Quando em 2016 foram divulgados os resultados do PISA 2015, com Portugal a melhorar face a 2012 em todas as dimensões (leitura, matemática e literacia científica), a direita apressou-se a colher os louros, creditando esses avanços à maioria que governou o país entre 2011 e 2015. O próprio Nuno Crato não hesitou em auto-condecorar-se, aludindo à introdução de exames finais no 4º e 6º ano e às «novas metas curriculares», tendo Passos Coelho então sugerido ao novo ministro, Tiago Brandão Rodrigues, que refletisse sobre esses resultados «muitíssimo bons» e repensasse, por isso, «algumas das decisões já tomadas» pela maioria de esquerda na área da educação.
Sucede porém, como se demonstrou aqui, que os alunos portugueses que integraram o PISA de 2015 não foram abrangidos - dada a cronologia do seu percurso escolar, descoincidente com a introdução dessas medidas - nem pelos exames do 4º e 6º ano nem pelas «novas metas curriculares» de Nuno Crato. Ou seja, os «muitíssimo bons» resultados de 2015 poderiam dever-se a muita coisa, mas não, seguramente, ao suposto efeito positivo dessas medidas emblemáticas da PAF. Os «alunos de Crato» não tinham ainda, desse ponto de vista - e nesse ano de 2015 - passado pela avaliação de competências do PISA (Programme for International Student Assessment).
Com a divulgação dos resultados de 2018, em que Portugal piora na leitura e na literacia científica face a 2015 (mantendo o valor registado nesse ano no caso da matemática), seria tentador enveredar pela lógica retorcida e enganadora a que a direita deitou mão há três anos e atribuir a Nuno Crato a responsabilidade pela quebra nos resultados. Contudo, e sendo certo que os «alunos de Crato» estão já presentes neste exercício da OCDE (que, tal como os anteriores, aplica o questionário a alunos com 15 anos, avaliando as competências adquiridas ao longo de todo o seu percurso escolar), importa preservar a noção de que «não se pode dizer que foi esta medida ou este programa que determinaram os resultados, que são antes fruto de um efeito cumulativo de políticas que, embora por vezes de sentido contrário, têm gerado práticas orientadas para o sucesso escolar», como bem referiu o Secretário de Estado João Costa. E não esquecer também já agora, nesta linha, que foi na tal «década perdida», segundo Crato, que os avanços de Portugal no PISA foram mais significativos.
o sucesso escolar está agora garantido com a passagem até ao 9º ano
ResponderEliminarAgora que prometem saber aprender no futuro é preciso que o PISA integre o futuro nas avaliações.
ResponderEliminarDepressa estendam a vossa estratégia de facilitismo ao ensino superior para que sejamos, então, o melhor pais do mundo, com mais doutores por mm quadrado ( mas desempregados ou a exercerem as suas doutas qualidades nas caixas de supermercado , e mesmo assim ...).
ResponderEliminarDepressa que se faz tarde.
Já estou a ver os posts do Nuno Serra a rir-se do patego do Nuno Crato, que não soube "atacar" o problema... Ridículo...
Rosa Alexandra
Se ao menos o que o PISA mede fosse isso e não competências!...
ResponderEliminarRB