores do trabalho que cria tudo o que tem valor.
A solução proposta pela Sanofi-Pasteur não funcionou. Correu-se um risco. Acontece. Esta empresa vai, e bem, produzir vacinas da Pfizer (a tecnologia mais inovadora) para colmatar os atrasos na sua produção.
ResponderEliminarSe decidir produzir a Sputnik V, quando esta receber a aprovação europeia, também será uma excelente ideia.
A postura do João Rodrigues nesta matéria parece que não sai dos 'Mísseis russos, Vénus, mísseis americanos, Miami Beach!'
Daqui: https://en.wikiquote.org/wiki/One,_Two,_Three, do tempo em que os americanos sabiam rir com humor genuinamente corrosivo acerca de toda a gente...
Há quem se aperceba da farsa e quem para ela contribua...
E sabe, da última vez que um líder comunista prometeu enterrar o capitalismo a previsão saiu-lhe bastante ao lado...
E, seja como for, por maior que seja a hipocrisia ocidental, envenenar um líder da Oposição, deixá-lo sair do País para que se salve e prendê-lo quando regressa livremente por violação dos termos da liberdade condicional é digno de uma daquelas boas piadas soviéticas.
Como a do juiz que sai de um tribunal a rir à gargalhada. O colega pergunta-lhe o que foi e ele responde que acabou de ouvir uma excelente anedota. Quando instado a contá-la responde que não pode porque acabou de dar cinco anos a um gajo por causa dela...
Enfim, parece que não saímos mesmo do registo da farsa...
Montebourg tem hipóteses de ser eleito mas só se tiver o apoio unificado da esquerda (verdes, socialistas, insubmissos, etc). Acontece que para esse cenário se realizar tem de passar à segunda volta (La Palisse oblige) e para ter alguma chance de o conseguir é preciso que Mélenchon, Jadot, Hidalgo (entre outros) abdiquem das suas candidaturas engolindo de caminho os seus enormes egos. Eis um hercúleo desafio, se algum o for. A chatice é que é bastante provável que todos eles venham a ser candidatos, e assim corremos sérios riscos de que a segunda volta seja um remake da de 2017. Escusado será acrescentar que desta vez não basta tapar a foto do Macron para pôr a cruzinha nele, vai ser preciso também tapar (bem!) o nariz. Essa pequena diferença faz da operação um exercício de equilibrismo muito mais delicado e certamente -tragicamente- para lá das capacidades moralo-motoras de muitos daqueles que em 2017 ainda lá foram dar um pontapé no rabo dos fachos. Espero - contudo sem grande esperança - que um número significativo tenha aprendido alguma coisa com a eleição do Trampas e sobretudo que estejam bem conscientes de que a V República francesa é bastante mais frágil (mais piramidal ainda) do que a sua congénere de além-mar.
ResponderEliminarUm pouco em conexão com o tópico. Os combustíveis, em época de redução do consumo, continuam a subir.
ResponderEliminarNão de fica a tal interseção das curvas da oferta e procura para a formação dos preços?!
O Governo a coberto da tal política de incentivo a energia verde, aplaude e vê os cofres a encher. Os amigos das petrolíferas agradecem!
Infelizmente, os proveitos não descem na cadeia alimentar e ao nível dos cidadãos dos países produtores, zero no bolso!
Já agora, não há uma palavra humanitária para o que se passa em Angola no Cafunfo?!
Nuno
O estado social Frances (dívida pública 100%) depende do capital depositado na banca francesa.
ResponderEliminarPor isso Mácron criou condições para o regresso das grandes fortunas. Não é por amizade aos ricos, já que a estes não falta aonde guardar o dinheiro.
Não é por ganhar a esquerda que isso muda.
Seria preciso mesmo mudar tudo.
"A solução proposta pela Sanofi-Pasteur não funcionou. Correu-se um risco. Acontece. Esta empresa vai, e bem, produzir vacinas da Pfizer (a tecnologia mais inovadora) para colmatar os atrasos na sua produção."
ResponderEliminarExatamente.
E mais. Os produtores da vacina Sputnik V já fizeram o pedido à EMA para avaliação da mesma? Ou vamos (a Europa) deixar de avaliar autonomamente as vacinas (e medicamentos) a ministrar nos países europeus? Nem as aprovações da FDA são consideradas automaticamente pela EMA ...
E já agora, quando voltamos a ter notícias disto?
ResponderEliminarEurico Brilhante Dias: Produzir a vacina da Covid-19 em Portugal? “Isso é um trabalho que estamos a fazer”
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/eurico-brilhante-dias-produzir-a-vacina-da-covid-19-em-portugal-isso-e-um-trabalho-que-estamos-a-fazer-664747
Neste particular em que não estamos dependentes da "incompetente" Comissão Europeia, o resultado é este. Anúncios e mais nada.
E por falar em "orgulho científico-técnico da nação", neste caso a portuguesa: o aconteceu com a produção dos ventiladores portugueses, inúmeras vezes anunciados? Ainda a semana passada os médicos alemães que vieram colaborar com o SNS trouxeram 50 ... Não somos ainda auto-suficientes em ventiladores? Parecia, pelas notícias ...
ResponderEliminarO mesmo problema parece alastrar-se agora às seringas adequadas para ministrar as vacinas. Não temos uma indústria de moldes pujante (sem ironia)?
É aqui que se vê a realidade da utopia de proteção à produção nacional ...
"Lá...como cá!"
ResponderEliminarA subserviência das elites instaladas,
busca o respaldo do supra-nacional,
renegando o POVO e traindo a SOBERANIA.
Depois...começam com "teses marcianas",
à volta do populismo!
Mais um post excelente de João Rodrigues. Directo e claro, frontal e fundamentado
ResponderEliminarA como responde a isto Jaime Santos?
Fazendo o papel de clown. Empurrando a discussão para Bill Wilder em jeito de alibi pela sua impotência argumentativa. Dizendo clichés sobre a capacidade dos americanos rirem com "humor genuinamente corrosivo acerca de toda a gente" (sabemos o que era toda a gente e como era toda a gente. De resto aliás como muita gente)
Nem uma única palavra sobre o que é denunciado.
Macacadas usando piadas de outros. De Macron, aquele silêncio pesado de quem lhe andou a fazer campanha. De Renzi e de Draghi, aquele silêncio cúmplice de velhos companheiros de.
"Há quem se aperceba da farsa e quem para ela contribua..." E Jaime Santos resolutamente avança para dar a sua contribuição
Infelizmente a coisa não acaba aqui
ResponderEliminarTemos direito aos ditos de "um líder comunista (que)prometeu enterrar o capitalismo (e em que) a previsão saiu-lhe bastante ao lado..."
Quem ? Como? Quando? Não quererá JS aprofundar o tema, em vez de ficar por esta conversa de fofoqueira num programa televisivo matinal? Este dito é, como se sabe, um argumento relevante para o debate. Jaime Santos está assim tão aflito para assim o usar?
A confirmação que o está ( e mais além) é a sua fuga para os braços da teoria alimentada pela bufaria do lado de cá, sobre o envenenamento e a ressurreição, esquecendo-se JS da credibilidade da coisa. Disso e doutra coisa melhor. Das provas da coisa. Parece que Lavrov foi particularmente duro, porque consta que a rússia tem pedido insistentemente por provas e até agora nada. A bufaria respondeu à Jaime Santos. Fugindo em tropel para ver se não notavam a vacuidade da coisa.
Mas impressiona tal nível argumentativo
Termina JS em jeito de farsa. Com uma velha piada. O silêncio sepulcral sobre a essência da coisa é o espelho da decadência de quem vê passar o mundo ao lado e teima que o mundo é aquele que está preso nas suas grilhetas queridas.
Nem vale apena esboçar um sorriso. Não há nada de cómico em observar quem está reduzido a estas figuras de contador de anedotas para entreter o pagode
A impotência é tramada
Não entendi o humor de Jaime Santos. Será que este comentador acredita no que escreve?
ResponderEliminar«Daqui: https://en.wikiquote.org/wiki/One,_Two,_Three, do tempo em que os americanos sabiam rir com humor genuinamente corrosivo acerca de toda a gente...»
Em que gruta do tempo viverá Jaime Santos?
Não se entende o humor de Jaime Santos e repete-se o humor de Jaime Santos? Não está mal para tais mal entendidos
EliminarMais uma vez infelizmente temos outros protagonistas ( ou outro) para nos afastarmos do que se debate.
ResponderEliminarO "nuno" tenta atirar para os combustíveis e para a "interseção das curvas da oferta e procura", fazendo lembrar a segunda derivada de Passos e as asnices complementares. Incomodado com o andar da carruagem, "nuno" protesta por não lhe publicarem o que um neoliberal quer que publiquem. A sombra ténue entre um neoliberal e um censor, a determinar o que se discute, tem assumido bastas vezes o multinick "nuno"
Temos depois a tentativa de defesa de Macron e o seu "regresso das grandes fortunas". Demasiado idiota para perder mais tempo com ele
Em seguida temos outro (ou o mesmo,lol) a dissertar sobre as boutades de Jaime Santos e sobre a "tecnologia mais inovadora". Estes ainda não repararam que aqui o que está em causa não é propriamente a "inovação" mas outra coisa. Mas na sua pressa em acenar com a cabecinha em concordância com JS, o referido "anónimo" disparata e tergiversa sobre o pedido à EMA por parte das entidades russas.
Os ignorantes são assim. Não sabem do que falam e ignoram o que deviam saber
O mesmo ignorante volta a um outro tema, em que tenta desculpabilizar a incompetente União europeia. Então e a produção da vacina em Portugal , como um governante dizia há menos de 3 meses?
Também para estas idiotices já demos. Quando Portugal romper com as teias que a UE lhe impõe pode ser que possa produzir outras vacinas não protegidas pelos lobbies farmacêuticas.
E agastado com a actuação de Portugal, investe contra os ventiladores e contra as seringas, como antes investira contra o frio que era o verdadeiro responsável pelas mortes.
Enquanto fala das seringas "esquece-se" do principal. Das vacinas e da incompetência dos padrinhos. Enquanto fala nos ventiladores "esquece-se" do fundamental. A tentativa de asfixia do SNS por parte da governança neoliberal
( De aleixo nem vale a pena falar. O toque do amigo holandês já não escapa a ninguém)