O Tratado da União Europeia constituiu, no domínio económico, um verdadeiro golpe de Estado, ao impor concepções e instituições ultra-liberais aos cidadãos europeus apanhados desprevenidos. E, nem o facto deste golpe ter sido depois legitimado pelas ratificações parlamentares e por alguns referendos, pode esconder a realidade do erro histórico que se cometeu, só possível devido ao défice democrático na Europa. A parte económica do Tratado constituirá uma amarga experiência para os europeus que constatarão mais uma vez, à sua custa, que subordinar a concertação de interesses nacionais às abstracções ideológicas é a via mais rápida para o desastre. [1995]
O euro não auxilia a maioria dos Estados europeus a adaptarem-se à globalização, até os prejudica. Isso sucede porque não é possível uma mesma moeda contemplar os interesses de Estados tão diversos. O euro também não serve Portugal, pois não só agravou a actual crise, como torna muito mais difícil ultrapassá-la. Devemos pois abandonar este projecto utópico. [2012]
Dezassete anos separam estas duas reflexões de João Ferreira do Amaral sobre a natureza da integração europeia após Maastricht, ilustrando alguns dos elementos centrais e constantes de um presciente trabalho crítico, que sempre desafiou a sabedoria convencional nestas matérias e em relação ao qual acumulámos uma imensa
dívida intelectual.
Assim começa um artigo que o Ricardo Paes Mamede e eu escrevemos em homenagem a João Ferreira do Amaral há uns anos atrás.
Já andava com saudades de o ler. Chamaram-me a atenção para as suas intervenções, com registo escrito, na Rádio Renascença. É o que dá ouvir pouca rádio.
Bom, ide ler a sua crítica às declarações na melhor das hipóteses infelizes do advogado de negócios, perdão, do Ministro da Economia, Siza Vieira. E, já que estais lá, a sua defesa da independência nacional é sempre útil. Depois é só ligar as duas coisas, exercício de resto cada vez mais fácil.
Não esperem que a comunicação social convencional que serve os interesses de uma minoria que esconde o pap€l nas Holandas deste mundo reconheça a sabedoria dos "hereges" como João Ferreira do Amaral e outros que avisaram sobre a euro-distopia neoliberal que se aproximava a ritmo acelerado!
ResponderEliminarObrigado João Ferreira do Amaral, não que tenha evitado o mal mas pelo menos ajuda a ter noção da muita porcaria que o "europeísmo" fez e faz...
Será mais correto chamar-lhe projeto distópico, porque distopia é o contrário de utopia.
ResponderEliminarÉ claro que nem todos perderam com o euro.
Tal como no resto do mundo, os 1% da população acumularam e acumulam somas astronómicas.
Em 10 anos, sairam do país 50 biliões de euros para paraísos fiscais; foram resgatados bancos, por 25 biliões, que correspondem a calotes privados, de nomes que não foram sequer divulgados porque continuam no ativo (com a exceção do comendadorzito que assumiu o papel de bode expiatório, mas que não terá consequências).
Para concluir, devemos ter atenção que são os 1% que detêm os media e que, mesmo no caso da RTP, conseguem manipular a informação, de forma a manter a unanimidade (um "jornaleiro" em Lisboa e outro no Porto são suficientes).
Os media, principalmente as tvs, são fundamentais para manter as pessoas hipnotizadas.
É claro que, provavelmente, Portugal fará também a "migração" dos media para as redes sociais, mas estas foram criadas pelos 1%, para destruir de vez os canais de comunicação entre as pessoas e substitui-los por mentiras, sendo que vencerão aquelas mais repetidas.
Tudo uma questão de investimento, portanto.
O deputado europeu João Ferreira escreveu um livro, em 2019 (?), A UNIÃO EUROPEIA NÃO É A EUROPA , que deveria ser de leitura obrigatório por quem tem duvidas sobre esta Europa, o livro do João Ferreira é um relato do que esta Europa é hoje.
ResponderEliminarJá agora convinha ler igualmente o livro que ele escreveu com Francisco Louçã em 2015 a explicar o que se faria no dia seguinte à saída do Euro. É que felizmente os autores não se coíbem de explicar as dificuldades inerentes a tal processo, muito embora o título se chame 'A solução novo-escudo'.
ResponderEliminarUm título mais exacto seria 'O problema novo-escudo'.
Um médico que diagnostica correctamente uma doença e prescreve uma sangria como cura deveria, naturalmente, ser mandado para parte incerta...
Não é o caso de Amaral e Louçã, note-se. Mas a nossa Esquerda continua a não ser capaz de pôr as cartas na mesa. Enquanto assim for, eu prefiro mesmo os 'advogados de negócios' na pasta da Economia... Têm mais bom-senso que os leninistas de todas as cores, o tipo de gente que diz 'faz-se e depois logo se vê...'
Caro Jaime Santos, qual será a melhor opção?
EliminarSair do euro ordenadamente e a volta do escudo, com uma taxa de conversão desastrosa para os depósitos bancários (em euros, claro), ou a expulsão de Portugal do euro e a volta do escudo, com taxas de conversão ainda mais desastrosas, bancos fechados, multibancos fora de serviço, falências como nunca vimos, supermercados vazios, pessoas a matarem-se por 1 kg de arroz?
Independentemente da clareza das posições de muitos economistas e de alguns intelectuais é cada vez mais óbvio que não é preciso um estudo bíblico para perceber o que está errado em tudo isto, as pessoas na generalidade andam todos os dias a dizer a mesma coisa ou a dizer a mesma coisa de forma diferente, isto é perda de tempo, pura perda de tempo.
ResponderEliminarEsse Siza Vieira é um ministro e "pêras"...
Pôr as cartas na mesa, diz o advogado das oligarquias Jaime Santos.
ResponderEliminarQuando os "europeístas" berraram "Portugal no pelotão da frente" eram eles a pôr as cartas na mesa Jaime Santos?
Os "europeístas" não puseram as cartas na mesa, muito pelo contrário, esconderam o jogo com o "pelotão da frente" e outras euro-ladainhas.
Bem se vê o que tem sido os 20 anos do Euro...
Tenho a certeza que um pouco mais de austeridade vai finalmente endireitar o projecto "europeísta" e atingiremos todos em uníssono o nirvana!
Apenas mais um pouco de austeridade, aguentem, estamos quase lá!!
Mais uma vez um excelente post.
ResponderEliminarJoão Rodrigues está em forma e demonstra-o nestes textos ácidos e directos
Não vale a pena debruçar-mo-nos sobre o paleio infantil e ferozmente idiota, armado em rebolucionário de pimentelferreirapaulorrodrigues. A ultima vez que o encontrámos estava no meio de uma ponte a dizer que não era de esquerda nem de direita mas que a esquerda era muito má. Assume-se como pseudo virgem impoluta a tentar esconder o que de facto é. Está de facto a investir no seu processo de aldrabão sem escrúpulos
Vale sim a pena anotar que Jaime Santos continua a nadar. No seu afã de demagogo ( perdoe-se mas é o termo, atendendo às suas piruetas argumentativas e aos seus novos "amigos") aparece-nos aqui com o título de Dr. Não é preciso ir muito longe no Dr Google para ficar a saber que um médico pode diagnosticar correctamente uma doença e prescrever uma sangria como cura.
Será demasiado baixo dizer que Jaime Santos deveria naturalmente, ser mandado para parte incerta porque isso colocar-nos-ia ao seu nível
Infelizmente Jaime Santos continua a mostrar aquele ódio patibular a tudo o não lhe apara os golpes de euroinómano encartado
ResponderEliminarJá nem sequer esconde os seus amores neoliberais. Gosta mesmo dos advogados de negócios nas pastas de economia
Já por aí anda há um ror de tempo a dizer que prefere as grilhetas de Bruxelas
Reparem na delícia do último comentário de pimentelferreirapaulorodrigues e da sua "utilidade"
ResponderEliminarO tipo às vezes sai da toca e revela mais do que o desejado. Mostra assim, neste estilo de papão com o rabo de fora, o que pretende e ao que vem
Dá sempre jeito ter assim uma coisa à mão.
Mas demonstra também a qualidade ética e a postura rastejante destes amantes de Mises
Eu gosto desdes Jaimes a queixarem-se dos outros quando regumendam sangramentos para curar hemofilia (tudo financeiro, claro está). Face à sangria que quer infligir, só há uma coisa a perguntar: o que é que quer entregar em saldo ao estado Chinês desta vez e que é que isso ajuda?
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