sábado, 28 de março de 2020

Até os (ultra)liberais têm direito a contar com o Estado

O problema dos (ultra)liberais que hoje vêm pedir o apoio público não é o que agora fazem. Como contribuintes têm todo o direito de esperar que o Estado aja como rede de segurança colectiva em momentos de crise.

O problema dos (ultra)liberais é que depois da crise voltarão a falar do Estado como um pária. Continuarão a tentar convencer-nos que a nossa sociedade não precisa de um serviço público de saúde robusto, nem de um sistema de educação público e universal bem organizado, nem de agências públicas dotadas de recursos suficientes e de qualidade.

Serão os primeiros a queixar-se da "carga fiscal" quando for necessário pagar os custos das medidas que hoje precisamos que o Estado tome - e que para eles serão sempre insuficientes.

7 comentários:

  1. Quando os defensores de muito Estado começarem a medir o desempenho das ditas agências públicas, a exigir que se conheçam os custos dos serviços prestados pelo Estado e avaliem os benefícios resultantes da sua acção, será legítimo questionar as preocupações dos liberais.

    Até lá, tudo não passa de um programa ideológico fundado no pressuposto - é público é bom'- sem contas decentes e demonizando tudo que é privado porque se dá lucro é mau, como se não houvesse contas a fazer ao capital.

    É como as eurobonds: todos falam nelas mas ninguém diz quem recebe quanto e quem paga o quê.

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  2. O Jose nunca questiona o custo de ligar às agências públicas e de lhes garantir a mama através da colocação de dívida em mercados.
    Não passa de um programa ideológico fundado no pressuposto de que o mercado é que bom e acerta sempre, sem contas decentes e demonizando tudo o que é público porque se não dá lucro é mau, como se não houvesse contas a fazer à fome e à natureza.
    É como os subsídios às empresas: todos falam neles, mas ninguém diz quem recebe quanto e quem paga o quê.
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    Mas adiante. Se os reaccionários serão os primeiros, os chartalistas estarão logo a seguir a lembrar que os impostos não servem para financiar no estado, mas sim para alocar e distribuir recursos.

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  3. É poucochinho...mas dá o sentido da cousa!

    E quanto à natureza...sempre temos o 'tudo a todos' para a sua estreme defesa!

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  4. Os liberais, ultra, noname e grupos recreativos similares, fazem lembrar o fulano que arranja um carro através de um "amigo", sem burocracias, e que vende o macaco e o pneu suplente para comprar combustível. Quando percebe que a coisa não precisa apenas de combustível para andar, abandona o carro e depois lá vem o reboque da polícia limpar a coisa.

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  5. Tudo isto se resume a que 99% da população são agora tratados apenas como consumidores, que só existem para suportar os luxos dos 1%, que dominam os mercados financeiros.
    O estado está dependente dos mercadinhos e, portanto, tudo lhes está subordinado.

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  6. Não confundir liberal com anarco-capitalista. Os liberais são favoráveis a um estado mínimo, não a um estado ausente. E uma das funções do dito estado mínimo é atuar em períodos de extrema crise e pandemias. Qual é a dúvida?

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  7. Caro João Pimental Ferreira,

    A dúvida é que Estados "mínimos" não dão respostas "máximas" nem musculadas como as que
    os liberais da recém formada Iniciativa Estatal pedem agora.

    Em tempos de bonança querem impostos zero ou lá perto, e depois em tempos de crise/pandemia/terramoto/etc querem que o Estado financie milhões. Com que dinheiro?

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