segunda-feira, 6 de abril de 2020

Estado da arte


Yanis Varoufakis decidiu partilhar este cartoon. Antes já tinha reconhecido, tarde e a más horas, pelo menos a validade objectiva do Brexit. Isto não impede este europeísta empedernido de continuar à procura de unicórnios que voem por cima dos Estados e que sejam verdes. Não está só nesta demanda.

A esquerda que gosta de se imaginar a operar à escala europeia arrisca-se a ser tão relevante quanto Varoufakis, sem sequer os seus intelectuais terem os mesmos assomos públicos de lucidez radical. Se a europeização for irreversível, pouco ou nada restará e o mesmo se passará em demasiados países se for reversível. Em muitos países, a esquerda já morreu.

Na Grã-Bretanha, acabou de se transformar no braço da elite euro-liberal. Entre uma versão do conservadorismo one-nation e outra do partido liberal, as classes trabalhadoras inglesas não hesitarão. Os fins variam.

Grande parte da esquerda europeia vai preferir um qualquer fim a resgatar a ideia de soberania nacional e popular. Voltaremos ao padrão austeritário de 2010-2011 em diante, que o que tem de ser na UE tem muita força. E isto com ou sem corona não sei que ingredientes na sopa de letras que cheira a troika. Mas agora as classes populares com toda a probabilidade não voltarão a cair nas inconsistentes conversas esperançosas à la Syriza.

Há e haverá direitas que agradecem estes hábitos empedernidos: de Londres a Atenas, pode dar-se um salto a Roma.

6 comentários:

  1. Para quê falar das contradições do neoliberalismo (que é a mesma coisa que direita), se a esquerda tem tantas ou mais contradições que aqueles?
    A união europeia está morta!Não é uma união.
    É um império, com uma sede (Berlim) e muitas colónias, umas mais fofinhas (holanda) e outras para explorar, quanto mais não seja a "commodity labour".

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  2. Tudo isso, obviamente, sem que a 'verdadeira esquerda' anti-UE tenha cometido erros!

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  3. a esquerda onde eu voto, o Partido Comunista Português , sempre falou na necessidade de Soberania Nacional e popular, em produção nacional, em moeda nacional, não pode ser acusada de falha de objectivos claros, só por ignorância ou preconceito se pode passar ao lado desta Esquerda

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  4. Por vezes dá a sensação que o João Rodrigues não percebe bem a posição do Yanis Varoufakis, não sei se sabe mas em 2015 ele estava preparado para romper com o Euro, o único que se preparou seriamente para este cenário.

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  5. Pese embora todos os erros da esquerda (que remontam aos anos 1980 e à Inglaterra, onde o Labour dançou uma dança mortal com os sindicatos, que acabaram na destruição do poder sindical e não só…), a única forma de combate passa pela criação de CONSENSO DE ESQUERDA, tal como a direita foi capaz de ultrapassar as divergências e construir o CONSENSO DE DIREITA/WASHINGHTON CONSENSUS.
    O principal obstáculo é a falta de humildade no reconhecimento dos erros.
    Dispam-se das "capas" das múltiplas esquerdazinhas e re-inventem a ESQUERDA ÚNICA!
    Ou se é de esquerda ou de direita; não há terceiras vias.
    E lembrem-se: o povo unido jamais será vencido.

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  6. A UE, está morta só falta fazer-lhe o enterro, e os seus coveiros foram a Alemanha , e a cobardia dos dirigentes franceses. Mas a alternativa não passa pelos europeus pôrem-se debaixo da pata dos russos ou dos chineses, nem apoiar regimes , ditatoriais , como Cuba ou o Irão.

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