Resumindo, o texto do editor Guilherme Valente no "Expresso" de hoje faz o seguinte: atribui a Mamadou Ba o ódio que o seu (de GV) texto destila, assim justificando-o; apela às autoridades que punam MB por racismo; acusa MB de ignorância iletrada; recomenda que MB saia do país. Não sei como é possível ser-se mais racista.
Tudo isto, acha ele, é legitimado pela sua crença na não existência de raças e na confusão entre essa crença e anti-racismo, de que se afirma arauto com argumentos que, como não podia deixar de ser, incluem o "tenho amigos ____".
[Acontece que toda a gente com um mínimo de educação formal sabe que, de facto, não existem raças do ponto de vista biológico, e MB sabe-o igualmente. Mas "existem", infelizmente, como construções sociais, reproduzidas ao longo da História, com efeitos de discriminação estrutural, sustentada depois por discriminações quotidianas assentes em preconceito - e é isso o racismo. O racismo contra o qual MB combate].
O texto de GV é um exemplo do mais sofisticado e absurdo racismo inconsciente: revela o fantasma do negro que levanta a questão do racismo estrutural como um negro ainda mais perigoso do que o escravo que pode revoltar-se, do que o "turra" colonial, ou do que o papão criminal do bairro social, e acusá-lo de "ser ele o racista" (isto circula muito hoje em dia em Portugal) é a nova forma de chamar "selvagem" e de "blame the victim". E dá um jeitaço: anula toda a discussão sobre o racismo como sistema. Como se atreve o negro a dizer que vivemos num sistema racista, quem é que ele julga que é, o atrevido?
Esperemos o próximo episódio. Será ele sobre a desigualdade de género ser culpa das feministas que não reconhecem que o género não é um facto biológico? Sobre como o seu discurso de ódio é que é sexista? Sobre a sua ignorância letrada porque são mais burras? Sobre mandá-las para casa (coser meias?)?
Integralmente roubado ao Miguel Vale de Almeida
Há-los muitos, de facto. E não merecem a publicidade do link. Antes ser chmado outra vez "traidor da raça" do que carregar naquilo.
ResponderEliminarEstou para fazer uma lista de canalhas graças aos quais não dou dinheiro aos jornais. Além dos donos, claro.
Há os com a idade acumulam sabedoria e sensatez, e os que acumulam burrice e estupidez. Triste GV.
ResponderEliminar"Todas as manhãs e todas as tardes dois terços dos meus compatriotas lêem este gênero de jornais (...), todos os dias são manipulados, advertidos, instigados, tornados ainda mais insatisfeitos e zangados (...)".
ResponderEliminarThomas Mann "O lobo das Estepes"
Bom, quem anda à procura de citações tem que ter mais cuidado.
ResponderEliminarEssa de confundir Thomas Mann com Hermann Hess demonstra mais do que o "comentador" quereria mostrar.
Mas é de facto curioso como método de acção
«Mas "existem", infelizmente, como construções sociais, ...
ResponderEliminarEis o que me encanta nesta coisa do progressismo.
Não são os meus olhos que veem negros, é a construção social por trás dos meus olhos.
Não é o facto de viver entre brancos que me faz ter um negro por estranho, é a construção social que me me impede de uma estética universalista indiferente a variações de de cor ou forma.
Ainda um dia hei-de ser progressista, deve ser um mundo maravilhoso!
«culpa das feministas que não reconhecem que o género não é um facto biológico?»
ResponderEliminarNem pensar! Isso é muito retrógrado, só os selvagens é que achavam a testosterona aumentava a agressividade e que aquela outra coisa fazia as mulheres parideiras e carinhosas para as crias.
Coisa de bruxos e curandeiros mal informados.
Desde quando não existem raças na acepção biológica? Mais uma mantra pós moderno. E já sei, que nega tal mantra só pode ser racista.
ResponderEliminarBom
ResponderEliminarJá ouvimos muitos argumentos para se ser racista
Jose inaugurou uma nova era: É-se racista por uma "questão de estética universalista" sensível "a variações de cor ou forma".
Quando seguia os preceitos de colonialista uberalles, tentava impor o seu conceito estético universalista aos autóctones. Por isso o roubo e a pilhagem destes povos estava justificada aos olhos dos saqueadores e dos predadores. Era tudo uma questão de estética.
Jose encanta-se com estas coisas. Já se encantou com as balls (palavra de jose) do outro traste. É mesmo por isso, por uma questão de encantamento, que jose se encanta com o racismo mais idiota e boçal. E acrescenta-lhe estas deliciosas ruminações filosófico-estéticas.
Ana maria pimentel ferreira já sabe
ResponderEliminarAinda bem. Poupa-nos a ter que lhe dizer.
A ignorância racista é filha de grunhos ou os grunhos são os pais da ignorância racista?
ResponderEliminarDepois da derrota do nazi-fascismo e das suas teorias eugénicas, começaram a ser promovidos estudos por parte de alguns dos órfãos do III reich que defendiam de novo a ideia de raça na biologia
A biologia usa o termo “raça” como uma categoria de classificação dos seres. A vida é dividida em reinos, classes, espécies... Raça, para os biólogos, é um subnível de classificação, também chamado de subespécie. Por exemplo, cães são uma subespécie de lobos.
Para falar em raças biológicas é preciso haver uma diferença genética significativa entre grupos dentro de uma mesma espécie. Nem tão grande que impeça o cruzamento entre eles, e nem tão pequena que não cause grandes diferenças físicas.
Nos humanos não há variação genética que justifique o uso do conceito biológico de raça. Geneticamente, somos uma das espécies mais uniformes do planeta.
É possível achar mais semelhanças genéticas entre uma chinesa e um indígena da Amazónia do que entre, por exemplo, dois escoceses. Há mais diversidade em um grupo de 55 chimpanzés do que em toda a população humana
As diferenças de cor, traços faciais e textura do cabelo que geralmente diferenciam as pessoas em "raças" surgem de uma ínfima porção de nosso DNA.
E mesmo sendo tão próximos e parecidos, isso não foi suficiente para impedir que europeus escravizassem durante séculos povos africanos. Nem para evitar o nascimento do nazismo. Ou para impedir que israelitas levassem à beira da extinção o povo palestino.
Por isso a ignorância racista é muitas vezes algo mais do que simples grunhice. Enche a cloaca dos antros de extrema-direita e tenta justificar assim algumas das pulhices abjectas que esta comete
À força de criticarem sem critério, os fanáticos dispensam-se de começar por perceber o que se lhes diga, e dispensam-se de um mínimo de rigor na crítica.
ResponderEliminarGénero, espécie, raça, povo, ideologia, tudo se dá a uma salada critica de largo espectro, isto é, importa nada o detalhe desde que resulte a censura e uma ampla opção de rótulos a usar segundo o gosto de cada leitor.
s*ìn, s*out
Jose, depois da sua muito pouco estimável contribuição estética para a sua estética racista, lastima-se, para usar a sua peculiar estética, como um vero verdadeiro coitadinho:
ResponderEliminar"A força de criticarem sem critério"
Como acontece com a estética universalista de jose, jose quer que a crítica obedeça ao seu critério.
Olha se o dia 25 de Abril não tivesse sido o "dia da liberdade"? Lá teríamos o jose, de manga de alpaca, com o lápis azul numa das mãos e o telefone directo para a sede na outra?
Jose continua crispado, mostrando agora a sua versão em coisa desencantada:
ResponderEliminar"Género, espécie, raça, povo, ideologia".
Bom, uma salada russa enumerada por jose. Só a ele cabe esta "colecção", só ele é responsável por esta escolha
Que não é ao acaso e que mostra várias coisas:
Em primeiro lugar a sua desonestidade. As palavras não são escolhidos ao acaso, não há qualquer referência nem a "povo", nem a "ideologia"..
Em segundo lugar a sua impotência. Aquilo que ele, canhestramente, denomina como uma "ampla opção de rótulos", tem a precisão do bisturi. "Género e Espécie" na sua concepção biológica, têm um significado concreto, que vai para além das ruminações encantatórias, estético-universalistas ou qualquer outra boçalidade do género, com que jose tenta justificar o injustificável.
Ligado directamente a isto temos a ignorância cabotina. Jose não sabe do que fala. Jose,que andava por aí a gabar o conhecimento do tempo da outra senhora, é afinal produto desses tempos, também no que ao conhecimento diz respeito. O apenas saber ler, contar e escrever, objectivos confessos dum regime caduco e criminoso, afinal não chega.
Mas há um outro ponto a reter. O afirmado "segundo o gosto de cada leitor", é uma farsa. Nos tempos que correm, em que dos antros profundos surgem coisas como o "terraplanismo" ou o "geocentrismo",ver assim refutada pela ciência e pela genética as anormalidades resultantes dos constructos sociais, empolados e manipulados pelo bas fond da humanidade,dá também nisto.
E eis a sua fuga desesperada para um "in" e "out", com que este acantona o seu patético "importa nada".
Porque se adivinha outra coisa. A raiva
Deve ter sido isso que sentiram alguns, quando Copérnico ou Galileu comprovaram que era a Terra que girava à volta do Sol. Era o divórcio entre o pensamento dogmático religioso e o pensamento científico.
Aqui é simplesmente o tirar o tapete do conhecimento ao que não passa do que aí em cima é desmontado. Pesem as contribuições "originais", sobre a estética da coisa e a sua universalidade ou qualquer outra imbecilidade
Eis o bruxo e o curandeiro mal informado. E muito mais...