domingo, 26 de abril de 2020
Não deixam a caixa ser banco público
Desde 2011 que Bruxelas quer privatizar a Caixa e continua a querer. Em 2011, Teixeira dos Santos resistiu e a contrapartida foi a venda da Fidelidade [ao grupo chinês Fosun], que era da CGD. E lembro que no quadro das negociações que em 2016 levaram ao aumento de capital da Caixa, Bruxelas condicionou a aprovação a que o grupo não possa fazer política pública. O Governo comprometeu-se mesmo a garantir que a Caixa funcionaria como banco privado.
Até podíamos ser nós, embora não usemos a palavra negociação, mas é António Nogueira Leite, em entrevista ao Público de hoje, ou seja, um dos economistas que roda há muito por uma multiplicidade de conselhos de administração de grandes empresas com poder político e que, quando as coisas apertarem, já está pronto para ir à televisão com o façam força que eu gemo, porque não há alternativa que não passe por obedecer ao eixo Bruxelas-Frankfurt.
Foi este tipo de economista que aliás justificou a seu tempo a bondade deste tipo de dependência. E como tem sido boa a banca privada, como tem sido óptimo o euro e maravilhosa a circulação internacional de capitais, tara que se mantém, reparem, mesmo quando as pessoas não podem circular.
E este tipo de economista tem sempre palco por toda a comunicação social. É uma versão ideológica dos círculos viciosos discutidos na economia do desenvolvimento. Já agora que refiro o palco, reparem em Paulo Portas, a versão todos os negócios são estrangeiros disto, todos os dias na TVI, em horário nobre, a perorar sem contraditório sobre uma mixórdia de temáticas pandémicas, com José Alberto Carvalho a assessorar. Uma vergonha ético-política.
Bom, continuando: Nogueira Leite até concede a necessidade de uma certa flexibilização do brutal condicionamento de Bruxelas à acção da CGD, em resposta a uma questão muito atenta de Cristina Ferreira. E até consegue dizer, vejam lá, o nosso SNS; se dependesse dele, aposto, o nosso SNS já tinha desaparecido há muito. Afinal de contas, este tipo de economista nasceu academicamente nos EUA dos anos oitenta e intelectualmente tenho a impressão que nunca saiu de lá.
Naturalmente, o morto-vivo consenso de Bruxelas-Frankfurt, o mais próximo do Consenso de Washington de má memória, continua na prática a ser aceite, na ausência da oportunamente nebulosa solidariedade europeia. Pudera. Ele não se engana. Quem se engana e muito são os idiotas úteis que se dizem de esquerda, isto para usar um tipo de linguagem algo próxima da que é habitual em Nogueira Leite. Enfim, temos de aprender com quem ganha.
Destruir o Estado Português tem um objetivo.
ResponderEliminarJá pouco falta para terminar o trabalho.
A pandemia talvez venha a dar o empurrão que faltava.
Preparem-se para ser 100% África.
Deixemos as idiotices do pimentelferreira a tentar arranjar palco e espaço para a sua actividade de colaboracionista
ResponderEliminarE saudemos a frontalidade dum post que não hesita em chamar o nome aos bois.
«se dependesse dele, aposto, o nosso SNS já tinha desaparecido há muito.»
ResponderEliminarServiços públicos de saúde existem de há muito, e para desmaio da esquerda, não foi pequena a obra do 'fascismo'.
É francamente confrangedor assistir a esta permanente insinuação de que todo o´adversário da esquerda é contra o SNS. Não haverá por aí uma bandeirinha mais a propósito?
Jose, de cabeça um pouco perdida, acaba por nos revelar coisas interessantes:
ResponderEliminar-Que confunde serviços públicos de saúde com Serviço Nacional de Saúde.
Do tempo do fascismo sabemos nós a "obra" deixada. Miserável e miserabilista. Desumana e degradada. De classe e para a classe.
(Quem não ouviu já falar nas "caixas" como exemplo da "obra". Embora se saiba que a Legião, a PIDE e os sicários tinham um acesso privilegiado a cuidados de saúde)
Deixemo-nos das tretas habituais entre os laudatórios do "antigo regime". Para desmaio de Jose, o Serviço Nacional de Saúde é uma das relevantes conquistas da Revolução de Abril e que num curto espaço de tempo, possibilitou a evolução extraordinária em vários indicadores de saúde, como são exemplo o aumento da esperança média de vida e a redução da mortalidade infantil e materna.
Mas Jose mostra outras coisas interessantes:
ResponderEliminarAcaba por crismar o regime fascista como tal,mesmo que o ponha assim neste modo um pouco amaneirado: 'fascismo'.
Não resiste a elogiar a "não pequena "obra". Está-lhe no sangue este vera inclinação para a trampa do regime.
Mostra Jose mais coisas:
ResponderEliminarMostra que tem uma memória bem curta. Ou quererá reescrever a História? Ou talvez,apagá-la?
Com a oposição do PSD, CDS e deputados independentes social-democratas, que então declararam lamentar "esta doença infantil da nossa democracia", foram os votos do PS e do PCP, do deputado da UDP e do deputado independente Brás Pinto que permitiram aprovar, na Assembleia da República, a lei do SNS. Com a oposição do PS e do PCP, foram o PSD e o CDS que, em 1990, aprovaram uma Lei de Bases que o então ministro da Saúde, Dr. Arlindo de Carvalho, apresentou, referindo como tendo o intuito específico de "revogar esse verdadeiro subproduto de um falso romantismo iluminado, que é a lei de Dr. Arnaut"
Também Jose quererá reescrever a sua estoriazita pesssoal sobre o que andou para aí a dizer do SNS e do Serviço Público?
Com aquele seu ódio às funções sociais do Estado? Aos seus trabalhadores?
E a sua defesa um pouco histérica da promiscuidade entre público e o privado?
É francamente confrangedor assistir a esta permanente comédia de tentar mascarar o que se disse com o que se convirá dizer nos dias que correm
Passa por aqui, não as bandeirinhas referidas nesciamente por jose, mas outra coisa
Fica para mais tarde. Para desmaio do Jose