domingo, 5 de janeiro de 2020

Leituras

«Em 2011, Donald Trump fez um vídeo onde afirmou o seguinte: "O nosso presidente vai começar uma guerra contra o Irão, porque não tem capacidade de negociar. Ele é fraco e ineficiente (...) Temos um problema na Casa Branca. Assim sendo, eu acredito que ele vai atacar o Irão, algures antes das eleições, porque acredita que é a única forma de garantir a reeleição. Quão patético é ele?"
Entretanto, Obama não só não atacou o Irão como assinou um acordo histórico com aquele país e um conjunto de países europeus, que permitiu controlar os avanços nucleares de Teerão e aproximar antigos rivais, acordo esse que Trump tratou de rasgar mal se sentou na Sala Oval.
Contudo, nove anos depois destas declarações, eis que Trump se coloca no papel por ele próprio descrito, ordenando o assassinato do general Soleimani, sem consultar o congresso, sem aprovação do Senado e em total desrespeito pelo direito internacional. Uma provocação que pode dar origem um conflito em larga escala no Médio Oriente, que fará a guerra na Síria parecer uma brincadeira de crianças. E, se isso acontecer, quando novas vagas de refugiados começarem a dar à costa na Europa, os palermas da extrema-direita cá estarão para agitar o papão conspirativo da invasão árabe. E nós cá estaremos para lhes recordar que tal não seria possível sem o alto patrocinio do habitual terrorismo de Estado norte-americano e do lobby do armamento. Preparem-se, a próxima crise financeira internacional vai chegar mais cedo do que o previsto.»

João Mendes (facebook)

«A resposta a Trump é débil para o grau da sua perigosidade. É débil nos democratas nos EUA, é débil nos fracos que o compreendem, mas são cobardes para o defrontar, e é débil nos que o acham que o podem conter mantendo-o à distância. Mas, acima de tudo, é débil em todos os que ainda não perceberam duas coisas básicas: Trump não sai de lá com eleições e, numa esquina qualquer dos dias, na sua política errática, deita mais gasolina para a fogueira para se vingar, ou mostrar poder, ou gabar-se, e a fogueira pode não ser contida a tempo. (...) Face a este homem perigoso, deviam olhar para Churchill na Segunda Guerra e não para Chamberlain, porque é a falta de uma reacção forte e decidida das democracias que permite a Trump fazer o que quer. Um dia acordam com o fogo à porta e vão ler sobre o “estado do mundo” num tweet matinal com erros de ortografia.»

José Pacheco Pereira, Este homem não vai sair de lá sem duas guerras: uma civil e outra (espera-se) regional

5 comentários:

  1. As duas análises ao que aconteceu entre Washington e o Irão são erradas.
    Façam consulta às análises dos progressistas americanos, como «Grey Zone» de Max Blumenthal ou «Push Back» de Aaron Mate.
    Por último, esqueçam as opiniões de José Pacheco Pereira. Em matéria de desinformação e oportunismo, este já prestou um grande contributo à nação e aos seus amigos. Nesta altura, José Pacheco Pereira é «pré-história» ou matéria obsoleta. Não serve.

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  2. Ver as esquerdas a apaparicar uma teocracia expansionista e inimiga de democracias e de progressismos é uma das espantosas performances na luta contra o inimigo principal - os EUA!

    Quanto ao Trump, sendo uma besta perigosa, haverá que reconhecer que o acordo nuclear tem como alternativa a guerra, se for considerado que dele haveria de resultar o fim do projecto expansionista da padralhada iraniana.
    Para o Irão, o ISIS lê-se sunita, e daí derivar tão só um meio de sustentar as sua ambições.

    O assassinado é um símbolo da jihad iraniana e ignorá-lo é um mau princípio.

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  3. Ao Menos o fasço de serviço reconhece os motivos americanos para romper o acordo à dois anos.

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  4. "acordo histórico com aquele país e um conjunto de países europeus, que permitiu controlar os avanços nucleares de Teerão "
    - há evidências que o Teerão ignorou liminarmente o acordo, que foi mais benéfico para Irão (acabando com as sanções) do que para os outros países (que nunca foram capazes de efectivamente controlar os avanços nucleares de Teerão

    "ordenando o assassinato do general Soleimani, (...) Uma provocação que pode dar origem um conflito em larga escala no Médio Oriente"
    - Então o ataque à embaixada americana no Iraque por agentes iranianos durante 2 dias foi o quê? Pão por Deus?! Não me parece que a provocação tenha vindo do EUA

    "habitual terrorismo de Estado norte-americano e do lobby do armamento"
    - como se agentes do regime iraniano armados com armamento russo não fosse "terrorismo de Estado" e "lobby do armamento"

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  5. Para instrução e proveito dos leitores das caixas de comentários dos LdB:

    https://www.strategic-culture.org/news/2020/01/08/the-deeper-story-behind-the-assassination-of-soleimani/

    https://www.dedefensa.org/article/une-attaque-sans-precedent

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