1. Em 1992, foi o rescaldo de Maastricht. Em 2000, foi a estratégia de Lisboa. Em 2007, foi o Tratado de Lisboa. As presidências portuguesas têm sido um imenso sucesso para a imaginação do centro, aquele momento em que elites de um país assim cada vez mais periférico fingem que contam no que designam por Europa.
2. Em 2021, a farsa continua, em versão cada vez mais degradada, até dada a crescente irrelevância formal da presidência rotativa. É uma oportunidade para ocupar páginas de jornal com propaganda europeísta, perante a indiferença generalizada, a ignorância racional da maioria. De Augusto Santos Silva a António Costa, os artigos são ilegíveis, um somatório de slogans, destinados a disfarçar o quão vazio é todo o exercício.
3. Nestas alturas, o jornalismo transforma-se ainda mais num braço da Comissão Europeia e do governo. No seu afã pseudo-pedagógico serve-nos organogramas do processo decisório lá longe, em Bruxelas. O efeito não intencional é interessante, dando a ver um novelo de opacos acrónimos destinados sempre a articular duas dimensões: a de classe, dado que o capital, um certo capital, é estruturalmente mais favorecido na escala supranacional, e a geopolítica, dado que a Alemanha manda cada vez mais.
4. De resto, o equilibrismo geopolítico da Alemanha, perante fissuras crescentes, parece estar à vista no acordo da UE com a China, que tem deixado algo desorientados os que por cá construíram carreiras às ordens do eixo Bruxelas-Washington. Claro que a Alemanha usa a UE como veículo para defender os seus interesses. Os nossos interesses não são tidos nem achados, acabando sempre por ser sacrificados. Quem acha o contrário tem andado muito distraído nestas últimas décadas.
5. Na ausência de legitimidade pelos inputs, dada a lógica pós-democrática de todo o novelo, resta a legitimidade pelos outputs, pelos resultados. E os resultados não são famosos também em plena pandemia: assimetrias cada vez maiores entre países, política orçamental bloqueada pela lógica austeritária, em flagrante contraste com os EUA, ou incapacidade em assegurar a provisão eficaz de vacinas, por comparação com países realmente existentes e que vão do Reino Unido a Israel.
Como Bill Mitchell demonstrou em 18/4/2017, o crescimento médio da economia Portuguesa é VERIFICADAMENTE, muito inferior, desde que aderimos à moeda única.
ResponderEliminarhttp://bilbo.economicoutlook.net/blog/?s=Portugal+demonstrates
O crescimento verificado nos últimos anos - modesto - tem sido alcançado com rescurso a estratégias de curto-prazo, ao mesmo tempo que abandonamos o investimento público, essêncial para o crescimento a longo prazo.
Os euro-fofinhos celebram, ignorando as classes trabalhadoras, tal como fizeram os euro-fofinhos ingleses.
Só a estupidez garante que este pântano poderá manter-se indefinidamente.
O artigo de Bill Mitchell sobre Portugal, a austeridade, a Troika e o europeísmo devia ser traduzido e publicado no panfleto europeísta de referência Público.
ResponderEliminarMas isto nunca vai acontecer...
A primeira vacina e a mais inovadora de todas, juntamente com a da Moderna, é alemã. Esperar que a distribuição de vacinas fosse fácil num continente como a Europa, é esperar sentado.
ResponderEliminarMas sempre queria ver o que seria do Portugal pobrezinho e soberano e a viver dentro das suas possibilidades que o João Rodrigues advoga. Ia para a fila esperar pelas vacinas, pois claro.
Ah, e já agora, a propósito de Países realmente existentes (e porventura em vias de desagregação), o combate empreendido pelo Governo do Reino Ainda Unido contra a pandemia foi tudo menos egrégio, basta olhar para o número de mortes e para a total desorganização.
Ah, pois, esquecia-me, deve ser isso que significa estar na periferia...
Ou então andar a fazer 'cherry-picking' a ser-se cego em relação aos factos incómodos...
E ainda a propósito de Nacional-Porreirismo convém ler este artigo de alguém que sabe alguma coisa de História, sobretudo de História de Tecnologia e Inovação:
ResponderEliminarhttps://www.theguardian.com/commentisfree/2020/nov/18/cummings-no-10-britain-silicon-valley-moonshot
Deixe-se o monólogo construído inter-nicks daquele cujo nome não se pode nomear (senão ainda se vai queixar ao Público, depois de fazer o choradinho da ordem sobre a segunda derivada em Passos Coelho
ResponderEliminarJS está perturbado. Verdadeiramente perturbado. O RU, (sua anterior referência político-ideológica dum país sem revoluções e que agora lhe fez a desfeita de cumprir os resultados eleitorais), não gosta que lhe esfreguem na cara o óbvio:
"Esperar que a distribuição de vacinas fosse fácil num continente como a Europa, é esperar sentado"
Mais papista que o Papa este JS. Perante as críticas sobre a gestão das vacinas (mais concretamente sobre a "provisão eficaz de vacinas") por parte da UE, o que diza própria UE
A União Europeia admite “dificuldades” por falta de “capacidade de produção”. No dia em que reconheceu uma “insuficiência global” neste aspecto, e quando as campanhas de vacinação na Europa estão atrasadas.
Alguém diga aí a JS para se deixar de fazer estas fitas de donzela hipócrita
JS e essa fé na UE. E no esperar sentado e mais no Portugal pobrezinho e soberano.
ResponderEliminarAntes do Natal, países que já tinham iniciado a vacinação:
Reino Unido
EUA
Canadá
Arábia Saudita
Suíça
China
Rússia
Emiratos Árabes Unidos
México
Chile
Costa Rica
Bahrein
Kuwait
Sérvia
Israel
A Eslováquia, a Alemanha e a Hungria não esperaram por 27 de Dezembro para iniciar a vacinação
(Países assim pobrezinhos e a viver dentro das suas possibilidades. O velho refrão troikisto-passista, mas upa,upa. JS de vez em quando descai-se)
Há mais?
Há. Há aquele ódio de estimação agora ao RU. "O combate empreendido pelo Governo do Reino Ainda Unido contra a pandemia foi tudo menos egrégio, basta olhar para o número de mortes e para a total desorganização"
Mas porque olhar só para o RU?
A Itália tem mais mortos. Para não falar nos USA, Brasil, India, México.E isto falando em números absolutos. Se quisermos ver por milhão de habitantes, temos e apenas na vizinhança, a Bélgica, a Eslovénia, a Bósnia, a Itália,a Bulgária, a Rep Checa ...tudo em pior posição que o RU. Este tem 1 096 mortos por milhão de habitantes. A Espanha aqui tão próxima tem 1 087.
Agora é olhar para os países que privilegiam a saúde dos seus habitantes. Assim também daqueles pobrezinhos e auto-suficientes
Pobre JS. Deve ser por estar na periferia
Cego, surdo e mudo quando os factos lhe desagradam? Isso e pior do que isso. Não hesita em distorcer e manipular os factos, quando tal serve os seus interesses ideológico-pessoais.
(E fina-se em género nacional-porreirismo em versão inglesa. Mas é melhor acabar por aqui, porque senão ainda vem com chantagens sobre os seus putativos votos)
Vergonha o que os “europeístas” tem feito à população portuguesa.
ResponderEliminarMas olhem para eles e elas tão orgulhosos dos seus feitos.
Orgulhosos de um projecto anti-democrático e regressivo que condenou Portugal a uma estagnação que já vai em duas décadas e a uma depressão económica completamente artificial em 2011, disseram que “não havia alternativa”…
Portugal perdeu 9,6% da sua economia no pior da depressão económica provocada pelos euro-fanáticos troikistas!
O desemprego real atingiu os 25%!
Emigraram centenas de milhar!
E entretanto, é como nada disto tivesse acontecido, aí andam eles e elas nas TVs e jornais de +- “referência” sempre com o “mais Europa!”, sempre a mesma ladainha...
Portugal não recuperou disto tudo, a população portuguesa tem sido manipulada por incessante euro-propaganda e foi obrigada a acomodar-se a esta deprimente realidade.
As gerações mais novas acomodadas à precariedade, baixos rendimentos e incapacidade de emancipação, os mais velhos depositados em casas onde simplesmente esperam a morte…
Mas os “europeístas” não querem saber, o que lhes interessa são as suas carreiras em Bruxelas e aparecer na TV e jornais para dizer qualquer completamente irrelevante para a vida da esmagadora maioria da população.
https://tinasnemesis.blogspot.com/2021/01/vergonha-vergonha-o-que-os-europeistas.html
Onde estaria Portugal, onde estaria... Mais à direita, claro. (no gráfico, calma)
ResponderEliminarhttps://twitter.com/battleforeurope/status/1345486826178551811/photo/1
Deixemos os TINA a aparecer nas TVs e jornais como o alfa e omega desta gente. E não vale rir.
ResponderEliminarO gráfico trazido por Paulo Marques é de facto muito útil. É preciso procurá-los bem
Uma grande posta do João Rodrigues
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