quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
Reconstruir
“Reabertura emotiva de oficinas da CP aproximou políticos e operários”, informa-nos o insuspeito Carlos Cipriano no Público. Todos os ingredientes da política que conta estão aqui concentrados em toda a sua potencialidade.
Inspirado por tal ambiente, que muito deve à acção política de Pedro Santos, António Costa até se desviou da sabedoria convencional dominante no seu governo, a que diz que o que conta é aumentar o peso das exportações no PIB, afirmando: “Em vez de importar, estamos a criar emprego e riqueza em Portugal”.
Realmente, é isto que torna o país mais confiante e mais capaz, sendo que o único equilíbrio que conta para a independência nacional é o externo, como sabemos. Mas, para ganhar espaço de política, há todo um velho Estado para reconstruir, toda uma sabedoria para reaproveitar, todo um conjunto de instrumentos de política para reconquistar, reparem.
O que subjaz a esta cerimónia mostra realmente a direcção que deveríamos seguir de forma consistente em múltiplas áreas da vida nacional.
Não foi o PS que desferiu a machadada fatal na Sorefame?
ResponderEliminarJá agora, havendo falta de automóveis nas esquadras da polícia, sempre podíamos ir reconstruir uns Anglia Fascinante, uns Cortina, uns Peugeot 404, para dotarmos a polícia de carros de giro...
ResponderEliminar«há todo um velho Estado para reconstruir»
ResponderEliminarEstou certo que assim farão, com todos os velhos vícios de relaxe e compadrio.
Não há nenhuma contradição entre defender o aumento das exportações (que implica pelo menos a criação de valor acrescentado pelo trabalho realizado em Portugal quando não o uso de matéria prima nacional) e a criação de emprego, muito pelo contrário.
ResponderEliminarQuanto à diminuição das importações, quem sabe se as oficinas da CP não poderão no futuro também exportar serviços, João Rodrigues? Só que para isso convém que Portugal mantenha acesso aos mercados estrangeiros. Aquela coisa chamada UE às vezes dá jeito...
Será que agora que o PCP já não tem necessariamente que apoiar os orçamentos do PS, os comunistas poderão reconhecer que o Governo até governa à Esquerda, mesmo se só de vez em quando, em vez de andarem sempre a fazer provas de vida retóricas?
E se as políticas não são sempre aquelas que lhe agradam, reconheça pelo menos uma coisa, o eleitorado do PS engloba bastante mais grupos sociais do que o de Partidos mais pequenos. Uma coligação eleitoral deste tipo implica sempre que as políticas têm um travo, chamemos-lhe assim, centrista.
Mas é melhor apoiar um Governo de Centro-Esquerda (e divergir quando necessário) do que andar a aturar a Direita, parece-me... As maiorias constroem-se com o povo que há, não com o povo que gostaríamos que existisse...