O deputado Cotrim de Figueiredo do partido "Ilusão Liberal" defendeu, hoje, no debate sobre a privatização da Efacec (ver 3h32m), agendado pelo PCP, que o caderno de encargos de reprivatização da Efacec proibisse a sua venda - como empresa estratégica - a "empresas detidas ou dependentes de Estados estrangeiros" (3h48).
Tudo em nome da "independência estratégica". E em vez da nacionalização da Efacec defendida por PCP e Bloco de Esquerda, criticada por toda a direita parlamentar, porque... quem pagaria no final era o contribuinte.
A mesma defesa do contribuinte foi feita, tão pouco originalmente, pela extrema-direita no Parlamento, embora sibilamente tenha criticado o PS por nunca ter negociado com os... trabalhadores. Uma esquizofrenia que se espera, um dia, seja resolvida... (4h11m)
Mas retome-se a proposta de Cotrim de Figueiredo.
Que "liberais" tão rígidos! Nunca os imaginaria a impor limites ao mercado, mas sim a vigilância dos resultados pós-venda, a fazer pelo Estado. E parece que o único mal para a "independência estratégica" advem apenas da venda a um outro Estado (aqui imagina-se que seja a China!). Para o deputado, não virá mal ao mundo se for detida por empresas estrangeiras...
Mas admita-se por momentos que esta ideia da consignação a apenas puros empresários nacionais ou internacionais tem pés para andar. Se assim é, talvez fosse bom que o deputado esclarecesse como vai impedir a revenda por parte desses novos proprietários, a empresas "detidas ou dependentes de Estados estrangeiros".
É que conviria relembrar-se o que aconteceu com a banca reprivatizada por Cavaco Silva em nome da criação de grupos nacionais (aqui eram mesmo nacionais!) e que, no final, foi toda parar à banca estrangeira! E também era um sector estratégico.
Relembre-se o escândalo que foi
1) a entrega secreta a António Champalimaud de 10 milhões de contos (qualquer coisa hoje como quase uma centena de milhões de euros!) para que o famoso empresário viesse ao processo de privatizações e recuperasse o grupo financeiro que perdera entre um famoso caso familiar e nacionalização da banca;
2) a compra das acções de bancos nacionalizados por testas de ferro portugueses de bancos espanhóis a quem, mais tarde, revenderam as acções compradas;
3) a venda de todo o grupo financeiro adquirido por Champalimaud - sem gastar um tostão - a bancos espanhóis, tendo a mais-valia dessa operação - que violou o acordo inicial (sem qualquer penalização!) - servido para criar... a Fundação Champalimaud!
E foi assim que se tentou que um sector estratégico como a banca ficasse em mãos "portuguesas". E é desta maneira que os recém-criados e imberbes "liberais" querem defender os interesses estratégicos nacionais.
Muito bom
ResponderEliminarPara os membros do partido Iniciativa Liberal, o sentido da palavra «liberal» pode dar para tudo. Enquanto, em 1820, significava a conquista de direitos, hoje significa a perda de direitos. Liberais para tudo e muito mais.
ResponderEliminarMuito bem. Há um apagamento do conceito de liberal em Portugal!
EliminarMuito do nosso Socialismo tem lá as suas origens
Nuno
O "nuno" está equivocado. Equivocado no nick, equivocado nos conceitos, equivocado no sítio.
ResponderEliminarEquivocado sobretudo no "nosso socialismo"
E manifestamente equivocado no silêncio elevado à segunda derivada perante este desmontar das negociatas de, e com, Champalimaud
Quer que a receita se repita, este "nuno"
Como é que a Iniciativa Liberal poderia garantir que restringindo os possíveis compradores a um ou dois grupos nacionais não haveria preços anormalmente baixos?
ResponderEliminarA ideia parece ser, não nacionalizar, mas dar a um grupo nacional.
Talvez ler a história exemplar de mister Champalimaud
EliminarDar a um grupo nacional para depois o grupo nacional o vender aos grupos internacionais
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