quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Pandemia, população e território

A ponderação do número de casos e de óbitos pela população residente tem sido o principal critério para aferir, comparar (e até decidir) a incidência territorial e o grau de risco associado à pandemia Covid-19. Tratando-se de um indicador útil e dificilmente dispensável, essa ponderação comporta contudo o risco de assumir como idênticas ou equivalentes situações muito distintas. De facto, quando se pondera o número de casos ou de óbitos, pela população de uma dada unidade territorial, não se está a considerar o grau de densidade ou de concentração e dispersão da sua ocupação, que influenciam, do modo significativo, as próprias dinâmicas de contágio e de risco.

Assim, numa mera aproximação a fatores de natureza espacial, entre muitos outros que podem e devem ser considerados, talvez valha a pena complementar - à ponderação pelo número de habitantes - a ponderação por área (Km2) ou pelo grau de concentração da população (segundo a dimensão dos lugares, por exemplo). Os mapas seguintes, à escala concelhia, mostram justamente as diferenças que se obtém entre as duas primeiras abordagens (população e superfície), constituindo o terceiro um exercício de síntese, no qual sobressaem os municípios com um número de casos por habitante e por Km2 simultaneamente acima da média.


Com dados acumulados até 26 de outubro, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto passam a destacar-se de forma clara neste exercício de combinação das duas variáveis. É nestes concelhos e territórios, de facto (e apenas com a exceção do Entroncamento), que se registam valores de casos por habitante e por Km2 simultaneamente acima da média. Por seu turno, e face à ponderação pela população residente, a ponderação por Km2 tende a esbater os valores registados no resto do país e, de modo particular, em algumas áreas do interior. Seja como for, o resultado sugere uma aproximação mais definida a padrões territoriais de incidência e risco da pandemia em Portugal.

14 comentários:

  1. O caso do Entroncamento poderá ter relação com a quantidade de população que dorme aí e trabalha em Lisboa?

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    1. Nós cá tivemos o caso infeliz do lar dos Ferroviários. Mas agora ficamos a saber que é por causa das filas de malta a irem para Lisboa. Vamos de carro e de comboio que ê para isso que cá está para irmos trabalhar para Lisboa
      Este parece o outro

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    2. O caso infeliz do lar dos ferroviários terá sido geração espontânea do vírus dentro do lar?

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    3. É como as filas que todos os dias se firmam aqui da malta que trabalha em Lisboa
      Geração espontânea.

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    4. Mas descanse que o Covid não ê por geração espontânea
      Já aquilo que se passa na cabeça de alguns de fora é o que se vê

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  2. :)

    Vale a pena, sim!

    Aproveito para me retratar pelas palavras excessivas que noutro comentário coloquei ao autor. O sangue jovem pulsou-me com outro tipo de força naquela vez. A sua inteligência sai inabalável nesta publicação (e julgo que o espaço de crítica se demonstrou importante).

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  3. As estatísticas são uma das melhores forma de mentira.
    Sabemos quantos dos mortos eram utentes de lares de idosos? Não!
    Sabemos quantos infetados eram trabalhadores da economia do biscate (em inglês gig economy)?
    Gente que andou sempre a circular de casa em casa, a entregar pizzas e hamburgueres.
    E aqueles que cobram o dinheiro à porta do cliente e fazem trocos?
    Num estado Australiano, acharam estranho a morte recente de 5 TRABALHADORES PRECÁRIOS de plataformas de sharing e vão investigar, 1 ano depois da pandemia ter começado a expandir-se (se é que começou em finais de 2019).
    Sabemos qual o risco de contágio nas casas de banho públicas, como as dos centros comerciais, por exemplo?
    Os infetados também usam as mesmas casas de banho que os não infetados.
    Se um infetado esteve num cúbiculo sentado na sanita, o que vai a seguir vai respirar o ar contaminado (e até é capaz de tirar a máscara, porque está sozinho e sente-se seguro), senta-se na sanita contaminada, passa as mãos no papel higiénico, no puxador da porta, no botão do autoclismo onde o outro já tinha passado.
    Infelizmente, ficou tudo em pânico com medo do sistema histérico-mediático. Limitaram-se a seguir as patéticas recomendações da OMS para não se comprometerem e o resultado está à vista.

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  4. Nuno carvalho e a sua "retratação"

    Lolol

    Não foi só isso. Foi um autêntico baile.

    https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2020/11/tempos-dificeis.html

    joão pimentel ferreira e as suas fitas habituais. Agora numa de lambe-botas a ver se assim passa

    O coitado esquece-se que já tinha tentado usar o mesmo disfarce de lambe-botas alheio, quando, naquele seu jeito peculiar de aldrabão barato, comentava outro texto de Nuno Serra:
    "Agora sim, sr. Nuno Serra. Agora você foi no ponto. Agora nós conseguimos enquadrar os dados com a problemática - da mediação da informação.

    Agora é o "espaço da crítica" e a "inteligência inabalável".Mais as botas de merkel e o ministro holandês. E o "sangue jovem" de canastrão decrépito

    Pobre JPF.

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  5. Mas depois desta cena de cabaret da coxa, temos "isto":

    As estatísticas são uma das melhores forma de mentira e os infetados eram trabalhadores da economia do biscate em inglês.Gente que andou sempre a circular de pizzas e hamburgueres.E aqueles que cobram à porta do cliente num estado Australiano e nas casas de banho públicas por exemplo.Se um infetado esteve num cúbiculo , o que vai a seguir vai respirar porque está sozinho e senta-se no papel higiénico, no puxador da porta, no botão do autoclismo.

    "Infelizmente, ficou tudo em pânico com medo do sistema histérico-mediático. Limitaram-se a seguir as patéticas recomendações da OMS para não se comprometerem e o resultado está à vista".

    O que dizer disto?
    O que faz lembrar?

    Quem diz que ficou tudo em pânico e desbobina estes disparates à WC? Que patética coisa que de forma patética saliva pateticamente contra a OMS?

    Faz lembrar Trump

    ...e mais quem?

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  6. Caro Sonas, o caso do Entroncamento terá sobretudo que ver com a própria área do concelho, muito exígua, e com um contingente populacional significativo (ou seja, com a densidade populacional propriamente dita). Algo semelhante se passará com concelhos como São João da Madeira ou Espinho, também eles concelhos «pequenos», com a diferença que estes últimos integram a AMP, já de si crítica em termos de pandemia. Não excluindo, evidentemente, que a este fator se possa juntar a proximidade a Lisboa e as mobilidades pendulares.

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  7. Ó Anónimo, com ou sem pandemia, faz favor de lavar as mãos que há mais doenças, e não quero merda por o cumprimentar.

    Os critérios são o que são, mas também são simples para se reduzir a quantidade de barulho e comparações políticas. Houvesse capacidade, e, acima de tudo, vontade, para ser sério e não era muito relevante, mas escolheu-se que "não houvesse dinheiro", e, como sempre, remedeia-se a ver se é desta que há solidariedade.
    Como essa também não há...

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  8. De geração espontânea não será, caro Sonas, como não o é em nenhum lar do país em que se registam contágios. A saliência do Entroncamento nos mapas decorre sobretudo da densidade populacional. Aliás, ao contrário de outros concelhos, sobretudo do interior, em que o contágio de lares pode ter um impacto significativo nos valores do concelho (pela baixa população e/ou densidade), aqui é provável que esse fator pese pouco.

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    1. Entendi.
      Só não tinha entendido o comentário de um anónimo à minha primeira pergunta. A pergunta da geração espontânea não era bem uma pergunta.

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    2. Seria uma provocação? Acontece

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