A América Latina é, com as revoluções mexicana (1917) e cubana (1959), a Unidade Popular chilena (1970-73) ou o sandinismo (1979), um laboratório de experiências políticas com mais impacto mundial do que se julga. A grande viragem progressista, que irrompeu com Chávez (1998) e se alastrou com os movimentos emancipadores de Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) e com as vitórias eleitorais contra as receitas do FMI (Lula, os Kirchner, Pepe Mujica), constituiu a primeira grande vaga de contestação global ao neoliberalismo que começou a devastar os direitos sociais a partir do fim dos anos 1970 (...) O regresso em força dos movimentos sociais, persistentes e corajosos como em poucos lugares do mundo, no Equador e no Chile (onde a democratização não tocou no neoliberalismo económico herdado da ditadura), o esvaziamento de Guaidó na Venezuela e o regresso do kirchnerismo dão razão a Álvaro García Linera, o vice-presidente boloviano que agora se exilou no México: “Lutar, vencer, cair. Levantarmo-nos, lutar, vencer, cair, levantarmo-nos. Até que se nos acabe a vida.”
Excertos do excelente artigo de Manuel Loff no Público. Toda uma lição: nunca se desiste, de facto. Acrescentaria apenas a importância na América Latina de uma cultura política nacionalista, de matriz anti-imperialista, à esquerda. Nacionalismos há muitos, como todos têm a obrigação de saber. Esta resiliente cultura política valoriza ainda hoje o cruzamento entre a questão nacional, a da independência política e do projecto de desenvolvimento que lhe poder dar densidade material, e a social, a do combate às desigualdades; uma consciência social nacional-popular que pode favorecer as formas mais consequentes de reconhecimento do pluralismo nacional e de internacionalismo, outra lição de um continente no seu melhor.
Independentemente da conjuntura mais ou menos favorável, esta cultura tem de facto lições a dar a certas e determinadas esquerdas europeias, as que, com maior ou menor força eleitoral, estão intelectualmente debilitadas por décadas de colonização pelo euro-liberalismo, o que levou sectores dominantes, particularmente entre a intelectualidade, a abandonar qualquer veleidade nacional-popular.
Do ponto de vista das consequências políticas nocivas deste estado de coisas, basta pensar, e este é só um exemplo nacional, entre tantos outros mais ou menos graves, como hoje em dia governantes socialistas portugueses justificam projectos extractivistas em nome da retórica de uma indústria europeia, apoiada pela Comissão Europeia. Pense-se o que se quiser na questão do lítio, mas todos temos a obrigação realista de saber que esta retórica governamental não augura mesmo nada de bom para os interesses dos que vivem e dos que querem voltar a viver neste rectângulo.
Trata-se do problema de termos uma esquerda que se imagina, a grande ilusão, no centro europeu e cujo projecto político dominante ainda é o de procurar, a grande contradição nos termos, democratizar as encarnações continentais do imperialismo, das instituições supranacionais que estão ao serviço do capital financeiro oriundo dos países do centro e que tem ramificações nos países da periferia europeia. É claro que o imperialismo é variegado. Por exemplo, o golpe de estado financeiro ainda basta deste lado quando há problemas potenciais, como se viu numa Grécia desarmada...
O que eu gostava de ouvir desses lutadores pelo progresso era a clara identificação do modelo de sociedade que buscam alcançar e do modo de o fazer.
ResponderEliminarO estarem sempre em luta não lhes dá outro crédito que não o de não estarem ociosos.
Agora que digam o que querem, que demonstrem quais os sucessos sustentados e sustentáveis que alcançam os seus heróis quando no poder , isso nunca se consegue conhecer com claridade.
Como inequívocos chulos do capitalismo, têm o meu reconhecimento, como construtores do que quer que seja, nada vejo.
Outro que queria ouvir a clara identificação
ResponderEliminarOutros tempos em que a Pide exigia a clara identificação de quem não lhes seguia as pisadas
Ah, que saudades, não é mesmo herr jose?
Mas porque não reconhecem a desigualdade dos seres?
ResponderEliminarPorque não reconhecem a "desigualdade como fundamento de uma organização social economicamente progressiva" como diz o próprio jose, no alto do seu púlpito de propagandista dos generais?
Jose berra e torna a berrar.
Uma chatice essa de não sermos ociosos. E de lutarmos contra os chulos. Cujo exemplo maior é o do Capital.
( os sucessos sustentados terão a ver com os sucessos das balls de salazar nos EUA, como dizia este pobre tipo? É um aldrabão... ainda para mais se ainda não percebeu que não queremos nem chulos,nem corruptos, nem quem viva da exploração dos demais
E se ainda não percebeu que não aceitamos nem Salazar, nem Franco, nem Pétain, nem Barrientos, seus modelos cristalizados de virtudes de fdp ... é porque tudo isto é uma fita dos diabos a ver se ganha o nobel da histrionice)
Durante os protestos na Bolívia pelo menos 23 pessoas foram mortas, 715 ficaram feridas, anuncia a Organização dos Estados Americanos (OEA).
ResponderEliminarPor cá, o silêncio é quase total...o Público fala em 4 mortos a um canto das suas notícias
Um que nem luta para usar o cérebro, ou sequer os olhos e os ouvidos, vem agora falar da luta dos outros (e não falo por mim, nem pouco mais ou menos).
ResponderEliminarÓ Zézinho, e a sustentabilidade do neoliberalismo está onde?
Isto é verdade?
ResponderEliminarBolivia. El golpista Kaliman se fue a Estados Unidos con un millón de dólares
El general golpista que le exigió la renuncia al Presidente Evo Morales, Williams Kaliman, se fue a vivir a Estados Unidos y recibió un millón de dólares de manos del encargado de negocios de la embajada yankee en Bolivia.
A solo 72 horas del golpe Williams Kaliman se fue a vivir a Estados Unidos sin que se sepa exactamente en que Estado se esconderá tras haber cobrado un millón de dólares.
Bruce Williamson, encargado de Negocios de la Embajada estadounidense en La Paz fue el responsable de dar un millón de dólares a cada jefe militar y quinientos mil de la misma moneda a cada jefe policial.
Entre el amotinamiento de los policías que permitió el caos vengativo contra los socialistas e indígenas y la inacción del Ejército se instrumentó el golpe.
Bruce Williamson los habría contactado y coordinado todo desde meses en la provincia argentina de Jujuy al amparo de su Gobernador Gerardo Morales, uno de los más afines al presidente Mauricio Macri.
Kaliman fue inmediatamente reemplazado por la Presidenta autoproclamada Janine Áñez y de esa manera junto a los otros Jefes militares se marcharon a Estados Unidos a resguardo de cualquier investigación inmediata de la comunidad local e internacional.
Bolivia. O golpe: cinco lições
ResponderEliminarA tragédia boliviana ensina com eloquência várias lições que nossos povos e as forças sociais e políticas populares devem aprender e gravar para sempre nas suas consciências. Aqui, uma breve enumeração, em andamento, e como prelúdio a um tratamento mais pormenorizado no futuro.
Primeiro, que por mais que se administre a economia de modo exemplar como fez o governo de Evo, que se garanta crescimento, redistribuição, fluxo de investimentos e que se melhorem todos os indicadores macro e microeconómicos a direita e o imperialismo jamais aceitarão um governo que não se ponha ao serviço dos seus interesses.
Segundo, há que estudar os manuais publicados por diversas agências dos EUA e dos seus porta-vozes disfarçados de académicos ou jornalistas para poder perceber a tempo os sinais da ofensiva. Esses escritos invariavelmente ressaltam a necessidade de destruir a reputação do líder popular, o que no jargão especializado se chama assassinato do personagem ("character assassination") qualificando-o de ladrão, corrupto, ditador ou ignorante. Esta é a tarefa confiada a comunicadores sociais, autoproclamados como "jornalistas independentes", que em favor do seu controle quase monopólico dos media perfuram o cérebro da população com tais difamações, acompanhadas, no caso presente, por mensagens de ódio contra os povos originários e os pobres em geral.
Terceiro, uma vez cumprido o anterior chega o momento de os dirigentes políticos e as elites económicas reclamarem "uma mudança", de por fim à "ditadura" de Evo que, como escreveu há poucos dias o inapresentável Vargas Llosa, é um "demagogo que quer eternizar-se no poder". Suponho que estará a brindar com champanhe em Madrid ao ver as imagens das hordas fascistas a saquearem, incendiarem, acorrentarem jornalistas a um poste, rasparem uma mulher presidente de municipalidade pintando-a de vermelhos e destruírem as actas da eleição passada para cumprir com o mandato de don Mario e libertar a Bolívia de um demagogo maligno. Menciono seu caso porque foi e é o porta-estandarte imoral deste ataque vil, desta felonia sem limites que crucifica lideranças populares, destrói uma democracia e instala o reinado do terror a cargo de bandos de sicários contratados para escarmentar um povo digno que teve a ousadia de querer ser livre.
Quarto: entram em cena as "forças de segurança". Neste caso estamos a falar de instituições controladas por numerosas agências, militares e civis, do governo dos Estados Unidos. Estas treinam-nas, armam-nas, fazem exercícios conjuntos e educam-nas politicamente. Tive ocasião de comprová-lo quando, por convite de Evo, inaugurei um curso sobre "Anti-imperialismo" para oficiais superiores das três armas. Nessa oportunidade fiquei alarmado pelo grau de penetração das mais reaccionárias palavras de ordem norte-americanas herdadas da época da Guerra fria e pela não dissimulada irritação causada pelo facto de um indígena ser presidente do país. O que fizeram essas "forças de segurança" foi retirar-se da cena e deixar o campo livre para a actuação descontrolada das hordas fascistas – como as que actuaram na Ucrânia, na Líbia, no Iraque, na Síria para derrubar, ou tentar fazê-lo neste último caso, líderes incómodos para o império – e desse modo intimidar a população, a militância e as próprias figuras do governo. Ou seja, uma nova figura sócio-política: golpismo militar "por omissão", deixando que os bandos reaccionários, recrutados e financiados pela direita, imponham sua lei. Uma vez que reina o terror e perante a vulnerabilidade do governo o desenlace era inevitável.
ResponderEliminarQuinto, jamais a segurança e a ordem pública na Bolívia deveriam ter sido confiadas a instituições como a polícia e o exército, colonizadas pelo imperialismo e seus lacaios da direita autóctone. Quando se lançou a ofensiva contra Evo optou-se por uma política de apaziguamento e de não responder às provocações dos fascistas. Isto serviu para encorajá-los e aumentar a aposta: primeiro, exigir eleições; depois, fraude e novas eleições; a seguir, eleições mas sem Evo (como no Brasil, sem Lula); mais tarde, renúncia de Evo; finalmente, perante sua relutância em aceitar a chantagem, semear o terror com a cumplicidade de polícias e militares e forçar Evo a renunciar. É de manual, tudo de manual. Aprenderemos estas lições?
Atilio Boron
O ego esquerdalho, à falta do que em si lhes valha, satisfaz-se a demonizar quem se lhes oponha!
ResponderEliminarFalem dos vosso sucessos, dos sucessos dos vossos heróis sul-americanos e de outras partes.
Até que enfim alguém utiliza os termos certos para o que se passou na Grécia, sim, foi um golpe de estado o que lá se passou, apoiado pela maioria dos "democratas" deste velho continente.
ResponderEliminarParece que jose agora faz copy paste de comentários seus.
ResponderEliminarA ociosidade dá o que dá e a mediocridade não dá para mais. Ainda me lembro deste sujeito a lastimar-se por lhe demonizarem o sacana sem lei do Salazar
Questões de memória que justificam o rancor de jose por esta e os seus apelos ao "esquecimento" e branqueamento dos criminosos e dos seus crimes
Sim falamos nos sucessos de Evo Morales. E nos crimes de Pinochet e dos boys de Chicago. Agora e sempre
E denunciamos a trampa de bolsonaro e de barrientos, aquele que jose defendeu pelo metralhar de homens,mulheres ( até grávidas) e crianças
«En lugar de pacificación, ordenan difamación y represión contra hermanos del campo que denuncian el golpe de Estado. Después masacrar a 24 indígenas, ahora preparan un Estado de Sitio. Sería la confirmación de que pidiendo democracia instalaron una dictadura», destacó en su cuenta de Twitter el presidente depuesto Evo Morales.
ResponderEliminarPorque será que a "nacional-esquerda" não diz e não faz "qualquer coisa de esquerda"? Será que é apenas engano?
ResponderEliminarA Bolívia é o paraíso dos esquerdalhos; não tem cidadãos, tem indígenas (coitadinhos) e colonizadores(presume-se).
ResponderEliminarSó falta apelar ao serviço especializados da ONU!
PS: Cá não se pode falar em ciganos. mas indígenas é tão comovente que não pode dispensar-se, os chapeuzinhos, as tranças...
Operativo militar en la planta de hidrocarburos boliviana de Senkata deja al menos seis muertos
ResponderEliminarPena a Bolívia não ser em Hong Kong. Tínhamos direito a algo mais do que o silêncio nos media
Há qualquer coisa de repugnante e de néscio nessa espécie de bolsar dum tipo de nickname jose
ResponderEliminarMostra a pesporrencia típica de um patronato medíocre e caceteiro
Mostra o racismo nojento de um tipo que espera o dia para cumprir o seu rancor acumulado desde Abril.
Mostra a insensibilidade típica de um amante de Salazar que manifestou aquela cumplicidade com os massacres de Barrientos
Mostra do que ê feita uma determinada classe de ... com um ódio larvar e profundo a tudo o que não partilhe da subserviência abjecta aos senhores do mundo
Mostra uma conivência com o crime e com os criminosos. Euma conivência tão ternurenta como canalha com os fdp à frente do golpe de estado
Tão ternurenta como aquela que dedica às bolas de Salazar e aos pides agraciados por Cavaco?
Ass: JE
Os caçadores de IPs de hoje seriam os verdugos de amanhã, e seguramente o fariam a cantar loas
ResponderEliminaraos amanhãs cantantes.
Quando os vejo dados a ternurices...
Os caçadores de aldrabões e de coniventes com crimes são uma praga para esses mesmos cúmplices e desonestos personagens
ResponderEliminarO que resta a quem se sente assim denunciado senão fingir-se de lucas , esconder as balls de Salazar no armário, colocar os pides do seu agrado debaixo do tapete e definitivamente ocultar as suas cumplicidades e conivências?
Sob o disfarce de ternurices manhosas e de apartes tão idiotas como cobardes