É uma espécie de versão pós-moderna do fardo do homem branco do norte: os pobres do sul dito global, vítimas sem agência, hão-de ser resgatados por uma falange de ONG, filantrocapitalistas e multinacionais com responsabilidade social, reunidos numa qualquer iniciativa dita global, à qual FMI e Banco Mundial não faltarão. Se tudo falhar, há sempre o intervencionismo humanitário armado. E os refugiados que daí resultam dão sempre boas oportunidades para fotos ao lado de políticos ocidentais com muitos afectos para distribuir.
Felizmente, o mundo parece pular e avançar para lá de tal ideologia, onde não falta uma versão ultra-individualista dos direitos humanos, os que começaram por enfatizar o direito colectivo à autodeterminação, como se sabe da história, antes de serem diluídos nesta versão altamente compatível com o neoliberalismo.
A cooperação internacional funcional nunca passou por tais despautérios perigosos. Nas vacinas, por exemplo, valem-nos os modelos estatais e os acordos que países como a Rússia e China estão a fazer com dezenas de Estados por esse sul afora, bem como a iniciativa diplomática de Estados como a Índia, com capacidade industrial nesta área, ou a África do Sul, em linha com o seu combate de sempre contra as patentes das multinacionais farmacêuticas ocidentais. E não nos esqueçamos de Cuba, fiel a uma história de internacionalismo saudável.
As iniciativas diplomáticas sino-russas de resto preocupam muita gente na imprensa financeira do centro e não só, dada a perda potencial de influência do Atlântico norte. A multipolaridade, que aumenta a margem de manobra, tem de ser o futuro e o desenvolvimento das potencialidades dos Estados também.
Vem aí um novo terceiro-mundismo, agora dos que têm poder tecnológico para competir com as empresas do sempre odiado mundo que dá de comer à 'intectualidade progressista'?
ResponderEliminarConfessemos que esperávamos um pouco mais. Há aqui algo demasiado medíocre, a raiar o rasca, que denuncia algum desespero da parte de Jose
ResponderEliminarDar de comer a?
Quem dá de comer ao mundo é quem trabalha, não são os "emprendedores" que orbitam entre um salazarismo serôdio e o dandismo dos porno-ricos aflautados
"Só há metade das vacinas previstas para este trimestre"
ResponderEliminarEis como as empresas à Jose cumprem os seus contratos e como a UE de Jose gere as vacinas
(Jose claro, prefere falar na comida. A impotência tem as cores do transtornado jose)
A frase inicial pode ler-se mo Público. Onde também se pode ler de um insuspeito personagem, José Pedro Teixeira Fernandes ( de que não sou apreciador), o seguinte no seu último artigo:
" Os sinais de que estamos a entrar num mundo pós-americano são cada vez mais evidentes. Existem no plano político, económico, militar e tecnológico. São observáveis quer no hard power, que é um poder de coerção assente sobretudo na força militar, mas engloba outros instrumentos políticos e económicos como a capacidade de aplicar sanções de forma eficaz; quer no soft power, que é essencialmente um poder de atracção e de sedução com múltiplas facetas, que vão desde o comércio à cultura, passando pelo modelo político e institucional."
O mundo pula e avança. A multipolaridade racha o domínio do império americano. Jose fala em forma de desprezo em terceiro-mundismo.
Artigos como este vindo do seu terreno de conforto, devem-lhe fazer muita impressão.
Artigos como o de João Rodrigues cavam mais fundo e levam-no a este espectáculo deprimente aí em cima plasmado
Um milhão de portugueses com vacinas prometidas até ao final de Março não se vão vacinar. Por falta de vacinas. Grande Comissão europeia. Grande UE. Os cadáveres enviam-se para Bruxelas ?
ResponderEliminarSendo o problema das vacinas muito complexo e a atitude da UE e da Comissão deplorável já que deveria já ter provocado a quebra da patente das vacinas e colocar a industria farmacêutica europeia a produzir vacinas gratuitas para todo o Mundo e assim sim afirmar-se a nível internacional não concordo minimamente com apresentar os regimes ditatoriais da Russia e da China, dois exemplos grosseiros da maior exploração capitalista que se pode imaginar como exemplos a seguir nem invocar os mesmos como arautos do multilateralismo que também defendo.
ResponderEliminarpenso que os fins não justificam todos os meios não acredito do snúmeros da China em relação ao Covid tudo na China é objecto de total censura, e efectivamente é muito mais fácil controlar uma pandemia numa ditadura do que numa democracia o que não nos pode levar a ter qualquer simpatia ou admiração por esse tipo de soluções.
Gonçalo Avelãs Nunes
Desesperado, transtornado... o que mais convenha ao consolo de cultores de mantras, que sempre recitam a toda a oportunidade.
ResponderEliminarFalta ali um, o "impotente"
ResponderEliminarReferia-me à impotência argumentativa, claro.
Mas talvez Freud explicasse o consolo procurado por Jose em tal oportuno esquecimento?