O jornal Público refere que o Governo não irá - no âmbito das alterações orçamentais - bloquear os apoios às empresas que sejam controladas a partir de sociedades offshores. Tal como fizeram os governos da França, Bélgica, Dinamarca, Itália, Áustria e Polónia.
Mas há alguma barreira que o Governo imponha às pretensões das maiores empresas?
Legislação laboral de direita/troica mantém-se em vigor desde 2012; pacote supostamente contra a precariedade laboral - que nalguns casos a agrava - foi aprovado pelo patronato na concertação social e com a pressão e aplauso da direita no Parlamento; mais de metade dos apoios do lay-off simplificado foi para metade das grandes e das médias empresas. Propostas do PCP e do PEV para excluir dos apoios as entidades sediadas em paraísos fiscais foram chumbadas com os votos contra do PS, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal. O deputado do Chega, André Ventura, não estava presente, mas não foi necessário.
O Ministério da Economia, coordenado por Pedro Siza Vieira, defendeu esta posição porque
“no âmbito da emergência de saúde pública de âmbito internacional e tendo em consideração a necessidade de acautelar a protecção social dos trabalhadores e a recuperação das empresas a operar em todo o território nacional, o Governo português não adoptou uma solução semelhante à de outros países”. E foi assim porque a Comissão Europeia não incluiu “qualquer referência expressa/incentivo à exclusão de entidades sediadas em jurisdições consideradas não cooperantes para efeitos fiscais e jurisdições offshore de quaisquer apoios à economia”.
Um deputado do CDS não diria melhor. Só alguém à direita vindo da esquerda se justificaria com a UE. Mas só alguém mesmo à direita alegaria os interesses dos trabalhadores para proteger as vantagens de as empresas fugirem à tributação, aos esforços públicos de igualdade tributária e à sua participação nos encargos públicos de que já beneficiam - como agentes económicos em Portugal - e que vão beneficiar ainda mais no âmbito dos apoios públicos. Caso contrário, até parece que o governo cedeu à chantagem de que qualquer limitação às grandes empresas desencadearia um aumento do desemprego.
E conviria lembrar que se a preocupação era a protecção dos
trabalhadores, melhor teria sido não ter cortado os rendimentos de 800 mil trabalhadores em 33%, sem ter conseguido proteger os mais fracos do desemprego que, como se viu, está a crescer a um ritmo mais rápido do que em 2012.
Um dia, o PS terá de rever as suas ideias sobre o socialismo. E, já agora, dar uma resposta técnica para tanta benevolência que não seja a fraca, vazia e impotente resposta de que apoiando as grandes empresas se apoia o emprego.
Caro João
ResponderEliminarPS rever socialismo? Qual socialismo o que está blindado na gaveta soarista?
Eles sim devem rever o seu relacionamento com o capital e deixar de ser os seus melhores
gestores.
O "socialismo" do ps só existe na retórica.
ResponderEliminarDe resto, o ps é tão ordoliberal como o psd ou o spin-off do psd chamado chega.
A única teoria do ordoliberalismo é o mito bacoco das "mulheres e vinho", mas até isso o ps repete.
Tal como no telejornal de 7/6/2020, João Soares, mais uma vez, se prestou a um exercício ridículo de reconhecimento de culpas pelos "erros do passado", sem nunca mencionar os 25 biliões de € que foram derretidos nos calotes dos bancos, causados pela adoção de uma moeda estrangeira, que nos tornou reféns dos especuladores, que o ESTADO TINHA OBRIGAÇÃO DE CONTROLAR.
Nem isso nem os 50 biliões que desapareceram para os paraísos fiscais.
Com "socialismo" deste calibre, o país está condenado a ser uma colónia, com um órban qualquer a governador um dia destes.
São de facto muitas as razões para que o PS reveja a sua posição sobre o socialismo, e todas elas de capital importância. É importante essa revisão, porque o PS de acesso ao poder, se tem mantido nele por períodos longuíssimos, aí vertendo as suas opções, com tudo o que delas resulta com impacto profundo na vida das pessoas. É também importante essa revisão, porque dotará o próprio partido de um módico de clareza ideológica que actualmente lhe falta; acontece, aliás, que essa falta de clareza ideológica não tem sido inócua: por um lado convivem, sob o mesmo tecto os que metem o socialismo na gaveta e aqueles que gostariam talvez de o tirar, mesmo que modestamente, para que visse um bocadinho da luz do dia. Por outro lado e porque as coisas assim são, aqueles que ainda votam, no quadro da democracia liberal que sustenta os PS (todos os PS's, independentemente do nome pelo qual são chamados), vão sendo atraídos como moscas para o melaço pegajoso da extrema direita, onde são presa fácil da descrença nos PS´s (todos os PS's), que assim vão repudiando, sob a batuta do capital, para quem todos os PS's são mesmo essencialmente iguais, desde que com qualquer um deles se possam obter resultados idênticos. Por tudo isto é que olhar para o socialismo e rever a sua posição na matéria, talvez seja uma urgência capital para o próprio PS, mesmo que a conjuntura ainda pareça dizer que o assunto é irrelevante e incómodo, como de costume.
ResponderEliminarsão as grandes empresas que dão grandes tachos num futuro próximo não são as pequenas de que este país é fértil
ResponderEliminar"as propostas do PCP e do PEV para excluir dos apoios as entidades sediadas em paraísos fiscais foram chumbadas com os votos contra do PS, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal.
ResponderEliminar"foram chumbadas com os votos contra do PS, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal."
"foram chumbadas com os votos contra do PS, PSD, CDS-P..."
"foram chumbadas com os votos contra do PS, PSD..."
"foram chumbadas com os votos contra do PS..."
"chumbadas... PS..."
Não é possível sintetizar mais...
Apenas, repito, apenas mais uma vez em que o Partido "Socialista" demonstra toda a "solidariedade" com a classe trabalhadora.
Ainda acreditam que é a "União Europeia" a força que bloqueia os interesses de quem vive do seu trabalho?
Portugal precisa de fazer o mesmo ao seu Partido "Socialista" que outros fizeram na Europa aos seus Partidos "Socialistas"
António Costa não é aliado da esquerda!
Quem se endivida sem tento nem medida, nem migalhas pode recusar, quanto mais capitais, venham donde vierem!
ResponderEliminarE não me venham dizer que nunca se aperceberam disso ao longo dos anos!
“O problema não está em Bruxelas mas em Roma. Na realidade, o governo contribui para a intensificação da crise com consequências sociais insuportáveis devido à sua posição subordinada à tecnocracia europeia, portadora de uma ideologia ultra-liberal que não permite um confronto democrático. Mas as responsabilidades permanecem com o governo nacional. A crise actual, como todas as crises passadas, não deixa de ter soluções. O problema está na rejeição em adoptá-las, negando irresponsavelmente sua necessidade e possibilidade. A questão que nos devemos perguntar é: até quando?”
ResponderEliminarhttps://braveneweurope.com/antonio-lettieri-the-misadventures-of-the-eurozone
Até quando vamos permitir o Partido “Socialista” ser irresponsável por se recusar a servir a larga maioria da população portuguesa e servir o “europeísmo”, servir os paraísos fiscais e servir os Donos Disto Tudo?
Os apoios às empresas servem essencialmente para pagar salários a trabalhadores em layoff. Devem os trabalhadores do Pingo Doce ser prejudicados porque o patrão tem sede fiscal na Holanda?
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