quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Quebra nos salários: mulheres estão a ser mais penalizadas pela crise

 

No relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a evolução dos salários em 2020, há dois dados que saltam à vista: Portugal é o país europeu com maior quebra salarial entre o 1º e o 2º trimestre deste ano e esta afeta sobretudo trabalhadores mal pagos e as mulheres, acentuando as desigualdades que já existiam. Os salários das mulheres sofreram uma quebra de 16% no país, ao passo que a quebra no caso dos homens foi de 11,4%. Os principais fatores responsáveis por esta tendência, que se verifica um pouco por todo o mundo, são a perda de emprego ou a redução do número de horas trabalhadas.

Não se pode dizer que seja surpreendente. Davide Furceri, Prakash Loungani e Jonathan Ostry, três economistas do departamento de estudos do FMI, já tinham analisado o impacto que as últimas pandemias mundiais tiveram na evolução da desigualdade, concluindo que o índice de GINI aumenta em média 1,5% nos 5 anos que se seguem a crises deste tipo, o que, como notam os autores, é um impacto “grande, tendo em conta que este indicador normalmente move-se lentamente ao longo do tempo”. A explicação para o impacto desproporcional nas mulheres e nos grupos com rendimentos mais baixos também já fora avançada: a crise afeta sobretudo os grupos mais expostos à doença e mais concentrados nos setores de atividade afetados pela pandemia. São estes os grupos que mais sofrem com o impacto das medidas adotadas para travar a propagação do vírus.

Se dúvidas restassem, os dados da OIT confirmam-no: não é tempo de contenção orçamental a pensar no défice.

6 comentários:

  1. Porque insistem em separar as mulheres dos grupos de baixo rendimento?

    ResponderEliminar
  2. Evidência: a igualdade não se decreta.
    Talvez se o Estado deixasse de sustentar empresas insustentáveis (estão a ver aqueles 25 biliões de calotes que desapareceram em 2008?), talvez fosse possível excluir do mercado as empresas ineficientes e que se regem por regras do sec. XX e talvez fosse possível dar espaço às empresas do sec. XXI.

    ResponderEliminar
  3. Empresas do século XXI ?

    Tipo Novo Banco?

    As"empresas insustentáveis",as tais dos "calotes", as tais da crise financeira do capitalismo, crise que não ocorreu no século XXI, já que foi em 2008?

    Este tipo faz-me lembrar aquele tipo que aparecia montado na segunda derivada de Passos Coelho (e agora nas regressões lineares à carvalho)
    A aliteracia do sujeito era proverbial

    ResponderEliminar
  4. «Porque insistem em separar as mulheres dos grupos de baixo rendimento?»

    Quem pergunta ignora a regra primeira do progressismo: separar e agrupar.

    Nada se resolve sem luta de classes e o progressista é autor e árbitro nessa luta.
    Tudo se processa entre explorados e exploradores e o progressista é que define quem é uma ou outra coisa.

    Num grupo de baixo rendimento sempre há o grupo dos suspeitos de machismo patriarcal e as tadinhas, sempre regularmente oprimidas com tampões e outros instrumentos repressivos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O mau gosto deste comentário mostra o nível destes machões ibéricos, caducos e repassados. Alguém quer dar um tampão a este frustrado?

      Eliminar
  5. Mau gosto é pouco

    O marialvismo serôdio dá nisto. A condição de classe também. A pesporrência ideológica idem,idem...

    O resto é a imaculada educação de quem teve por mestres os mestres que mestravam antes de Abril

    ResponderEliminar