Existem certos setores da historiografia e da economia política há muito empenhados em traçar um quadro de análise da história portuguesa recente em que a adesão à CEE surge como a manifestação última da consolidação da democracia.
Veja-se o exemplo destas passagens do livro "Crise e Castigo - o dia seguinte", de Fernando Alexandre, Luís Aguiar-Conraria e Pedro Bação: "O regime saído da revolução de Abril de 1974 encarou a Europa como fonte de legitimação política, fundamental para a consolidação da democracia (...)" e "A integração na UE era, também, a garantia da estabilização do regime democrático recentemente estabelecido".
O objetivo desta tese é mal disfarçado. A democracia portuguesa passa a ser interpretada como uma conquista dependente de um projeto externo (a UE) e de um golpe que pôs termo aos excessos da revolução, o 25 de Novembro. O 25 de Abril transforma-se num resíduo, num acontecimento histórico ambíguo que, sem os acontecimentos ulteriores, mais provavelmente teria desembocado numa ditadura socialista do que numa democracia. A democracia seria devida aos golpistas de Novembro e à Europa, não à revolução do 25 de Abril.
O problema desta tese é não ter qualquer adesão à realidade. Nunca, entre 1974 e 1986, esteve o regime democrático ameaçado. Todas as eleições realizadas foram reconhecidas como livres por todas as partes. Um marco notável numa democracia que herdara uma história de 40 anos de eleições forjadas pelo fascismo.
Se ameaças havia à democracia em 1986, elas provinham da candidatura de Freitas do Amaral à presidência e dos setores da sociedade portuguesa que em torno da candidatura ousaram sonhar com tempos passados.
Em 1986, Portugal era um a democracia consolidada há 12 anos. Não foi a Europa que nos trouxe a liberdade.
Muito bom.
ResponderEliminarO texto também esqueceu-se de referir outro facto. É que a integração europeia, ao contrário do que se pensa, já era um projeto do regime anterior. Em 1961 Portugal foi membro fundador da EFTA - Associação Europeia de Livre Comércio - e até chegou a entrar em negociações com a então CEE para celebrar um acordo de associação (das quais, apesar de o acordo já estar praticamente completo, o governo saiu à última da hora - provavelmente porque a entrada do Reino Unido foi vetada pela França). Em 1973 Portugal finalmente assinou o acordo de associação (no ano em que o Reino Unido de facto entrou para a CEE).
ResponderEliminarDe notar que o Reino Unido era, na altura, o nosso principal parceiro comercial, e que o acordo de associação é quase sempre uma ante-câmara para a entrada na União Europeia.
Isso não pode ser a sério? A antecâmara para a saída da inteligência pela certa
Eliminar"Mário Soares entende que a integração europeia constitui o fim do isolamento e a abertura do país ao mundo, representando "o prosseguimento lógico (…) da Revolução de Abril e da definitiva institucionalização da democracia em Portugal."
ResponderEliminarhttps://app.parlamento.pt/comunicar/Artigo.aspx?ID=929
Não entendo a referência a este livro em particular e a "
certos setores da historiografia e da economia política" como se esta tese (como lhe chamou) fosse algo obscuro ou promovido por setores minoritários. É simplesmente a visão mais consensual na sociedade portuguesa.
A adesão à UE e depois à zona euro, tiveram como consequência a transformação de Portugal numa colónia da alemanha, pelo que nada do que os dois senhores escreveram tem qualquer valor, a não ser a tentativa de construir mais uma ficção, para juntar às milhares de outras ficções que nos vão levar ao desastre.
ResponderEliminarAh pois, já esquecia, no fim a culpa será do Sócrates.
Primeira gargalhada: já era projeto do regime anterior a integração europeia. Mesmo antes da UE. E a culpa foi do Reino Unido,não foi do regime fascista.
ResponderEliminarDepois o RU entrou e Portugal assinou o acordo de associação. Estava na antecâmara, claro
Segunda galhofa: os certos sectores têm teses que se comprovam falsas. Mas parece que não.São verdadeiras porque o Conraria e o Bração obscuramente dizem que sim. E como é a visão consensual entre a sociedade Mises e Observador, é a visão consensual, versão TINA em comédia consensual
Terceira risota: as ficções que vão nos levar ao desastre. E o Sócrates. Está bem assim?
Preciso algo mais?
«Em 1986, Portugal era um a democracia consolidada há 12 anos.»
ResponderEliminar1986-12=1974
Passando por cima do que se entenda por democracia, recordo a entrevista de Álvaro Cunhal a Oriana Fallaci em Junho de 1975: "em Portugal jamais haverá oportunidade para uma democracia de tipo ocidental, com há na Europa"
Já se sabia que a auto-estima era fraca; definir o país em função da aprovação dos iluminados é a desistência. Mas também não devia surpreender no país dos pelotões da frente que cantam.
ResponderEliminar"São verdadeiras porque o Conraria e o Bração obscuramente dizem que sim"
ResponderEliminarCitando Mário Soares:
"Mário Soares entende que a integração europeia constitui o fim do isolamento e a abertura do país ao mundo, representando "o prosseguimento lógico (…) da Revolução de Abril e da definitiva institucionalização da democracia em Portugal."
https://app.parlamento.pt/comunicar/Artigo.aspx?ID=929
Com link para não ser só treta como o comentário das 23:46.
A tese não é verdadeira nem falsa. O que é verdadeiro é que essa "tese" era partilhada por Mário Soares. Só para dar um exemplo.
Mas o que temos nos com as teses do Mario Soares a fazer propaganda para a história? Passa a verdadeira, consensual ou alaranjada?
EliminarVale uma nova gargalhada
Como outros já referiram, basta substituir 'o regime saído' pelos seus principais responsáveis, a começar por Mário Soares, para que a afirmação seja verdadeira. Eles viam a UE como fonte de legitimação e consolidação da democracia. E eram eles quem exercia o poder.
ResponderEliminarLogo, a afirmação dos autores que cita não me parece descabelada e não vale a pena mostrar-se suscetível a ela.
Em segundo lugar, não é verdadeiro que de 1974 a 1986 o regime não tenha estado ameaçado. Esteve-o por diversas vezes durante 1975, a primeira a 11 de Março com a tentativa de golpe spinolista, seguido da contestação do PCP e da Extrema-Esquerda militar ao processo da Constituinte, o cerco à AR, as invasões das sedes do PCP, enfim o quase ambiente de Guerra Civil, culminando na ação militar de 25 de Novembro de 1975, às ordens do PR, Costa Gomes, e cujo objetivo foi acabar com a insubordinação da dita Extrema-Esquerda Militar, cujas ações o PCP não apoiou então, convém que se note.
Aliás, convém ainda notar que o Grupo dos Nove não apenas garantiu que a ordem legal era preservada, como também que não haveria represálias contra os comunistas.
A partir de então, e salvo as ações terroristas da Extrema-Direita e das FP-25, a generalidade dos agentes políticos aceitaram a normalidade constitucional saída da CRP de 1976.
E cabe também notar que todas as eleições que se seguiram foram, como realça o Diogo Martins, reconhecidas como livres por todas as partes envolvidas.
O que quer dizer que os sucessivas revisões constitucionais e a participação no processo de integração europeia ocorreram com o apoio da grande maioria da população, expresso através do sufrágio direto, secreto e universal e não representaram qualquer atropelo ao que ficou decidido em 1976, contrariamente ao que já vi escrito neste espaço.
Em democracia, pelo menos no modelo demoliberal pelo qual nos regemos, por muito que o João Rodrigues queira afirmar o contrário, manda a maioria, não manda uma qualquer elite ou uma vanguarda revolucionária.
A opção europeia foi apenas isso, uma opção, que historiadores do futuro até poderão concluir como tendo sido a errada, mas completamente legítima porque sufragada à exaustão.
Voltando à História recente, como a possibilidade de Portugal se transformar numa ditadura socialista nunca parece ter estado em cima da mesa (a URSS respeitava os limites de ação definidos por Yalta e não creio de todo que quisesse uma Cuba cravada na Europa, que teria que sustentar, tal como sustentou a ilha americana), a alternativa à CEE e depois à UE passaria por um modelo desenvolvimentista como os do Terceiro Mundo (que julgo que era de facto o projeto de Álvaro Cunhal).
Só que, que me lembre, as diferentes instâncias desse modelo falharam todas sem exceção, seja por interferência externa, seja por incompetência e corrupção dos governantes (ou ambas). Até na versão social-democrata mais soft possível de Lula da Silva...
Torna-se pois difícil de acreditar como seria possível preservar a democracia sem a CEE/UE, pois nenhum regime democrático sobrevive se não providenciar desenvolvimento. Se temos hoje investigação científica, equipamentos sociais, redes de transportes, redes de tratamento de esgotos, etc, devemo-lo às 'esmolas' da UE, nas palavras de Cotrim de Figueiredo:
https://www.publico.pt/2019/12/13/politica/opiniao/813-milhoes-esmolas-deputado-cotrim-ajudou-gerir-1897184
Eu compreendo o azedume de uma certa Esquerda em relação ao rumo que o País tomou a partir de 1976. Afinal, foi sobretudo o PCP que se opôs a Salazar, e desde os anos 30 de sec. XX que foi a Esquerda mais Radical (anarquistas, comunistas, etc) que mais sentiu na pele a repressão fascista.
Só que aquilo por que lutaram foi tão somente o direito de ser a maioria do povo que decide, soberanamente, as políticas de Governo do País, essa Esquerda não tem qualquer espécie de «droit-de-regard' sobre a nossa democracia.
Se houve algum princípio que ficou consolidado depois de 25/11/1975, foi justamente esse. Nem mais, nem menos...
Torna-se difícil acreditar como seria a democracia sem a ” democracia “musculação e obediente de Jaime Santos. Não é ele que defende grilhetas?
EliminarJá agora. Sufragada â exaustão uma ova.
EliminarA sociedade mises made in observador agora escuda-se em Mário Soares.
ResponderEliminarO fim do isolamento? Este deve estar a brincar. Nunca tivemos relações com tantos países.
A institucionalização da democracia que já estava institucionalizada?
Quanto ao "prosseguimento lógico da revolução de Abril" só na cabeça daqueles que queriam a reconstituição, restauração e domínio dos grandes grupos monopolistas e a centralização e a acumulação acelerada de capitais. Que foram acompanhados pelo esbulho de bens e dinheiros do Estado, pelos escândalos das privatizações e da restauração da propriedade latifundiária, pela entrega ao estrangeiro de sectores fundamentais da economia nacional
Como se viu e vê. Mas agora ver a corte do Conraria e restantes trapaceiros pegar em Soares confirma várias coisas. Uma delas é que se reconhece o estilo dos treteiros. Outra é que Soares pagou essa abertura aos grandes grupos económicos que mais tarde lhe fizeram de certa forma a cama. Outra ainda é que já não conseguem esconder a sua impotência para se arrastarem assim de novo com a "europa connosco"
"O regime saído da revolução de Abril de 1974 encarou a Europa como fonte de legitimação política, fundamental para a consolidação da democracia" é daquelas idiotices rascas a tentar abrir caminho para reconstruir a História
"A integração na UE era, também, a garantia da estabilização do regime democrático recentemente estabelecido" é daquelas rascas idiotices a tentar justificar a venda ao país a quem der mais.
Já agora. Uma tese é um texto que se caracteriza pela defesa de uma ideia ou de um ponto de vista ou pelo questionamento acerca de um determinado assunto. O agora aparecer alguém a dizer que não interessa se a tese é verdadeira ou falsa, mas apenas o ser verdadeiro o facto de ser defendida por Soares é forte. Faz lembrar quem?
Parece que a tese de Sá Carneiro era que rumávamos para uma sociedade socialista. E a de Soares e amigos é que caminhávamos para o paraíso e para a terra do mel e das sereias
Pois. Viu-se
De facto faz lembrar aquele treteiro que vinha vender as tretas do ministro holandês,como prova da real integração de Portugal na ordem europeia estabelecida. A tal uber uber
O título deste post é:
ResponderEliminar"A adesão à CEE como estabilização democrática e a economia política do Minho"
Depois um comentador refere "A sociedade mises made in observador".
Economia política do Minho?!
Sociedade mises made in observador?!
O que é um facto é que até Mário Soares era da opinião de que "a integração europeia constitui o fim do isolamento e a abertura do país ao mundo, representando o prosseguimento lógico (…) da Revolução de Abril e da definitiva institucionalização da democracia em Portugal."
E como Mário Soares, pelo menos 50% do PS. E, naturalmente, todos à sua direita. E, provavelmente, até alguns do BE.
Porquê então referências ao Minho, a Sociedade mises, ao observador? Para fazer crer que esta opinião/tese é minoritária na sociedade portuguesa e produto de uma conspiração de setores minoritários da direita?
Simplesmente não é verdade e o Diogo Martins sabe-o mas mantém o que escreveu para não estragar a sua narrativa. Desonestidade intelectual.
Desonestidade intelectual, prega um anónimo, assim daqueles anónimos mesmo "anónimos"
ResponderEliminarVejamos:
O título deste post é:
"A adesão à CEE como estabilização democrática e a economia política do Minho"
Um título que revela a qualquer ser pensante o que de facto quer revelar. Logo aqui dá para soltar uma saudável gargalhada,como alguém diria.
O "anónimo" em questão não percebe a suprema ironia da coisa. E agastado cita em seu socorro esta pérola discursiva . "E como Mário Soares, pelo menos 50% do PS. E, naturalmente, todos à sua direita. E, provavelmente, até alguns do BE"
Bom, este deve ser o da tese. Aquele da tese que gira não à volta do que se discute mas sim à volta do que Soares disse ou não disse. Está ao lado. Está na "economia política do Minho"
Esta tese do "anónimo" é uma idiotice?
É
Com alguns pontos ainda mais cómicos,como a estatística apontada pelo "anónimo". "Pelo menos 50%, dirá com aquela acertividade própria dos aldrabões de feira,quando atiram números para o ar sem qualquer elemento que o comprove.
Mas com pontos francamente de supina ignorância, comprovada por este arregimentar de votos:
"Porquê então referências ao Minho, a Sociedade mises, ao observador? Para fazer crer que esta opinião/tese é minoritária na sociedade portuguesa e produto de uma conspiração de setores minoritários da direita?"
Este ainda não sabe que a verdade não vai a votos,nem se baseia nas suas continhas, tiradas quiçá duma segunda derivada.
Nem sabe que o que está em causa não é a opinião "minoritária" ou maioritária ou o que quer que seja em termos de "ária". Para provar que a Terra girava à volta do Sol, nem Copérnico,nem Galileu levaram a coisa a votos.
Percebe-se agora porque a "tese" foi usada. Este não sabe de teses, mete as teses pelas teses, e apresenta como nova tese a tese das teses eleitorais.Em tese
Isto francamente faz lembrar quem?
E a esta tentativa de manipulação do que se discute, junta-se a má-fé (desonestidade) do dito cujo:
ResponderEliminar"Porquê então referências ao Minho, a Sociedade mises, ao observador blablabla...Simplesmente não é verdade e o Diogo Martins sabe-o mas mantém o que escreveu para não estragar a sua narrativa"
Bom. Diogo Martins tem que ser responsabilizado apenas pelo que escreveu. E o que ele escreveu não cabe nos exercícios matemáticos idiotas aqui debitados pelo referido "anónimo".Está para além de. O referido "anónimo" continua na economia política do Minho e ainda não percebeu.
Mas já era altura de perceber que a referência a Mises e ao observador não são da responsabilidade do autor do post, mas sim totalmente minha
(Essa mania de misturar as coisas e de atacar os autores do blog por comentários de outrém tem já um longo historial por aqui.Que o diga aquele traste de que não se deve dizer o nome).
E porquê mises e porque o observador?
Ora bem.Os retratados Bação e Conraria são dois trastes. Daqueles trastes conservadores atascados até ao pescoço na economia conjugada em mises. Do tipo Observador, onde conraria serviu como "comentador. Como se sabe um tipo "comentador" naquele pasquim é simplesmente um propagandista dum sítio mal frequentado a fazer publicidade ruminante dos seus pares. Daqueles que junta no mesmo molhe Donald Trump e Bernie Sanders, Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon...um verdadeiro Facilitador de Processos desonesto como só estas coisas o são
Bação tem também uma folha interessante. Nos tempos de chumbo de Passos entrou como "técnico especialista" no Gabinete de Fernando Manuel de Almeida Alexandre um outro gabiru que foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna, António Leitão Amaro,aquele que perdeu o mandato por negócios da família com o Estado....
Cheira a observador e tresanda a mises. Tanto que fede. Como fedem as declarações daqueles dois representantes emplumados das teses económicas mais retrógradas ao serviço da ex-fundação do Barreto. A dos supermercados.
Iluminadas as designações de mises e o observador, foquemos agora a nossa atenção sobre o que diz a parelha em causa.
ResponderEliminarChamando a atenção de um outro interveniente, Jaime Santos, e do que este vem aqui defender.
Em cerca de 50 linhas, desbobina o seu "conhecimento histórico".E destas quase 50 linhas, dedica apenas 4 ao que dizem Fernando Alexandre, Luís Aguiar-Conraria e Pedro Bação.Para dizer que têm razão.
E para apressado e com um manifesto medo do rumo da conversa continuar na demonstração das enormidades que esta gente diz, proclamar:
"Logo, a afirmação dos autores que cita não me parece descabelada e não vale a pena mostrar-se suscetível a ela"
Não?
Porquê?De que tem medo JS? Daquilo que estamos todos a pensar e mais uma coisa. Que lhe demonstrem as reescritas da história de dois compagnons de route de Passos Coelho, adeptos do TINA e mais nenhum.
Na sua pressa de deitar água benta aos seus dois amigos, tenta um "não vale a pena".
Percebe-se. É incómodo manter um discurso de apoio directo a Conraria e a Alexandre e a Bação. Prefere contar-nos a sua versão dos acontecimentos como se fossemos todos parvos. O seu blablabla historicista, como é entediantemente habitual
Com uma novidade. Convoca para as suas teses um outro traste. O tal figueiredo, com o seu discurso ultra-ultra-neoliberal e mais além . Até nos convida para ler a prosa do dito cujo
JS já chegou a isto...? Prepara-se para dar ainda mais o salto, embrulhado na IL e com a bênção de mises e do observador?
As amizades de JS estão cada vez mais coloridas. São as grilhetas que o coagem a este bandear cada vez mais profundo?
Eu sei que a JS não lhe agrada que se esmiúcem as questões. "Não vale a pena", diz daquela forma apressada, que é seu uso quando o assunto não lhe agrada.
ResponderEliminarTanto que tem a original ideia de corrigir o que é denunciado. Substitui as próprias frases em discussão. Limpa a "trampa" dos "amigos" e aproveita para promover a sua visão historiográfica e a dos seus sectores
Um verdadeiro estoriador da treta.
O que está escrito no livro citado?
" "O regime saído da revolução de Abril de 1974 encarou a Europa como fonte de legitimação política, fundamental para a consolidação da democracia (...)"
Um disparate e uma aldrabice. Tenta-se apagar o 25 de Abril da História. A expressão "O regime saído da revolução de Abril" é tão incómoda na sua fraseologia de fazedores de estorias, que JS tem que a tentar corrigir.
E como a tenta corrigir? "basta substituir 'o regime saído' pelos seus principais responsáveis, a começar por Mário Soares, para que a afirmação seja verdadeira."
Regime era o fascista. O 25 de Abril mudou-lhe o rumo e a designação. Era a liberdade que se soltava e era o regime que caía.
Os principais responsáveis pelo derrube do fascismo foram os que o derrubaram. De armas na mão com a participação do povo. Com a contribuição de tantos civis, incluindo Soares.
Mas quem diz isto, "a começar por Mário Soares" está-nos a impingir gato por lebre. Quer-nos impingir tretas. Quer sonegar a verdade histórica. E quer,claro,corrigir o tiro no pé de Conraria e companhia.Já lá vamos
O 25 de Abril não estava preso nem a projectos externos, por mais apetecíveis que sejam estes projectos para JS, adepto fervoroso deste tipo de coisas...e das suas grilhetas, como se sabe
Nem o 25 de Abril precisou de se legitimar junto da Europa, como alguns tentam fazer passar, numa tentativa imbecil de conferir importância aos futuros donos. Não precisou de se legitimar junto da Europa, nem politica nem eticamente.
Porque foi precisamente o contrário destas idiotices estóricas. O 25 de Abril foi um farol para o mundo na altura. A europa,a dita europa, ainda não a do mon ami Miterrand, ainda não a "europa connosco", estava entusiasmada com o derrube do fascismo e como se deu tal derrube. E não era só a Europa, não era só aquela seita da CEE tida como "a europa" por estas coisas, mas sim o mundo em geral. Era aqui que os demais procuravam legitimar as suas lutas políticas e as suas esperanças num novo mundo.Portugal dava de facto lições.
Mas percebe-se que a JS lhe faltasse o gostozinho das suas grilhetas
Minho porquê?!
ResponderEliminarHá alguma forma de bloquear cronistas no vosso blog?
Porquê Minho???
A coisa continua:
ResponderEliminar"A integração na UE era, também, a garantia da estabilização do regime democrático recentemente estabelecido"
"De facto o regime democrático não esteve ameaçado. Todas as eleições realizadas foram reconhecidas como livres por todas as partes. Um marco notável numa democracia que herdara uma história de 40 anos de eleições forjadas pelo fascismo."
JS nega. E fala em 1975, que remédio. Para depois se remeter a silêncio referindo apenas "as ações terroristas da Extrema-Direita e das FP-25".
Ora bem. Por essa europa fora assistíamos a coisas bem mais terríveis como o assassinato de Aldo Moro, às ordens da Gladio, rede dirigida pela OTAN, através das brigadas vermelhas.
A democracia por cá não precisava de ser institucionalizada com o aval da europa. Sabíamos caminhar sem grilhetas.
E JS vai escorregando de pedaço de prosa em pedaço de prosa. Sufrágios à exaustâo só na cabecinha pensadora de JS. Depois as suas exposições estóricas. URSS e Cuba. E Portugal aqui. Nem uma palavra sobre o que se passava por esse mundo fora.Aqui ao lado a mãe dos conrarias mostrava como se declinava o verbo despedimentos e miséria. A baronesa partia ao assalto.A sua democracia poderia ser preservada já que o desenvolvimento para os mais ricos estava garantido.
E JS desemboca noutro TINA, para tentar escorar as sentenças políticas dos "amigos", Era assim , tinha que ser assim
Parece que Portugal viveu de "esmolas" e tinha que viver destas. A versão travestida de um passista em rota no percurso de Passos.
Quem produz riqueza é quem trabalha. O que se observou foi a tentativa de acumular riqueza nos bolsos de alguns. Estava em curso, com a dita integração europeia, com Soares em acção, "a reconstituição, restauração e domínio dos grandes grupos monopolistas e a centralização e a acumulação acelerada de capitais. Que foram acompanhados pelo esbulho de bens e dinheiros do Estado, pelos escândalos das privatizações e da restauração da propriedade latifundiária, pela entrega ao estrangeiro de sectores fundamentais da economia nacional"
Olhemos para o interveniente que é aqui citado como tese de citação.
ResponderEliminar“Soares moveu montanhas para ajudar Salgado a ser o dono disto tudo”.
O próprio Soares, em entrevista à RTP1, assumiu ter ajudado Salgado a comprar o banco que a família Espírito Santo tinha perdido nas nacionalizações de 1975, pós-revolução de 25 de abril de 1974. Na entrevista, Soares conta uma conversa que manteve com Salgado, em 1984, pouco tempo antes do regresso da família Espírito Santo a Portugal.
“O banco [referindo-se ao Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa] está nacionalizado, os bancos foram nacionalizados, mas nós agora estamos a desnacionalizar esses bancos, portanto você pode perfeitamente tomar conta do seu banco. Ah, mas eu tenho falta de dinheiro! E eu disse: Arranja-se, isso é fácil! E falei com François Mitterrand, de quem eu era amigo, como se sabe, até ao fim da vida, grande amigo, e perante essa situação eu disse-lhe: Olhe, há isto assim e assim, como é que se pode arranjar dinheiro a um tipo que não tem, mas poderá vir a ter, etc. Ele disse que pode ser um banco francês que pode dar um jeito a isso”, afirmou Soares. Esse banco francês seria o Crédit Agricole.
O próprio Salgado também reconheceu publicamente a ajuda de Soares na recuperação da posse do banco. No livro “O Último Banqueiro - Ascensão e Queda de Ricardo Salgado” (Lua de Papel, 2014), das jornalistas Maria João Babo e Maria João Gago, recorda-se a cerimónia da entrega da Legião de Honra francesa ao presidente do BES, Salgado, que decorreu na sede do banco, em Lisboa, no dia 8 de novembro de 2005. “Entre os poucos presentes estava Mário Soares. Ao referir o papel do ex-Presidente da República na reconstrução do grupo, Salgado emocionou-se. Recordou que, sem a ajuda de Soares, a família não teria regressado a Portugal e fortalecido a aliança com o parceiro que esteve ao seu lado nas duas últimas décadas. Foi graças a Mário Soares que o clã Espírito Santo se aliou ao Crédit Agricole para ir a jogo na privatização do BES. E o apoio financeiro do grupo francês foi decisivo para a recuperação do banco que a família tinha perdido nas nacionalizações de 1975”, descrevem as autoras do livro, baseando-se em factos históricos e documentados em várias fontes.
Como é que esse processo se concretizou? No mesmo livro reporta-se que “em 1985, o grupo [Espírito Santo] lançou o primeiro projeto no setor financeiro em Portugal com a compra de uma sociedade de investimento, que mais tarde daria origem ao BES Investimento. No ano seguinte, fundou o Banco Internacional de Crédito, que marcou o início da aliança com o Crédit Agricole no mercado português. Mas o foco estava nas privatizações. Foi com o parceiro estratégico francês que em 1989 e 1990 recuperaram a companhia de seguros Tranquilidade. Em Julho do ano seguinte os dois aliados avançaram para o BES. […] Foi já sob o comando de Ricardo Salgado que a parceria da família com o Crédit Agricole se transformou num casamento que havia de durar mais de duas décadas. Para concorrerem à privatização do BESCL - Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa - designação que só havia de mudar para BES em 1999 -, os dois grupos criaram a Bespar, uma sociedade que até 2014 será a maior acionista do banco. Exatamente com o mesmo equilíbrio de forças. Foi esta holding que garantiu que a família passasse a ter uma posição de domínio no banco, apesar de, direta e indiretamente, ter apenas cerca de 5%. O Crédit Agricole foi o passaporte que assegurou aos Espírito Santo o controlo do BES”.
O droit de regard sobre a nossa democracia está, segundo JS, reservado aos eleitos. A ele e a Conraria. A Bação e a Fernandes. A Figueiredo e a coisas assim
ResponderEliminarMais uma vez se comprova que por detrás de qualquer neoliberal está um tipo com profundos sentimentos anti-democráticos. O droit de regard é só deles
Há mais e muito mais.
ResponderEliminarSoares era já presidente da República quando veio a saber do interesse de Champalimaud em algumas empresas. Cavaco Silva recomendou-lhe que o apoiasse. Foi assim que recebeu o filho de Champalimaud acompanhado do advogado da família, Proença de Carvalho. Mas, antes de iniciar a reunião de negócios, Soares quis falar de outro assunto. “O senhor Champalimaud-Pai, sem me conhecer, no estrangeiro, pagou uma manifestação contra mim”. Ao que o filho terá respondido: “É verdade, fui eu que organizei a manifestação”. “Se reconhece que é verdade, não se fala mais nisso. Veio pedir-me uma coisa, não vem? Já está resolvido, mesmo que me tivesse dito que não, está assinado”.
Após a Revolução de Abril, as suas empresas são nacionalizadas e António Champalimaud vira as suas atenções para o Brasil, onde já tinha começado a montar negócio no sector dos cimentos. Seriam o Banco Pinto & Sotto Mayor e a Cimpor, já nacionalizados, a pagar os empréstimos com que pagou a reconstituição da sua fortuna do outro lado do Atlântico.
Champalimaud viria a regressar em força ao sector financeiro nacional com as privatizações promovidas pelo governo de Cavaco Silva, com o apoio do então Presidente da República Mário Soares. Mas primeiro o executivo do PSD resolve o pedido de indemnização que corria desde 1975.
Apesar de a primeira proposta apontar para um valor nunca superior a 200 mil contos (2,2 milhões de euros, a preços de 2017), viria a pagar 10 milhões de contos (mais de 100 milhões de euros, a preços de 2017). Também os empréstimos com que construiu as suas unidades no Brasil, pagos pelas empresas públicas, foram perdoados, no valor de mais de 15 milhões de contos.
Com os 25 milhões de contos que lhe foram entregues pelo governo de Cavaco, recuperou as suas antigas seguradoras, entretanto transformadas na Mundial-Confiança. Depois, na privatização do Pinto & Sotto Mayor, aproveitou várias condicionantes que fizeram do processo um verdadeiro «pronto-a-comprar» para Champalimaud. Entretanto, já tinha entrado no capital da Petrogal e somou o Totta & Açores e o Crédito Predial Português ao seu universo financeiro.
As suspeitas de favorecimento pelo governo do PSD a António Champalimaud levaram a Assembleia da República a investigar as privatizações das seguradoras e dos bancos através de uma comissão de inquérito. Viria a terminar sem conclusões porque o PS se absteve, em 1999, com o argumento de que a aprovação do documento seria uma provocação que levaria à venda do grupo Champalimaud aos espanhóis do Santander. O relatório foi chumbado e dias depois, Champalimaud vendeu mesmo.
A "normalização europeia" serviu para isto
Também a venda ao desbarato das nossas riquezas
Por isso também as grilhetas são de veludo para alguns. Estão parcialmente explicados os apoios aos Conrarias e afins
É um aborrecimento ter que andar sempre a corrigir aquelas afirmações taxativas vindas de círculos supostamente bem informados ou do bas fond de locais onde se defendem as partes pudendas do outro ou as vigarices de ventura
ResponderEliminarTem o relevo que tem, tem a importância que não tem, o que interessa é colocar os pontos nos is
Oriana Fallaci entrevistou Cunhal. Essa frase aparece agora na propaganda da iniciativa liberal e não só.Quando se procura, verifica-se que as aspas têm a precisão dos aldrabões. É ao lado
Vale o que vale.Mas no mesmo dia da entrevista o PC desmentia as palavras da jornalista italiana
Vale o que vale. Mas Domingos Lopes, ex-dirigente do PC e que dele se afastou continua a achar que "não foi verdade o que a jornalista lhe atribuiu", num livro que saiu este ano
Vale o que vale. Mas as fontes reprodutoras da propaganda do IL que antes reproduziam as balls do outro traste têm essa mesma qualidade.
"em Portugal jamais haverá oportunidade para uma democracia de tipo ocidental, com há na Europa"
ResponderEliminarFrase premonitória da nossa originalidade, aqui generosamente representada pelo JE/Anónimo às vezes.