terça-feira, 3 de março de 2020

Direitas, direita


Informa-nos o Público que Paulo Portas, Francisco Rodrigues dos Santos, Paulo Mota Pinto, Miguel Poiares Maduro, Miguel Morgado, Jaime Nogueira Pinto, Nuno Garoupa, André Ventura e João Cotrim de Figueiredo irão participar numa espécie de Estados Gerais das direitas.

A reveladora acção unitária da direita é convenientemente organizada por um obscuro grupo chamado Movimento Europa e Liberdade, liderado por Jorge Marrão. A chamada Europa, vulgo UE realmente existente, é o garante institucional da sua política. Todos bem unidos no caminho de mais Estado neoliberal, no fundo.

Mas quem é Jorge Marrão? A consultora de negócios Deloitte informa-nos:

“O Jorge Marrão lidera o setor de Real Estate em Portugal. Além dos segmentos tradicionais de Real Estate, tem ainda a responsabilidade de Mergers & Acquisitions (fusões e aquisições) em Hotelaria. Ainda a seu cargo está a área de Marketing, Communications and Business Development. Adicionalmente, representa a Deloitte Portugal na rede global, pela área de Clients & Industries. É presidente da Associação Projeto Farol, uma iniciativa lançada pelo think tank, Deloitte Circle, focada em apresentar um conjunto de propostas sobre a economia portuguesa, na próxima década.”

Todo um programa, toda uma economia política no nexo finança-imobiliário-turismo. O populismo, na variante de extrema-direita, de Ventura pode dar jeito. Não há cordão sanitário, como é evidente. Uma boa e reforçada dose de autoritarismo pode dar jeito. A história é sempre novidade e repetição: na periferia, e não só, um liberal pode dar origem a um fascista com toda a facilidade...

11 comentários:

  1. Não tenha medo de dizer, um liberal é um fascista, quem defende a dor, o sofrimento e a exploração é obviamente um fascista, a presença de André Ventura só espanta por este ser inábil e incapaz.

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  2. «...um liberal pode dar origem a um fascista com toda a facilidade…)
    Sendo o fascismo um totalitarismo, colá-lo aos liberais faz o mesmo sentido que colar os sociais-democratas ao comunismo; num caso perverte-se a noção de liberdade, noutro a noção de democracia.

    A irmandade desavinda sempre cria grandes ódios.


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  3. Constatação do óbvio.

    Não existe descontinuidade real entre a direita e a extrêma-direita. Os escrúpulos democráticos são fácilmente vencidos quando a necessidade de bloquear as forças de esquerda fala mais alto.
    A história recente do panorama político no lander da Turíngia (Alemanha) é apenas um eco da República de Weimar e de tantos golpes e esquemas qquando as forças do neoliberalismo se vêem frustradas nos seus objectivos.

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  4. Ventura não é um fascista e sim um neo-patrimonialista que quer lambuzar-se no pote. Aliás, como ele são Orbán, Trump e Putin, etc, etc. O seu nacionalismo é uma estratégia de conquista de Poder, mas nisso não difere muito do nacionalismo de uma certa Esquerda.

    A Extrema-Direita pode ser pro-europeia quando lhe dá jeito, ou anti-europeia quando não dá, a Esquerda soberanista é a mesma que se declarava internacionalista, linha Komintern, pois claro, quando a URSS ainda existia... Quando os povos se revoltavam contra o jugo soviético, o seu nacionalismo era equiparado a reaccionarismo.

    Eu percebo que dê jeito meter o Liberalismo na mesma gaveta do Fascismo, quando nem sequer é de Fascismo de que se deve falar: https://newleftreview.org/issues/II114/articles/dylan-riley-what-is-trump

    Sucede, claro, que os mais aguerridos inimigos do Fascismo foram Liberais/Conservadores como Roosevelt e Churchill. Os Comunistas só decidiram lutar contra ele quando Hitler lhes entrou pela porta dentro. Antes, assinaram acordos secretos com os Nazis para partilhar a Polónia... Maquiavelismo político, João Rodrigues, há-o de todas as cores e feitios, não apenas na Direita... O resto é hipocrisia...

    Agora, numa coisa você tem razão. Nunca se pode dizer que à Esquerda, um Social-Democrata dê origem a um Comunista com facilidade, excepto se o coitado for alcachofrado, não é? Refiro-me, por exemplo, ao take-over do SPD no território do Leste Alemão pelo KPD, para dar origem a esse híbrido chamado SED...

    Nos EUA, não fora a notória falta de cultura política, Sanders poderia viver descansado, porque jamais alguém o tomaria por amigo dos russos (a honra cabe a Trump)...

    A memória selectiva é uma coisa tramada...

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  5. Há um ingrediente essencial que falta ao mecanismo neoliberal em Portugal: o bode expiatório.
    O único bode expiatório que conseguiram encontrar nos últimos 20 anos foi Sócrates.
    Mas digamos que tentar fazer de um indivíduo apenas o bode expiatório de um desastre nacional é patético, parolo e estúpido.

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  6. Mais uma vez Jaime Santos tenta reescrever a história dos tempos que precederam a entrada da URSS na II Guerra Mundial. Que vício!

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  7. Finanças /Banca/ Imobiliario è um trinómio que caracteriza a economia portuguesa. tambem chamada por alguns de "economia de casino".
    É obvio que a extrema direita está ligada sempre a esses interesses.Numa sociedade em crise o liberalismo economico tem uma alta probabilidade de cair em regimes autoritários ou semi- autoritarios.
    Temos essa experiência na Europa no inyervalo entre as dus guerras.

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  8. Paulo Rodrigues, o bode expiatório "Sócrates" é patético, sempre o foi desde o início, mas veja como a direita nada moderada conseguiu fazer o mal que fez só com este bode expiatório...

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  9. Jaime,

    O FDR, que hoje seria um comunista irresponsável, só conseguiu convencer a América a lutar contra o fascismo porque lhe foram ao petróleo, Chamberlain preferia deixá-los entretidos no continente e estes e os franceses, depois de se borrifarem para para os Checos e Austríacos, decidiram calmamente esperar enquanto os Polacos, que não se prepararam a seu pedido, foram engolidos.
    Entretanto, há mais de uma década havia comunistas a matar nazis, porque a esquerda não é a União Soviética.

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  10. «a esquerda não é a União Soviética»?

    O socialismo, e SÓ HÁ UM, é a União Soviética.
    Se a esquerda não é socialista, não é a União Soviética.

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