Daniel Bessa tem sempre aquele condão de lhe puxar o pé para um certo lado da mensagem.
Nesta crónica do Expresso, o economista defende que actualizar os salários com a inflação verificada é sempre melhor do que com a inflação prevista. E é de concordar com ele. Isto é, o valor da inflação verificada deve ser o valor a tomar em conta na actualização de salários. E não um valor que é governamentalmente manipulado, e usado para gerir expectativas.
Mas Bessa acaba por usar esta verdade, para sujeitar os salários - precisamente - ao valor que mais prejudica os trabalhadores.
Do que me lembro do passado desde Miguel Cadilhe como ministro das Finanças, quando havia inflações consideráveis, as negociações na função pública - que serviam de referência ao sector privado - eram feitas com base na inflação prevista porque os governos esperavam ou queriam que a inflação baixasse ou queriam poupar com os trabalhadores ou queriam desvalorizar o valor dos salários ou tudo junto. E dessa forma, os trabalhadores iam perdendo poder de compra, porque interessava que assim acontecesse. E essas negociações eram sempre contestada pelas estruturas sindicais precisamente porque não tinham em conta a inflação verificada.
Agora que a inflação prevista é superior à inflação verificada, também mercê de uma tendência de subida dos salários, Bessa vem dizer que "inaceitável é, de forma manhosa, se pretenda mudar de critério todos os anos, usando a taxa de inflação que, em cada momento, cada um considere mais conveniente". Isto baseado em 14 anos de negociação do sector bancário, ou seja, de um sector particular (como o bancário), com menos de 10 mil trabalhadores face a um outro com mais de 600 mil. E "manhosamente" vem advogar que a negociação deve ser feita usando a inflação verificada.
Por coincidência, o artigo de Bessa surge ao lado de um artigo sobre um novo livro de Piketty dedicado às desigualdades e de um outro em que se aborda que, mesmo que um banqueiro tenha praticado crimes fiscais, isso não lhe retira a idoneidade para exercer essa actividade.
O governo de esquerda sabe que o modo mais rápido de ter receitas fiscais é aumentar salários e consequentemente o consumo.
ResponderEliminarQue isso se faça sem que que se considere qual a consequência para exportações e emprego, só atesta de uma visão de curto prazo e da consolidação do poder apascentando mais e mais prosélitos.
Um país que não tem domínio sobre mercados internacionais e não tem capital para ambicionar vir a tê-lo, é um mero fornecedor de quem domina tais mercados, e não faltam concorrentes.
E quando virem associações patronais a apoiar essas cretinices, fiquem certos que terão os olhos postos nos subsídios que vão compensar esses apoios.
O «Jose» tem de comentar.
ResponderEliminarNão há artigo que não escape um pequeno reparo.
É o nervoso miudinho de querer aparecer e... comentar!
Mas de tanto escrever, já manifestou que é fascista e amigo dos nazis.
Já se manifestou vezes inteiras contra o comunismo e os comunistas.
O mais estranho, é como o «Ladrões de Bicicletas» o deixa comentar.
Deixa-o entrar e permite que o mesmo se manifeste em total liberdade.
Caro José,
ResponderEliminarEra preferível que se ativesse ao assunto em debate. Saltitar de tabuleiro em tabuleiro é um "desporto" de quem já perdeu no primeiro. Mas não quero estar a influenciar o seu discurso.
Caro anónimo,
Essa é uma prática regular nestes fóruns. Eu acho que é sempre preferível ouvir quem discorda do que afastá-los. ÀS vezes, a forma como o fazem leva-nos, de facto, a perder a paciência. E a pugnar por decisões como a que sugere. Acho que se as pessoas expressarem ideias, devemos discuti-las. Se apenas segregam insultos e geram mais ódio, então são contraproducentes neste fórum. E devem ser impedidos de espalhar o ódio.
A ver o que dá esta "filosofia".