sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Da banalização da extrema-direita


«Rui Rio anda exaltado a defender a sua aliança regional com um partido racista e xenófobo, totalmente exterior ao pacto civilizacional/constitucional que nos une, um partido que assume o objetivo de destruir esta república, tentando fazer uma simetria entre tamanha abjeção e os acordos PS e PCP/BE. Rio, assim, descansa a sua postura de Pilatos na pobreza da legitimidade formal: “o Chega é um partido, eles fizeram com os outros, logo eu também posso”. Os outros, o PCP e o BE, vistos assim numa simetria absurda, estão totalmente integrados na nossa democracia constitucional, não se lhes conhecendo um único projeto de lei ou passagem de programas de governo não conformes à lei fundamental, sendo risível apontar a qualquer um destes partidos, desde a estabilização da democracia, um único momento de rutura com a república.»

Isabel Moreira, O PSD e a pobreza da legitimidade formal

«Comparar o Chega ao Partido Comunista ou ao Bloco de Esquerda é pornográfico. (...) Um partido com simpatias pelo fascismo, um partido que faz pactos com movimentos populistas em toda a Europa, um partido que deseja o regresso da pena de morte, que quer vigiar muçulmanos e expulsar ciganos, que grita aos quatro ventos que deseja instaurar uma “quarta República” e um partido em que militantes chegaram a defender que as mulheres que abortam deveriam ficar sem ovários não pode ser comparável – nem por brincadeira – ao Partido Comunista. (...) O Partido Comunista é um partido com 100 anos. Ao longo da sua história viu largas centenas de militantes morrerem em nome de uma ideia de libertação do fascismo salazarista».

Luís Osório, Comparar o Chega ao Partido Comunista ou ao Bloco de Esquerda é pornográfico

«O seguinte excerto foi retirado da página do Partido Chega e foi escrito pelo seu vice-presidente: "Felizmente que o senso comum dos povos e a liberdade da rua ainda permitem resistir à Ditadura Mental dos Grandes Manipuladores que brotam de três fontes minúsculas referidas, perfeitamente identificadas e circunscritas, mas cujo poder sobre o pensamento social é descomunal: universidades, comunicação social e meios artísticos. Identificados esses alvos, a cada dia que passa beneficiaremos de condições crescentes para combatê-los sem contemplações em nome da sanidade mental coletiva dos povos". O ataque (ou desejo de) é dirigido à Educação, à Cultura e à Informação. É a estas ideias que o PSD se quer associar?»

João Henriques (facebook)

«Esta banalização da extrema-direita, além de indecente e absurda, ignora a história política e legislativa do PSD, que foi acordando e aprovando com o PCP múltiplos diplomas que hoje moldam a nossa sociedade. (...) A lista é extensa e abarca várias matérias, legislaturas e lideranças. (...) Muito deste quadro legislativo e constitucional teria a oposição do chega. Naturais, óbvias e saudáveis divergências ideológicas à parte, o PSD sabe que a grande maioria da população vê o PCP e o BE como partidos democratas - o que torna perigosa a equiparação com quem não o é. Dirigentes do PSD vêm agora condenar quem legislou com o PCP e BE, procurando desculpar a sua aliança com a extrema-direita. Vêm agora a correr para classificar partidos com quem fizeram a nossa democracia como algo ao mesmo nível de quem preferiria que ela nunca existisse».

David Crisóstomo (twitter)

«A inconsequência das propostas do Chega não revela moderação “exigida” por Rui Rio. Revela o objetivo deste acordo. Desde que o acordo é público, Ventura tem explicado que a direita nunca mais governará sem ele e Rio tem-se dedicado a explicar que do Chega não vem qualquer perigo. (...) Esperar que o Chega se modere é esperar que se mate. O Chega moderado é o CDS. O que o distingue é a identificação de determinados grupos étnico-sociais como responsáveis pelos problemas dos portugueses, o abandono do consenso constitucional em torno de direitos humanos essenciais e a banalização de um estilo de confronto politico que torna aceitável o que era interdito. Se abandonar isto será substituído por outro. A identidade do Chega, cujo programa é contraditório e instrumental, é não ser moderável».

Daniel Oliveira, Não há racistas moderados, caro Rui Rio

10 comentários:

  1. «não se lhes conhecendo um único projeto de lei ou passagem de programas de governo não conformes à lei fundamental»

    Conhecem-lhes as ideias e as alianças, mas isso não tem importância nenhuma...

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  2. « à Educação, à Cultura e à Informação* um só conceito, uma só verdade... a da Situação!
    A Democracia no seu melhor!

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  3. «a grande maioria da população vê o PCP e o BE como partidos ...» suficientemente pequenos para se conformarem com a democracia formal...e meterem a ditadura do proletariado na gaveta.

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  4. «o abandono do consenso constitucional em torno de direitos»

    O que distingue o Chega é o abandono do consenso constitucional em torno de DEVERES, esses grandes ausentes de um corretês inepto e hipócrita.

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  5. Sim, o Chega é a favor do abandono do consenso constitucional em torno do dever de pagar impostos, já sabemos. E têm grandes alianças com partidos que gostam de bater em portugueses, mas isso não tem importância nenhuma face a defender o trabalho.

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  6. Jose ouve falar no Chega.
    E todo ele tremuras, todo ele inquieturas, todo ele finuras apressa-se deste jeito qual donzel em defesa da sua donzela

    O cheiro que vem do PSD começa a misturar-se com o que vem doutras partes. E é tenebroso

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  7. Há tempos jose achava o chega muito útil.Já .sabíamos porquê

    Agora é josé,o chega, os deveres (aos berros, como é de timbre) e o regresso das botas cardadas. Com o psd na caldeirada

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  8. «...largas centenas de militantes morrerem em nome de uma ideia de libertação do fascismo salazarista»

    ...perdeu-se na edição.

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    1. A verdade incomoda?
      É só dá uma edição deste calibre
      Pobre Josê. Ainda com o 25 abril atravessado.

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  9. Jose só gosta mesmo de edições particulares

    Lastimava-se há tempos sobre esse tema.E dizia, entre o pesaroso e o apologista:
    "Recordou-me no entanto o quão clara e lúcida é a escrita de Salazar, de quem tenho os 'Discursos', também encadernados, mas lamentavelmente de edições sortidas."

    Saia aí uma fatia sortida para a mesa do canto. PSD e Chega, nuno morais sarmento e jose.
    Embrulhada, perdão, encadernada ao gosto dos discursos do criminoso de voz de cana rachada

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